NA CAMA
Tita
24.09.10
Devo começar por dizer que o texto em face do título é uma completa desilusão. Isto para quem eventualmente alimente expectativas de uma certa ordem. Na cama... Pois na cama a escrever. Estou na cama e preciso de escrever. Preciso das duas coisas. De escrever e de estar na cama. Dois pedidos do corpo. A cabeça pertence ao corpo. Escrevo a pedido da cabeça. Estou na cama a requerimento das pernas que me doem. Sim. As pernas também fazem parte do corpo. Mas isso é mais obvio do que a cabeça. Por outro lado, a Alexandra Lencastre não é chamada aqui para o caso.
Por vezes até parece que não. Que a minha cabeça não pertence ao meu corpo. Como se fosse aqui uma coisa emprestada. De vez em quando, a minha cabeça está para o meu corpo como os fatos que o Rui Santos veste estão para o Rui Santos. Coisas que têm todo o ar de não serem nossas, embora sejam. A propósito do Rui Santos (sim, aquele homem pequenino que fala de futebol na SIC), sou forçada a fazer aqui um pequenino à parte. Pequenino homem, pequenino comentário. Há aqui uma certa harmonia. Muito contra a minha vontade. Sim, claro. Mas já tinha dito. Pois se sou forçada...
O Rui Santos afirmou que já havia alguma contestação no seio dos adeptos do Benfica, e mesmo dentro do próprio clube, contra Jesus. De tão convicto que estava até lançou uma pergunta sobre o tema. Naturalmente dirigida aos adeptos dos clubes rivais mais directos. Gente que adoraria que assim fosse. Não sei o resultado do... inquérito (?). Nem interessa. Porque é mentira. E todas as resposta dadas pelos inquiridos em contrário são apenas isso. Respostas totalmente desprovidas de qualquer valor aproveitável. Porque, repito, toda a gente sabe que é mentira. A começar pelo próprio Rui Santos. No entanto, era importante lançar a semente. As porteiras e as mulheres a dias mal comportadas também têm este tipo de espírito intriguista. Têm sementes destas. O que se percebe porque as suas actividades serão pouco estimulantes. Ao que acresce que ainda lhes sobre tempo para verem os programas do Goucha, da Fátima Lopes, bem como os demais que passam na televisão a horas em que pessoas com algum sentido crítico não podem estar em casa. E as que podem, certamente não podem ver tais programas por imposição própria. Excluo a mulheres a dias e as porteiras com classe e de elevado nível moral. Sim, existem.
Pronto, agora que chamei venenoso ao Rui Santos, posso mudar de assunto e esquecê-lo. A ele e ao futebol. Mas não sem antes deixar uns sublinhados. Só gosto de futebol porque o Benfica existe. No mais, contestações a Jesus são muito naturais. Basta ler a Bíblia. No entanto, actualmente Jesus está em graça. E a ser crucificado, será, como se sabe, pelos outros. Vem na Bíblia, pois.
Agora sinto-me bastante melhor. Agora que já escrevi um incontável número de palavras. Antes de começar estava estranha. Agora estou muito melhor, repito. Repito, digo e acrescento. Só para ganhar tempo para escrever o que vem a seguir. Coisa de que não faço a mínima ideia. Mas... ora, já está. Chegou enquanto dizia que não sabia. Vou já dizer, então.
Li um texto, uma coluna, uma crónica, ou lá como se chama aquilo, escrito (a) pelo Fernando Alvim sobre relações tipo part-time ou time charing. Não me lembro da metáfora. Por ser má. E era má por ser muito pouco rigorosa. Penso que era este o seu pior defeito. Uma metáfora pouco rigorosa destrói completamente um texto. Isto é tão óbvio que nem é preciso ser escritor para saber do caso. Na verdade, por causa da metáfora o sentido do escrito perdeu o sentido. De tão enredado que ficou em contradições técnicas. Eu diria que quem sabe pouco ou nada de direitos reais e de obrigações deve ser realista e obrigar-se a não entrar por esses caminhos. Realmente não há nada pior do que armar ao estilo. O melhor é desejar sempre não ter estilo nenhum. Pode ser que sem querer sempre se tenha algum. Em conclusão, o estilo é um facto involuntário.
Mas vamos ao conteúdo. Do Fernando Alvim? Não. Da crónica, ou do artigo, ou do apontamento, ou lá do que era aquilo. Foi publicado. Começo pelo facto mais dramático de todos. Foi publicado! Embora o Fernando Alvim seja muito simpático. Por isto e por alguns talentos que tem, o drama é maior. O da publicação.
Mas vamos lá ao conteúdo. Em resumo era o seguinte: há pessoas que não querem assumir relações e vão estando umas com as outras porque precisam de sexo e companhia até encontrarem a pessoa certa. Voltando às porteiras e às mulheres a dias mal comportadas, estas não poderiam ter uma ideia melhor no que respeita à superficialidade e ao espírito bisbilhoteiro. Sobre a novidade, onde está a novidade? Sobre a profundidade, onde está a profundidade? Sobre a criatividade, onde está a criatividade? Creio que o enredo de uma letra de uma musica pimba não consegue ficar atrás de uma ideia destas. E pronto. O texto do Fernando Alvim podia muito bem ser musicado pelo Emanuel. Porque tudo se resume ao "Nós Pimba". Salva-se o light. Mas só porque não engorda.
E pronto. Fartei-me aqui de dizer mal de uma coisa escrita pelo Fernando Alvim. Não tem mal nenhum dizer mal das coisas e das coisas que as pessoas fazem se são suficientemente más para isso. Mas peço desculpa ao Fernando Alvim. Nem sequer o conheço. Não tenho nada contra ele. O azar foi ter lido aquilo. O meu azar. Não gostei. O desgosto é meu, pois. Quanto ao Fernando Alvim, sai perfeitamente ileso disto tudo. Porque isto tudo não passa de um blog de escrever o que apetece porque apetece. É um evento sem poderes. para meu alívio. Não gosto de chatear as pessoas. Assim, estou muito descansada. O Fernando Alvim nunca vai saber que eu disse estas coisas dele. Bem, e não se vá pensar que me julgo melhor na escrita. Do que ele. Não. Sobre isso não tenho opinião própria. Na verdade, a julgar-me melhor em alguma coisa, só pode ser na leitura. Falo de uma coisa que li.
Ha relações que não estão seladas pelo compromisso para a vida. Há relações que não estão cheias de imposições oriundas das ilusórias profundezas das ilusões tão à flor da pele dos apaixonados. Há relações que num esforço voluntário para o bem não impõem nada. Há relações que são humildes. Que compreendem que uma casa é construída tijolo por tijolo. Um de cada vez. Há relações que não são casas prontas a habitar. Porque não há casas prontas a habitar que não tenham sido construídas segundo o processo da pedra sobre pedra ditado pela engenharia. Um processo aturado, delicado e demorado. Há relações que não são como a maioria daquelas casas feitas à pressa com materias de segunda qualidade, mas que brilham. Estas relações de casas assim vão-se enchendo de fissuras nas paredes de peladur, buracos no tecto e problemas nas diversas instalações. Há relações em que cada movimento de aproximação corresponde à colocação de um tijolo. Há pessoas que têm a lucidez e a coragem de construir estas relações suportando pacientemente o tempo que custa a passar porque a carência, a insegurança e o medo pedem mais do que ainda não pode haver. Estas pessoas podem encontrar-se um dia de mãos dadas dentro de uma casa muito mais sólida do que as sólidas Twin Towers do famigerado WTC. Eu acredito nisto. Parece que o Fernando Alvim nem pensou no caso. Quem está out of the blue? Eu ou ele?