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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

OS VERDADEIROS AMIGOS NÃO SE ESCOLHEM


Tita

30.04.17

 

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Não concordo com a ideia de que os (verdadeiros) amigos se escolhem. Antes, acredito que certas (poucas) pessoas nos aparecem na vida e que o afeto acontece e tem condições de se aprofundar. Nestas circunstâncias, a pessoa passa para dentro de nós e, em princípio, salvo grave rotura, é para a vida. E é por isso que os nossos grandes amigos não têm que ser as pessoas com as melhores qualidades. Têm que ter certas qualidades. As certas para nos conquistarem ab initio. Aquelas que se encaixam perfeitamente em determinados aspetos importantes da nossa forma de sentir e pensar. Depois podem ser vaidosos, egocêntricos e até muitas vezes frívolos. Com efeito, é certo que os nossos melhores amigos por tantas ocasiões nos contrariam, irritam, cansam ou desiludem. E é por isso que às vezes não nos apetece estar com eles. Mas isso passa. Passa sempre. Pelo menos comigo, é assim. Enfim, “para os amigos tudo, para os outros a lei”.

 

O ETERNO FEMININO


Tita

28.04.17

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Vou contar uma pequena estória que serve apenas para dizer o seguinte: há recalcamentos que nos tomam porque em estado infantil não compreendemos a frustração que se apodera de grande parte dos adultos e que, por consequência, marca negativamente as relações sociais dos vários tipos.

 

Quando era pequena cometi, entre muitas, duas pequeninas asneiras que gostaria agora de salientar. A primeira foi atirar com uma lata de lama para cima do vestido imaculadamente branco de uma menina que estava para ali ao pé de mim. A segunda foi ter levado uns bonecos em PVC dos desenhos animados de aventuras da casa de outra menina para a minha.

 

É de salientar que ambas as meninas não gostavam de andar de calças ou de calções e que tinham como preferência para as brincadeiras os tachos e as panelas em miniatura, bem como as bonecas.

 

Ora, começando pelas bonecas, estas, dada a rigidez, sempre me pareceram representações de pessoas acabadas de morrer (e que, portanto, ainda têm cores no rosto e nas vestes), sendo certo que os tachos e as panelas pequeninos em plástico apareciam-me também como verdadeiras inutilidades porque, afinal, nem sequer dava para estrelar um ovo a sério.

 

O que eu gostava realmente era de jogar à bola e subir árvores, entre outras atividades similares. E, na televisão, fixava-me em reproduções onde estivesse presente a aventura, o humor ou a pancadaria (v.g. os looney tunes).

 

A verdade é que, à vez, de acordo com o tempo de cada acontecimento, as mães das meninas “minhas“ vítimas, foram falar com a minha mãe, para, pensei eu, vitimizar ainda mais as ditas. Usaram, pois, discursos semihistéricos, cujo objetivo principal parecia ser, na verdade, diabolizar-me. Com efeito, quer uma quer outra aproveitaram os pretextos que as levaram ali para criticar quase tudo o que eu fazia.

 

O facto é que a minha mãe adotou uma atitude complacente perante estas mulheres, maneando a cabeça em sinal de assentimento ao que elas iam dizendo, procurando assim evitar conflitos inúteis. E tudo porque a mãe bem sabia que as críticas iam direitinhas para ela. Porque, enfim, a culpa é sempre da mãe.

 

O que realmente lhe estavam a dizer aquelas duas, percebo eu hoje, é que as mulheres, especialmente as mães, não deviam trabalhar fora de casa porque o seu papel na sociedade se esgota nas atenções da mais diversas espécies que têm que votar aos maridos e aos filhos. Uma mulher trabalhadora é uma mãe desleixada. Ponto final.

 

Estiveram, portanto, a chamar desleixada à minha mãe através de mim. No entanto, quando cada mulher saiu no seu dia de lá entrar, das duas vezes, a mãe fechou a porta e sorriu-me imediatamente. E, no que toca aos bonecos, disse-me ainda que eram muito giros, pelo que me compreendia.

 

REGRESSO DAS FÉRIAS


Tita

26.04.17

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Quando fui de férias, há duas semanas, estava um bocadinho ansiosa porque demasiado importada com questões laterais relacionadas com o trabalho. Como disse noutro post, não é o trabalho em si que me cansa. Para dizer a verdade, até gosto de refletir nas questões sobre as quais incidem os meus pareceres, uma vez que trabalho na área da Saúde. Vem a propósito referir que um médico confessou-me mais ou menos a mesma coisa. Disse que adorava prestar cuidados aos seus pacientes e que detestava tudo o resto. O resto é que o derrotava. O sistema.

 

Pois então estou de volta das férias e de regresso ao sistema. Mas já não estou ansiosa. As férias incidiram-me sobre os nervos, aquietando-os. O que estou é um pouco emperrada. De cabeça. Queria ainda estar a respirar as montanhas, afinal. É uma contrariedade mudar assim de paisagem (e de contexto). E de banda sonora (designadamente o barulho da cidade).

 

Poderá parecer que não, mas a propósito do que acabei de expor, importa admitir que os meus níveis de ansiedade sobem quando não domino os contextos onde me movimento. Não por acaso, quando ando de avião e a cada início de viagem, entrego sempre a alma ao Criador, aceitando que se passe tudo como Ele quiser mas desejando ardentemente que Ele não queira que o avião caia. E porque vou nesse ardente desejo, fico ansiosa. E como fico ansiosa, tomo umas pastilhas. E como tomo umas pastilhas, passo a viagem a dormir. O que é uma bênção.

 

Sou, portanto, uma controladora. Assim, especializo-me nos assuntos cujos respetivos contextos me envolvem. E não descanso enquanto não estou especializada. O mesmo é dizer, enquanto não sou profunda conhecedora de todos os meandros e respetivos procedimentos das coisas. Claro que não posso ir agora aprender a pilotar aviões e comprar um jato só para mim. É por isso que, como referi, tenho que deixar tudo na mão de Deus no que aos aviões diz respeito. E quem diz aviões, diz tudo o mais que ainda me escapa. Assim, no fundo, é a necessidade de controlo e o facto de existirem coisas que não são suscetíveis de ser controladas que faz de mim uma mulher de fé.

 

HOJE PODEMOS FALAR


Tita

25.04.17

 

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Andava eu no 10.º ano quando a professora de Filosofia nos informou que uma das grandes reações logo após a Revolução do 25 de abril foi a corrida aos cinemas onde eram exibidos filmes pornográficos. Com efeito, segundo a senhora, viam-se filas intermináveis na zona da Avenida da Liberdade junto ao hoje desativado Cinema Olympia. Também havia muitos senhores a vender na rua revistas pornográficas (que até as crianças podiam comprar) e a prostituição entrou em alta, espalhando-se sobretudo pela zona da Baixa. Portanto, com a liberdade política surgiu imediatamente a democratização sexual (masculina), uma vez que, antes, a pornografia e a prostituição estariam apenas ao alcance de algumas bolsas, segundo a mesma fonte.

 

Até aqui nada de novo, pensei na altura. A “liberdade sexual” dos homens era total e apreciada na ditadura. Só não era democrática, como referi. No mais, por décadas mantiveram-se as desigualdades quanto ao género, as quais teimam em perdurar. De facto, na escola onde eu andava, as meninas não eram muito bem vistas se faziam sexo, sendo certo que os meninos continuavam a ser uns heróis em função das mesmas práticas.

 

Não obstante os importantes factos que antecedem, hoje não quero ir por aí. Hoje só me apetece sublinhar que o que mais importa do discurso da minha professora de Filosofia é o facto de ela o ter podido proferir. Contar uma estória da história aos seus alunos e alunas.

 

Embora não saiba sentir o que isso é, acredito que o que mais mal fazia à alma das pessoas subjugadas pela ditadura era não poderem falar sem medo. Na verdade, não sei o que significa falar com medo. Desconfiar de um e de todos. Construir muros de solidão individual com reflexos profundos no tecido social. Obliterar o amor e a solidariedade entre os homens e mulheres deste país. Não. De facto não sei como não se falava na ditadura.

 

UM PROFUNDO DESPREZO


Tita

24.04.17

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Sinto um desprezo profundo por aquelas pessoas que não sabem, não querem ou não podem respeitar as relações dos outros. É um tipo de gente de quem eu quero distância. Não trato mal nem bem. Não trato. Ignoro.

 

Houve um período em que atravessei um mau período. Foi quando a minha mãe morreu. Assim, estive uns tempos em que não dei muito à minha pessoa. Limitava-me a estar presente. Mas calada porque triste. Fazia pouco. Inclusivamente fazia pouco amor.

 

Sei que apareceu alguém na internet que se interessou pela minha pessoa. Coisa que considero muito natural. Porque, evidentemente, não lhe desconheço as qualidades. Sobretudo uma sensibilidade e inteligência superiores (entre outras mas que só nós é que sabemos).

 

Basicamente o que aquele alguém dizia é que um dia eu iria ficar boa mas que o nosso momento já tinha passado. Um dia eu ia acordar, voltar-me de novo para a vida e procurar outro caminho.

 

Ora, na verdade, no que diz respeito ao que sinto, nunca estive desacordada. Aliás, foi isso que me manteve de pé durante o referido período de sofrimento profundo. Mais, depois de tudo, ainda amo mais.

 

Com efeito, as pessoas que querem meter-se nas relações dos outros falam sempre e sem exceção daquilo que não sabem. E, por isso, invariavelmente, enganam-se, vivenciado equívocos de asno.

 

UM AMOR NA VIDA


Tita

20.04.17

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Desde pequena que tenho para mim que só existe um amor na vida. Aquela pessoa que um dia conhecemos e que ficará connosco para sempre. Não obstante, já me apaixonei muitas vezes e não foi assim. Porém, das vezes que me apaixonei desejei sinceramente que fosse daquela vez. Por isso tive até casos que prolonguei para lá do razoável só por causa desta ideia da eternidade do amor que, como disse, sempre me acompanhou.

 

É claro que isto é um erro. Isto de nos mantermos em relações que estão moribundas porque todos os interesses já se esgotaram. Nestes casos temos pena. Pena de ver ruir um projeto. Resta-nos guardar o que demos e recebemos, o que aprendemos, o que evoluímos e seguir em frente. Seguir em frente é sair. Infelizmente.

 

Então, como que por magia, há um dia em que aparece alguém. Que começa a falar. E diz as frases e faz os gestos certos. Como se nos conhecesse de toda a vida, bem sabendo, não se sabe como, o que na vida para nós conta. E é nesse dia que percebemos que nos encontrámos em graça com o destino.

 

NÃO GOSTO DE TRABALHAR


Tita

13.04.17

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A propósito de trabalho, e só para concretizar o post anterior, devo esclarecer que pessoalmente detesto trabalhar. Já expliquei que não é pelo objeto do trabalho em si mas pelas atitudes das pessoas de trabalho e por causa (menos) das burocracias. Claro que, para além disto, o horário matinal também não se conjuga muito bem com a minha maneira de ser. Já o disse, gosto de liberdade. E o ter que acordar é penoso. Aliás, “ter que alguma coisa” é uma frase cuja concretização prática literalmente me magoa. Na verdade, o que eu queria era estar a fazer pareceres a seguir à meia-noite. E acordar no dia seguinte ao meio-dia com o trabalho todo arrumado. Depois era andar o dia todo a fazer o que me apetecesse. Nem que fosse só estar no sofá a ver televisão ou no computador a escrever quaisquer disparates. Claro que também podia ir até à praia ou apenas a uma esplanada, que faz bom tempo.

 

O AMOR E O TRABALHO


Tita

13.04.17

 
 
 
 
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A importância do amor é que nos dá paz (prazer, compreensão, companheirismo e troca de ideias) e, por consequência, cabeça limpa. E nisto, nesta simplicidade, consiste a felicidade. Paz e cabeça limpa. É por isto que não precisamos do amor para viver mas necessitamos dele para viver melhor. Quando o amor não anda bem, o resto infeta-se realmente, sendo que o inverso não será verdadeiro se houver sabedoria. Por exemplo, se tiver uma discussão importante em casa, vou para o trabalho e o trabalho é uma tortura por causa da dor e da confusão mental que se instalaram devido à dor. Se, em sentido inverso, me acontecer uma chatice no trabalho, vou para casa e as coisas ficam relativizadas. Não que os problemas não subsistam. A questão é que, bem vistas as coisas, não são tão importantes assim. A sabedoria está, pois, em não ir implicar com a pessoa amada por causa das contrariedades do dia-a-dia que nos vão afrontando.

 

FALAR EM PÚBLICO


Tita

12.04.17

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Embora no fim as coisas acabem em bem, o certo é que tenho medo de falar em público. Seja para grandes ou pequenas audiências ou, mesmo, para um pequeno grupo. Este medo funda-se no receio de bloquear, de não conseguir captar as atenções e de não ter a imagem adequada ao momento.

 

Começo por aquele último aspeto para referir que sempre tive problemas com a imagem. Nunca sei se estou bem. Não é que me ache feia ou mal vestida. Não é isso. O que não percebo é se estou adequada. Já por isso sou bastante discreta a vestir. De qualquer forma, mesmo sendo discreta, penso sempre que posso não estar à altura dos acontecimentos. Isto deve ter a ver com as cenas da infância. Pois lá estou eu com as cenas da infância. Mas é assim. Na infância eu gostava de me vestir da maneira mais prática possível que era para me sujar logo que pudesse. Era uma questão de me sentir livre. De toda a maneira, o que sei é que aparecia às pessoas nas piores figuras. Por exemplo, no colégio, onde as batas eram brancas, a minha andava sempre suja. Porque, lá está, não me privava de fazer nada quanto às brincadeiras e também às pinturas com canetas e guaches. As professoras, umas histéricas, não deixavam de dizer que a minha bata era uma vergonha.

 

Relativamente aos outros dois pontos, creio que se trata de medos que afetam toda a gente. Embora mais uns que outros. Pessoalmente sou bastante afetada pelos referidos. Estive a pensar na razão pela qual isto sucede. E só tenho uma resposta: vaidade. Se eu pensasse mais no conteúdo das coisas e menos naquilo que os outros poderão pensar de mim… Ou seja, se eu realmente valorizasse a mensagem que tenho a transmitir, que é nisso que as pessoas estão interessadas, ao invés de me projetar pessoalmente na preleção, creio que não teria razões para estar a escrever este post.

 

A IMPORTÂNCIA DE CHORAR


Tita

11.04.17

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Lembro-me de, certo dia, estar à espera da minha sessão de terapia e de ouvir uns gemidos pungentes vindos de um dos gabinetes. Quando chegou a minha vez de entrar para a consulta, perguntei, já lá dentro, se era dali que vinha aquela gritaria. Não. Não era dali. Mas, afinal, qual era o problema de uma pessoa estar a gritar desesperada dentro do gabinete de um psicoterapeuta? Lancei-lhe um olhar irónico. Entretanto, olhei para a mesinha de apoio próxima de mim. Estava lá um pacote de lenços aberto. Perguntei a que propósito. Foi-me dito que estavam ali para o caso de me acontecer chorar. Expliquei imediatamente que não era necessário. Muito dificilmente choraria. E também que achava ridículo estar a chorar para um lenço. Ele retirou os lenços para fora do meu campo de visão. Guardou-os numa escrivaninha. Fiquei mais contente. Não que não tivesse acabado por chorar duas ou três vezes. Pouco. De qualquer forma, nunca usei os lenços, como previra.

 

Em sentido contrário ao meu, existem aquelas pessoas que choram. Choram ao pé dos outros. Sejam ou não pessoas próximas. Choram como quem argumenta. Ou melhor, choram para fazer passar os seus pontos de vista ou para se justificarem alguma atitude menos boa que tiveram. Choram para a captar a simpatia de todas as suas vítimas. Choram para se enquadrar melhor nos contextos. Choram para se eximir de responsabilidades. Choram para fingir que gostam de alguém – de quem as vê chorar. Estas pessoas convencem os outros da pureza dos seus sentimentos e da sua bondade extrema que as torna frágeis. E é esta fragilidade que faz com que os outros baixem as suas defesas e se deixem designadamente usar. Já me aconteceu.

 

Mas, como revelei, eu não choro. Por muito que sofra. Além de que, como defesa, costumo sorrir em canários desagradáveis. Assim sendo, não me costuma acontecer captar as simpatias ou a compreensão das outras pessoas para as minhas causas. Em geral, pensa-se que eu aguento bastante bem o que de mau me suceda. O que também não é totalmente mentira. De qualquer forma, fazia-me bem chorar qualquer coisinha.

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