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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

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BRINQUEDOS


Tita

20.12.10

 

 

Sobre brinquedos. É importante para as crianças receber brinquedos?

 

A memória infantil tem um ponto de inicio. Antes disso, qualquer coisa das coisas que se passam não afecta conscientemente a pessoa pequena. Claro que as implicações interiores de factos marcantes são registadas e guardadas no cérebro. Tudo fica guardado no plano do inconsciente, pelo que é impossível lembrar. Então quando foi o momento em que recebemos o nosso primeiro brinquedo?

 

Não, antes disso, o que é o primeiro brinquedo ou, melhor ainda, o que é um brinquedo. Dependendo da idade a resposta pode ser diferente. Lembro-me de ver bebés ainda na fase do berço a estranharem vigorosamente rocas e peluches muito lindos comprados nas boas lojas da especialidade. Mostrar indiferença também é um modo de estranhar vigorosamente, esclareço. Vi-os muito mais interessados, logo distraídos, com objectos de uso particular da vida dos adultos. Chinelos grandes. Tampas de tachos. Livros só com letras. E nem me lembro mais do quê. Creio que eram brinquedos para eles. Notei ainda que, passada tal fase, o interesse continuava a ser maior nas outras coisas em deferimento dos brinquedos. Concluo assim que os instrumentos de uso normal na vida são brinquedos infantis na concepção e nos gostos das crianças muito pequenas.

 

O conceito de brinquedo é imprimido no espírito das pequenas pessoas a partir do exterior. "Toma querido, isto é para ti. Para tu brincares. Não, não. A Ficha tripla não (fora da ficha). O telemóvel não. As meias do pai não". Insiste-se nisto. Até que as crianças percebem o que é um brinquedo.

 

Depois, no colégio, em interacção afectiva-afirmativa primária comparam os seus brinquedos com os das outras crianças. Acabam por querer mais brinquedos. Maior diversidade também. Ainda mais sofisticados. E em retrospectiva são capazes de se lembrar de qual foi o seu primeiro brinquedo. Que retroactivamente assume a importância do primeiro amor. Assim a professora ou algum adulto lhes pergunte qual foi. A pergunta tem em si esta carga. A criança percebe logo. Talvez nunca mais esqueça qual foi o seu primeiro brinquedo da idade pós-amnésica. Eventualmente, vai buscá-lo ao sítio onde a mãe o guardou, se foi o caso, e leva-o para os seus domínios infantis. Tenho amigas que hoje ainda são capazes de exibir a sua primeira boneca. Tudo depende da mãe a ter guardado no momento certo e até ao momento certo.

 

Concluo que os brinquedos, no sentido clássico do conceito, são uma ficção. As psp portáteis e os nintendos não são brinquedos. A prova está no delírio dos adultos quando se metem a jogar com aquilo. Não há-de ser porque são uns infantilóides. Um brinquedo é um objecto  cujas características permitem às crianças momentos de abstracção feliz em face do real. E também aos adultos. Portanto, toda a gente precisa de brinquedos.

 

Por fim, não, não me lembro do meu primeiro brinquedo. E creio que isto é muito natural em face das circunstâncias pessoais do meu momento de vida infantil.

 

2 comentários

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    Tita 20.12.2010

    Eu sei. Mas é mesmo assim que eu quero. De qualquer forma obrigada. :)
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