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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

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CARAÇAS, AMY WINEHOUSE NÃO RECUPEROU!


Tita

24.07.11

 

Caraças, não recuperou! Amy Winehouse. Morreu (http://www.publico.pt/Cultura/uma-vida-de-tropecoes-ate-a-queda-final_1504518). A vida não é definitivamente como Hollywood nos quer fazer crer. É jovem. Tem um talento incomparável. E tanto ainda para dar. Está na mó de baixo. Luta com problemas gravíssimos. Drogas duras e álcool. Uma imensa montanha para escalar. Por pouco não morre. Mas at the end, in extremis, escapa. E vai fazer dezenas de discos maravilhosos. Como o Back to Black que contém o fantástico Rehab escrito por ela. Parece que a letra é autobiográfica. Perante os factos ninguém duvida. At the end não escapou. Um dia ainda dou por mim a frequentar o King, o Nimas e a Cinemateca. Só.

 

Antes de mais, é capaz de ser justo dizer que Winehouse é o nome artístico de uma arrogante que por isso o terá escolhido. Imagino. Apesar de ser o nome de família. Bem entendido. Porque, na verdade, ela decide: “I’m gonna lose my babe/ So I always keep a bottle near”. Rehab é autobiográfico. Pois. Por isso dificilmente conseguimos afastar a ideia de uma morte inconscientemente anunciada pela própria logo a abrir o êxito. Aparentemente, Amy Winehouse acreditava que estava acima do vício. O erro classico do toxicodependente que não voltará. Veja-se:

 

They tried to make me go to rehab/But I said 'no, no, no'/Yes, I've been black, but when I come back/You'll know-know-know/I ain't got the time/And if my daddy thinks I'm fine/He's triedto make me go to rehab/But I won't go-go-go/I'd rather be at home with Ray/I ain't got seventy days/'Cause there's nothing/There's nothing you can teach me/That I can't learn from Mr. Hathaway/I didn't get a lot in class/But I know it don't come in a shot glass/The man said "why do you think you're here?"/I said "I got no idea./I'm gonna, I'm gonna lose my baby,/So I always keep a bottle near."/He said "I just think you're depressed,/Kiss me here, baby, and go rest."/I don't ever want to drink again/I just, ooh, I just need a friend/I'm not going to spend ten weeks/And have everyone think I'm on the mend/It's not just my pride/It's just 'til these tears have dried.

 

De facto, a vida não corre como um argumento do cinema americano de grande audiência. Assim, as coisas nem sempre acabam bem. Isto deixa uma pessoa indignada. A esperança vendida por Hollywood é um logro. Eu não queria. Pensei que apesar da estúpida declaração de intenções que escreveu (“pró rehab é que eu não vou”), não podendo, Amy podia mudar de ideias. Sou infantil e acho que ela não tinha o direito de nos fazer isto. Que era obrigada. Como se dependesse dela. Como se fosse obrigada a ter a força necessária. Quem tem um dom é especial. E não é só para cantar e compor.Tem de ser para tudo.

 

Sinto a baba a escorregar pelo canto da boca por causa da chupeta que não largo. Vou pensando que as pessoas que têm em si muito para dar aos outros deviam estar impedidas de morrer. Pelo menos não antes de darem tudo o que tinham para dar. Podia ser Deus a instituir esta proibição. Sim. Isto parece uma espécie de nazismo do kindergarden. Não sei. Sei que as crianças tendem a nutrir este tipo de sentimentos.

 

Em Outubro do ano passado escrevi sobre a soul music e o R&B, o campo de Winehouse. Dizia então o seguinte: “Entre ontem e hoje, ouvi cada música dos 5 cds [de uma coletânea chamda Soul Train]. Em conclusão, nunca mais perco esta minha mania de recorrentemente recorrer ao autoflagelo... Tantos rugidos a cheirar a álcool e metais revoltados a abrir, destruiram quase irremediavelmente o meu sistema nervoso. Acrescento ainda que o melhor que a Tina Turner fez na vida foi separar-se do Ike. Portanto, ainda bem que o homem lhe batia. Para a motivar a dar o passo decisivo, quero dizer.” (http://ogatogaga.blogs.sapo.pt/52306.html). Mas antes disso, noutro post, dizia que “Ela [Amy Winehouse] é mesmo talentosa. O disco dela é verdadeiramente genial. Os prémios que ganhou foram efectivamente merecidos. Compro o próximo, se ela não morrer antes de o fazer. Vê-la ao vivo está fora de questão porque ninguém pode garantir que ela apareça ou, aparecendo, que faça o que lhe compete. Fazer o que lhe compete, passa, em primeira linha, por não deprimir e assustar as pessoas.”  Acrescentei ainda: “E estou preocupada com ela. E REAB é uma boa ideia. Desde o inicio que se viu logo que era.” (http://ogatogaga.blogs.sapo.pt/26520.html).

 

A primeira vez que ouvi a música estava distraída a conduzir. Rehab. “Olha, este soul esgalhado não é esgalhado do género cacofónico. Acho que vou abrir uma excepção. Dado que a cabeça não me dói. Tiraram o ruído lateral. Assim sabe bem. Sabe ótimo.” Depois  pensei melhor. “Tiraram o ruído lateral? No no no. Não tiraram nada. A música é de agora. Mas… é de agora ou é uma versão actual de uma antiga que eu nunca tinha ouvido? Bem… é excelente. E esta voz… é um tipo, certo? Um tipo negro. Extraordinária voz. Perfeitamente integrada na música produzida pela feliz conjugação do som de todos os instrumentos utilizados.”.

 

Mais tarde venho a saber que se tratava de um original criado e interpretado por uma rapariga inglesa. Ia com uma namorada da altura ao lado. Mais uma vez no carro. Disse-lhe: “Ouve bem esta música. É genial. Não é menos do que isso. Genial!” Observo uns olhos esbugalhados e uma expressão vazia. “Não achas?” Os olhos eram esbugalhados. Não estavam. Era mesmo feitio. Senti-me impelida a insistir. Assim como quem quer trazer alguém para a luz. Espírito de missão, portanto. “Isto é um trabalho incrível. É uma mulher que está a cantar. E foi ela quem escreveu. A tipa conseguiu recrear o soul. Modernizou-o sem lhe tirar a essência. Não é retro. É uma originalidade. Uma recreação que é uma criação… Não estás a ver a importância disto?”. Não. Não estava. Desisti.

 

Posteriormente ainda tive de a aturar a fazer comparações com a Joss Tone no dia do Rock in Rio. A Joss Tone portou-se muito bem. E Amy foi o descalabro que se sabe. Mas o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Bom, a raiz do country e da soul. Creio que lá muito para trás têm um pezinho em comum. Mas é só. De qualquer modo, aquela namorada nem isso sabia. E assim se começam os processos. Aqueles em que as namoradas começam a transformar-se em ex-namoradas. Mesmo quando ainda não está nada decidido.

 

Estava cheia de saudades da Amy Winehouse. Não percebo como foi ela fazer uma coisa destas. Ainda de chupeta na boca. Eu.

 

 

 

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