AS CAUSAS DO QUE SENTIMOS
Tita
20.10.16
Eu sou psicoanalizada e por isso sei (naturalmente às minhas custas) que existem muitas pessoas que pensam, falam e atuam em desconformidade com o que sentem. Mas não vale a pena falar aqui em “muitas pessoas”. Porque posso tomar-me como exemplo.
Para mim, o que importava no passado era o que o meu pensamento muito bem esquematizado e ordenado se dispunha a produzir. E assim afogava as emoções. O pensamento é muito bem organizado quando o desejo de fugir aos sentimentos é grande, devo dizer.
Lembro-me de certa vez ter dito ao terapeuta que tinha sentido qualquer coisa (de que agora não tenho memória) que considerei ser sem nexo. Ao que ele respondeu que “há sempre uma causa para o que sentimos”. Interiorizei isto.
Claro que se trata de um processo doloroso (este de “fazer sair as emoções” e compreendê-las) mas vale muito a pena. De facto, neste percurso, eu adquiri a capacidade de ser honesta comigo mesma, tornando-me por isso numa pessoa muito mais tranquila.
Agora também é verdade que este último parágrafo stinks. Nem sei o que parece. Divido-me entre uma cena de autoajuda e a conversa de um pregador barato.