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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

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"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

O EXERCÍCIO DO DESABAFO


Tita

24.11.16

Resultado de imagem para sessão de psicoterapia

 

Hoje é dia de terapia. Dantes costumava contar tudo o que se passava em cada sessão. Certa vez fui confessar isso ao terapeuta. E levei um esculacho. Não era suposto andar a refletir com as outras pessoas aquilo que tratava ali dentro. Senão a terapia não tinha eficácia nenhuma. É que, daquele modo, estava a impedir que se estabelecesse a necessária relação de intimidade, especialidade e, sobretudo, de afeto, entre mim e ele.

 

Encaixei e mudei de atitude. Nunca mais contei os detalhes todos da sessão. Agora só revelo uma coisa aqui e outra ali. Assim, desde que me alterei, sucedeu o que era pretendido. Nasceu uma relação de afeto com o terapeuta.

 

Tudo o que tenho para partilhar é dito à terapeuta (agora é uma porque ele morreu, como é sabido). Nesta conformidade, não tenho nada a ventilar com terceiros. Coisa que irrita um bocado as pessoas. Nem todas mas algumas. Especialmente aquelas que não conseguem resistir à necessidade de desabafar sobre tudo e mais alguma coisa.

 

Eu nunca fui dessas pessoas. Sempre me mantive discreta e contida. Se contava o que se passava nas sessões, também não era para o exercício do desabafo mas para falar das técnicas. Aquilo que aprendia. Por exemplo, uma vez disse-lhe: “Senti-me irritada, não sei porquê, e resolvi sair pela porta fora.”. E ele: “Há sempre uma razão para sentir o que se sente.”. Ora, perante esta revelação, nunca mais achei que as coisas que eu sentia, por mínimas que fossem, não tinham razão de ser.

 

Era este tipo de coisas que eu gostava de partilhar cá fora. Estas aprendizagens. Contava e esperava ensinar assim coisas às pessoas. Achava-me generosa com este procedimento. Acresce que, por outro lado, a minha ideia era refletir em conjunto para dar forma a estas ideias no meu cérebro.

 

Foi até por isto que me virei para ele, uma vez, e lhe perguntei “Podemos mudar o dia da próxima aula?”. Olhou para mim e repetiu: “Aula.”. Bastou o olhar e a palavra. Percebi logo que não era para encarar aquilo como uma aula. É de acrescentar que ele não era de muitas palavras nem de dar respostas a perguntas que eu lhe colocava. Bastava fazer assim como fez.

 

Com efeito, eu fazia tudo para fugir ao afeto. Pois era de afetos que eu tinha medo. Só que, como disse, isso não podia ser porque senão não me curava do meu medo de ficar afetada.

 

Na verdade, na terapia o que eu faço é explicar coisas que vou sentindo e pensando para repor as emoções e, por consequência, os pensamentos em ordem. Trata-se de despejar o saco com maior utilidade.

 

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