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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

ACORDO ORTOGRÁFICO


Tita

17.05.08

 

Penso que faz sentido dar a minha opinião sobre o "Acordo Ortográfico". Tive necessidade de uma base informativa de apoio. Achei que o "Estado de São Paulo" seria uma boa fonte.  Acrescentarei o meu pequenino apontamento pessoal. Como disse, quero dar a minha opinião. No entanto, decidi usar um artigo de  Eduardo Prado Coelho sobre outra questão. Este, com as necessárias adaptações reflecte exactamente o que penso sobre o "Acordo Ortográfico". 

 

Assim, o texto em azul corresponde à notícia do jornal brasileiro. A reflexão do, recentemente falecido, Eduardo Prado Coelho é transcrita a verde. O meu ponto de vista vem na cor do costume. Comecemos.

 

Se fosse possível estar mais a favor do "Acordo Ortográfico", eu não poderia estar mais! A língua é NOSSA! Exactamente NOSSA! De todos os que falam português.

 

Se não queremos um acordo sobre a língua, então que os países de língua oficial portuguesa não falem português. Que falem como falam e que escrevam como escrevem. Em português, mas não lhe dêem esse nome. Chamem-lhe brasileiro ou angolano. Eles que arranjem outra língua oficial. E façam com que o mundo esqueça o português. Porque a língua é nossa e só nossa. E não deles. Eles não têm quaisquer direitos sobre a língua. E nós temos muito orgulho em pensar deste modo medíocre e egoísta.

 

Só Camões tem direito sobre o português porque, como nós concedemos, "o português é a língua de Camões", que está morto vais para alguns séculos. Camões  nunca pôde imaginar uma coisa destas em vida. Enquanto vivo, só imaginou que lhe poderia suceder o pior.  É deste género o nosso tipo de generosidade.

 

O acordo ortográfico é o pouco de alguma coisa que resta.  Tem a ver com a importância que ainda nos é conferida hoje pelo que fizemos no mundo na época dos nossos longínquos "Descobrimentos". Depois de séculos de pura mediocridade, eu também concordo que a língua portuguesa é o maior património que Portugal tem no mundo. E pelos nossos méritos actuais, talvez já nem o devêssemos ter.

 

 

Eduardo Prado Coelho -  in Público


A crença geral anterior era de que Santana Lopes  não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.  Agora dizemos que Sócrates não serve.  E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.  Por isso começo a suspeitar que o problema não  está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na  farsa que é o Sócrates.


O problema está em nós. Nós como povo.  Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do  que o euro.  Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma  virtude mais apreciada do que formar uma família  baseada em valores e respeito aos demais.

 

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os  jornais jamais poderão ser vendidos como em  outros países, isto é, pondo umas caixas nos  passeios onde se paga por um só jornal  E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE  OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

 

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS  são fornecedoras particulares dos seus empregados  pouco honestos, que levam para casa, como se  fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips  e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de  escola dos filhos...e para eles mesmos.

 

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem  espertas porque conseguiram comprar um  descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda  a declaração de IRS para  não pagar ou  pagar menos impostos.

 

Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não  valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as  pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam  do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são  serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os  nossos jovens dizem que é "muito chato ter
que ler") e não há consciência nem memória  política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar ospobres, arreliar a classe  média e beneficiar alguns.

 

Pertenço a um país onde as cartas de condução  e as declarações médicas podem ser "compradas",  sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada,  ou uma mulher com uma criança nos braços,  ou um inválido, fica em pé no autocarro,  enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é  para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas,  mas estamos sempre a criticar os nossos
governantes.


- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me  sinto como
pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi  um guarda de trânsito para não ser multado.
- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é  culpado, melhor sou eu como português,
apesar de que ainda hoje pela manhã explorei  um cliente que confiava em mim, o que me
ajudou a pagar algumas dívidas.

 

Não. Não. Não. Já basta. Como "matéria prima" de um país, temos  muitas coisas boas, mas falta muito para  sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.  Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade  em pequena escala, que depois cresce e evolui  até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais  do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates,  é que é real e honestamente má, porque todos  eles são portugueses como nós, ELEITOS POR  NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

 

Fico triste.  Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje,  o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...


Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não  sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo,  ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem  serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve
Sócrates e nem servirá o que vier.

 

Qual é a alternativa? 

 

Precisamos de mais um ditador, para que nos  faça cumprir a lei com a força e por meio do
terror?


Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa  "outra coisa" não comece a surgir de baixo  para cima, ou de cima para baixo, ou do centro  para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente  estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa  portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo  muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam  um messias.

 

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.


Sim, creio que isto encaixa muito bem em  tudo o que anda a acontecer-nos: Desculpamos a mediocridade de programas de  televisão nefastos e, francamente, tolerantes com o fracasso.

 

É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem,francamente,  decidi procurar o responsável, não para o  castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir)  que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

 

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O  ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR  NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

 

E você, o que pensa?.... MEDITE!

 

EDUARDO PRADO COELHO

 

 

As pessoas que falam português, para além dos portugueses, são milhões e milhões. Se, por absurdo, esvaziassem a cidade de São Paulo, no Brasil, e nos metessem a todos lá dentro, a qualidade de vida ´local subia em flecha porque a população reduzia quase a metade.

 

 

 

 

Portugal aceita unificação ortográfica

 

 Só três deputados votaram contra tratado de uniformização; Angola e Moçambique relutam em ratificar acordo

 

Jair Rattner e Alexandre Gonçalves

 

 

Portugal aprovou ontem o acordo que unifica a ortografia em todos os países de língua portuguesa. Segundo decisão do parlamento português, as mudanças deverão entrar em vigor dentro de seis anos.

Apesar dos protestos de intelectuais e políticos promovidos nas últimas semanas, apenas 3 dos 230 parlamentares votaram contra. A principal crítica ao acordo, levantada pelo partido Centro Democrático Social (CDS), é que ele representa uma concessão aos “interesses brasileiros”. “A língua portuguesa é o maior patrimônio que Portugal tem no mundo”, afirmou o deputado Mota Soares.

 

Uma das iniciativas que geraram maior mobilização foi um abaixo-assinado na internet, iniciado no dia 2 de maio, que recolheu mais de 35 mil assinaturas. Mas dois deputados que encabeçaram a petição na internet contra o acordo - Zita Seabra e Vasco Graça Moura - não estavam no plenário na hora da votação. Zita alegou que, como é editora, havia conflito de interesses.

 

O QUE MUDA

Segundo o acordo - assinado em Lisboa em 1990 e já ratificado pelo Brasil e outros dois países de língua portuguesa -, a norma escrita em Portugal terá 1,42% das suas palavras modificadas. No Brasil apenas 0,43% das palavras mudam.

Para os portugueses, caem as letras não pronunciadas, como o “c” em “acto” e “director”, o “p” em “Egipto” e “óptimo”, o acento que distingue o pretérito perfeito do presente (em Portugal escreve-se “levámos”, no passado, e “levamos”, no presente). A utilização do hífen também será uniformizada (mais informações nesta página).

Apesar do acordo, continuará a haver diferenças no português dos dois lados do Atlântico. Os portugueses vão continuar a escrever “António” e “género” com acento agudo, enquanto no Brasil fica o circunflexo. Também vão manter o “c” em “facto”, porque “fato” em Portugal é roupa - e tiram o “p” que não pronunciam na palavra “recepção”.

NEGÓCIOS

A presidente da Câmara Brasileira de Livros (CBL), Rosely Boschini, recebeu bem a decisão do parlamento português. “A unificação da escrita vai fortalecer a língua portuguesa”, afirma. “Além disso, abrirá um novo mercado para as editoras brasileiras.” Questionada sobre o potencial risco que as empresas portuguesas podem representar para o mercado de livros no Brasil, Rosely aposta na produção editoral do País. “Nossas editoras estão bem evoluídas. A concorrência vai ser difícil para os portugueses aqui.”

Sérgio Molina, editor e tradutor da Editora 34, lembra que o acordo pode abrir a África para os brasileiros. “Até agora, (os países africanos) são como uma reserva de mercado de Portugal, pois adotam a mesma ortografia. Com a padronização, as editoras brasileiras, especialmente as maiores, terão mais facilidade para entrar lá”, afirma.

Mesmo assim, Molina lembra que o “maior abismo” entre o português do Brasil e o de Portugal não é a ortografia, mas “a gíria, o fraseado, o léxico”. “Não vamos vender traduções de literatura inglesa para os portugueses, por exemplo”, avalia.

DIDÁTICOS

O diretor presidente da Associação Brasileira de Editores de Livros, Jorge Yunes, considera positiva a aprovação do acordo pelo parlamento português, mas ainda é cético quanto aos impactos comerciais da medida para os livros didáticos. “O currículo escolar é muito diferente de um país para outro. Seria necessário uma unificação curricular para que entrássemos em outros mercados”, aponta. “Quanto aos outros livros, precisaremos de grande capacidade comercial, porque as editoras portuguesas também são muito boas.”

Em Portugal, esta semana saíram os dois primeiros dicionários portugueses que já incluem modificações previstas. “Tínhamos certeza de que o acordo seria aprovado”, diz Paulo Gonçalves, porta-voz da Porto Editora. Mas Gonçalves chama a atenção para a resistência dos dois maiores países africanos de língua portuguesa às mudanças: “Há sinais evidentes de que por parte de Moçambique e Angola o acordo ortográfico não vai ser bem acolhido pelas autoridades.”

Ainda em sua avaliação, o acordo não aproxima o português falado em Portugal do falado no Brasil. “Tenho dúvidas de que vá levar a uma aproximação.”

No Brasil, o acordo deve entrar em vigor já em 2009 - só depende da assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Ministério da Educação enviará a Lula nos próximos dias minuta de decreto com essa previsão.

 

 

 

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