NÃO TOPAMOS NADA
Tita
08.12.12
Agora que o meu terapeuta morreu há um ano tenho uma nova terapeuta há um ano. Gosto dela. Funciona. No outro dia dizia-me. “Conseguir trabalhar no meio de uma escalada de ansiedade diz bastante de si”. Parei um segundo e perguntei com alguma expetativa: “Sim? E o que é que diz”? Ela fez por não me fixar, pondo assim um ar casual. “Diz que é uma pessoa forte”. Os psiquiatras que fazem psicoterapia não dizem estas coisas nas terapias. Mas há momentos em que dizem. Ela achou que naquele momento tinha que ser. E resultou. Agora estou um bocadinho mais convencida disso. É capaz de ser. Talvez seja forte. Fico contente porque isso é uma qualidade. Uma pessoa gosta de saber que tem qualidades.
Tenho impressão que andamos na vida a pensar que os outros são melhores do que nós. Os outros average. Claro que ninguém se sente menos do que um sem abrigo, uma prostituta de rua, um drogado, um alcoólico ou um demente. Para nós os outros nunca estão doentes. Nunca temem nada. Nunca discutem em casa. Nunca se apoquentam.
Esta é a minha cara num dia, há poucos dias, em que a minha escalada de ansiedade tinha escalado tudo o que havia para escalar e eu já temia rebentar pelas entranhas como pode suceder a quem chegou ao topo do Everest. E veja-se como não se topa nada: