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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

O EXORCISMO


Tita

18.02.07

 

 

 

 

 

 

 

Tenho coisas importantes para fazer. Agora. Já! Já devia estar a fazê-las, mesmo. Mas não, estou aqui a tentar construir um post. Necessito de criar mais um. Tenho de ter o meu gato desaparecido dinamizado. Não é que alguém o leia. Para já, ninguém, para além de mim mesma, lê isto. E eu tenho de escrever, de igual modo. Alimento, no entanto, esperanças que um dia não seja assim. Conto com os meus futuros leitores. É que isto de escrever é um exercício com dois objectivos: um pessoal-externo, outro externo-pessoal.

 

O primeiro aspecto, tem tudo a ver com um lugar comum: a escrita como catarse. O texto como resultado material de uma espécie de exorcismo de trazer por casa. As emoções derivam num plano interior. Umas são identificáveis e enquadráveis. Outras, nem tanto assim. Não importa. Abre-se o espaço virtual para o texto e apontam-se as pontas dos dedos para o teclado.  Constrói-se um facto. Um texto. Este nada tem a ver com aquelas (com as emoções), a não ser o facto de ter acontecido por causa delas. Mas é assim que nasce a própria vida. Então, deve estar bem. E pergunto: o que tenho eu a ver com os meus pais? Nada. Tudo. Pelos vistos, de um modo ou de outro, tudo são processos de progenitura. Talvez. É complicado aguentar certezas. Qualquer uma. Não importa. O que importa é que, quando o texto sai (finalmente, saí), adquire-se alguma lucidez. E também, por isso, alguma calma. E é por isto que se escreve. O texto, esse, passa a ser o que menos importa porque saiu e foi-se.  Fica organizado numa vida própria, que é quase só dele. Já não podemos ficar mais lúcidos, a partir daqui.

 

Agora, e este é o segundo aspecto, o outro objectivo da escrita, o texto como que paira, o que não pode acontecer indefinidamente - por causa das leis da física, creio eu. O texto tem de pousar. Sobre os olhos e as faces de alguém. Deve, depois, espalhar-se pelos estranhos meandros dos cérebros alheios ao da autoria. Deverá ser recreado. Noutra coisa ou em nada. Terá valor ou não valerá nada, consoante o valor que lhe for atribuído. O autor espera. Aguarda que lhe devolvam o texto recreado. A obra acabada. Por isso espera que o ajudem a terminar o facto. Senão, é um aborto.

 

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