Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CUIDAR


Tita

18.04.07

 

 

Estou sem internet e não gosto de me andar a exprimir muito na casa dos outros. Na verdade, vou mudar de casa. Dispensei a netcabo . Já estou farta de mudar de casa, por isso resolvi comprar uma placa de internet para quando tiver que mudar outra vez. Não posso ficar sem internet. Sobretudo agora que tenho este gato para alimentar. O problema é que a placa nunca mais chega. É que dei pontos em troca. Talvez para a semana.

  

O blog faz-me sentir como uma dona de um cão japonês. Como se sabe, os japoneses não têm cães por falta de espaço e adoram tecnologia. Um cão japonês é um bicho morto que se finge vivo só para o terem de alimentar e levar à rua.

 

Na verdade, o blog não me faz sentir como a dona de um tamagoshi . Menti. Com efeito, aqui o assunto é mais gatos, e os gatos não têm de ser levados à rua. No mais, são um tanto independentes, mas não demais. Um gato não é um tamagoshi .

 

O que me move não é a obrigação, mas os afectos. Venho aqui por motivos de meta-amor e, também, por razões de auto-estima. Auto-estima ou menos. Instinto de preservação para além da sobrevivência física. Talvez seja auto-estima ou mais.

 

O meu gato é o personal trainer do meu cérebro. Na verdade, ele, racista, não quer que eu me transforme numa burra. Que é, precisamente, o que eu sou quando deixo de escrever. Tenho de reflectir na escrita. Não importa sobre o quê. O que vale é reflectir. Exercitar os neurónios e provocar as trocas químicas . Se não pensar em nada desta forma como reflicto, não consigo raciocinar sobre aquilo que a vida me solicita que pense sobre.

 

Venho aqui escrever sobre nada de especial. Ainda que existissem muitas coisas especiais em si. O que é mentira. O mérito da apreensão é de quem vê, absorve e sintetiza . Em primeira linha, tudo depende dos olhos. As especialidades de frango só o são para quem gosta muito de ir ao KFC , por exemplo. As maravilhas são os factos que conseguem gerar mais consensos em torno dessa ideia (do maravilhoso). A maravilha é vista e sentida e pouco pensada, na primeira fase do processo.

  

ANTÓNIO VICTORINO D' ALMEIDA


Tita

01.04.07


Estou convencido que o Ministério dos Negócios Estrangeiros não tem nada contra mim, mas sim contra os adidos culturais. Trata-se de um problema endémico, que parece dar razão à tese de que a diplomacia foi uma coisa inventada por Maeternick quando não havia telexes nem telefones. A diplomacia concorre, hoje, com o Museu de Figuras de Cera, em que a vitalidade dos adidos pode assumir carácter altamente perturbador. Neste antagonismo entre o que está vivo e o que está morto, entre o concreto e o abstracto, o adido cultural só é bem aceite se não fizer nada, contentando-se em espalhar sorrisos pelos 'cocktails'. Como não é esta a minha vocação, a verdade é que, extra-oficialmente, continuo a desempenhar as funções de adido cultural, com proveito para o País e sem nenhum dispêndio para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

   

  

 



Faz dois dias que fui jantar com o António. Antes da mesa, de me sentar à mesa com ele, foi aquele abraço de amigos que não se encontravam há longos meses. Mas não parecia. Parecia que foi ontem. Já sentados, voltamos a dar outro abraço. Porque apetecia mesmo.
 
Ele é tão ou mais afectivo do que eu. Talvez mais porque é muito mais inteligente.  Aliás, ele é tão inteligente que parece  quase um débil mental.  De resto, comporta-se como  isso  mesmo (um débil mental)  em muitas situações.  Enfim,  acho eu. É que  isto  de o homem ter o hábito de dizer sempre  o que pensa quando é perguntado sobre algum assunto, alicerçando-se na verdade que lhe é incontornável só pode  ser  coisa  de atrasado  mental.
 
Exemplificando: em dada altura, estávamos à conversa e toca-lhe o telemóvel no bolso. Atendeu. Do outro lado da linha alguém terá dito alguma coisa. Vejo-o, então, com um ar muito sério, mas pacífico, a perguntar para o telefone: "mas um depoimento a dizer o quê?". Veio-me à ideia a possibilidade de haver algum problema. Esperei em crescente expectativa. "Com certeza que não.". O António dizia que não depunha. Categoricamente. "Porquê? Ora, porquê! Porque eu não conheço a senhora. E estou certo de que ela não me conhece a mim igualmente.". Agora estava levemente irritado. Talvez pela insistência do telefone. "Nunca fomos apresentados.  Pois fico muito  satisfeito pelo aniversário dela. Não tenho nada contra a senhora. Nem  ela  contra mim,  espero  eu... É como digo, não nos conhecemos." Estava impaciente. "Não. Não vou prestar um depoimento sobre o aniversário da rainha de Inglaterra. Tenha lá paciência". E livrou-se do "Expresso" desta forma. Desligou e desligou-se. Da questão do aniversário da rainha Isabel II.

Se este homem fosse um hipócrita seria director do Teatro Nacional de S.Carlos . Ou da Casa  de Música. Ou... enfim. Não vale a pena. Ele tem um problema de pele com os políticos. Todos. De direita. Esquerda. Centro. De baixo da mesa. Em cima do banco. Também é natural. Ele é um génio. E, que eu saiba, não existem génios desonestos. Existem génios do mal. Mas nunca ouvi falar em génios da pulhice e do cacique. Claro que estes podem ser sempre génios do cubo mágico. Porém não é disso que estou a falar.

A Maria João Pires não tem habilitações literárias para ensinar piano em nenhum Conservatório português. Nem ele, o António. Agora só os licenciados em Évora, na Nova e noutra faculdade qualquer é que podem ser professores nos Conservatórios e tal. Mas eles não sabem tocar instrumentos. Estes professores. Ao que se sabe, sabem alguma coisa de história da música. Não muito, também. O curso é de três anos. Depois ensinam nos conservatórios. Por exemplo, o curso superior de música da escola de Viena, ou melhor, um dos mais conceituados cursos de música da Europa e do Mundo, não é reconhecido em Portugal, enquanto habilitante para leccionações nos nossos Conservatórios.

A Maria João Pires mudou-se definitivamente para o Brasil. É feliz. Diz que não volta. Qualquer espaço cultural mundial abre as portas à Maria João Pires com devotos olhos brilhantes. No entanto, Portugal é um país tão pequeno que não tem espaço para a franziníssima Maria João Pires. Ela só cabe mesmo no espaço de estúdio da Deutch Gramophon (não sei se se escreve assim. Não sei alemão e não tenho nenhum disco desta editora para verificar). É que, para a DG só gravam mesmo os superiormente dotados universais. Como a Maria João Pires. Provavelmente, a maior parte dos portugueses não tem noções exactas sobre a pianista/concertista Maria João Pires. Quem é ela? Que importância tem no mundo? É ir pesquisar, que este blog também não é aqui nenhum espaço para o ensino básico.

O António ofereceu-me, no jantar, o último disco dele, gravado em Viena. Ao que parece, não se consegue comprá-lo cá. É a "Fábrica dos Sonhos". Toca a Orquestra Sinfónica de Viena, dirigida pelo António. Entram, também a Erika Pulhar e a Maria, a mais velha do António, nas narrações.

A Maria vive em Paris e não vem há quatro anos a Portugal, embora tenha estado recentemente na Letónia. Desde os dezassete anos dela que a perdemos para França. Como tanta gente, não estava bem certa se teríamos perdido assim algo de excepcional (como o pai, que não perdemos, sabe Deus porquê). Agora, que ela já fez 65 filmes (entre, americanos, franceses , australianos, espanhóis...) isso é verdade.
 
Não percebo o que vêm os realizadores estrangeiros nela. É que o último filme que vi foi o Adão e Eva. Não fora o António ir dando algumas notícias e até podíamos todos pensar que ela estava por aí a viver de expediente e a morar debaixo da ponte. Afinal, antes pelo contrário, é uma das mais respeitadas actrizes francesas da actualidade. Bravo!

stats

What I Am

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em destaque no SAPO Blogs
pub