MORAL E ÉTICA
Tita
10.05.07
Enfim, já estou ligada ao mundo outra vez. A placa está aqui. É muito bonita. Mas lenta. Não estou totalmente satisfeita. Porém, nunca estou totalmente satisfeita. Apenas muito satisfeita. Quase sempre.
A satisfação é um estado de espírito permanente que afecta qualquer ser humano. Apenas não é possível, as mais das vezes, e em âmbitos práticos, reconhecer esta evidência.
Estou satisfeita porque estou viva e não tenho nenhum problema incontornável com que conviver. A satisfação lato sensu é o pano de fundo de todos os dinamizadores emocionais. Dos mais potentes, aos mais débeis. Há momentos de insatisfação, os quais são passageiros. Na verdade, estes sediam-se em factos presentes de dimensão e impacto variáveis. As suas marcas (destes factos), mesmo que em alguns (poucos) casos sejam perenes não conseguem ser indeléveis. É por causa da síntese: Nós, o tempo e os factos. Logo, a mudança.
Gostava de ser uma pessoa de alta moral e elevado sentido ético. Como é evidente, não sou uma coisa nem outra. Apenas tenho pretensões, sendo, por isso, pretensiosa . Disse que é evidente porque é evidente que ninguém é, embora existam níveis. Ou seja, uns são mais outros menos. Morais e éticos, quero dizer.
O meu problema está no nível. Tenho ética e tenho moral. Porém, não as desejadas. É muito incómodo pensar assim. Aliás, é por ser assim que, logo no início afirmei que nunca estou totalmente satisfeita. Apenas muito satisfeita. Mas, entenda-se bem, não estou muito satisfeita por considerar ter um bom nível moral e excelente estatura ética. Não. Estou satisfeita por estar viva. Como disse. Porque os problemas são factos que passam.
Toda a gente compreende que, se deixarmos, a vida passa mais depressa do que os problemas que nos consomem. É por isso que nos temos que deixar consumir em pouco tempo. Dar intensidade aos problemas. Dotá-los com um sistema digestivo potente. Aperfeiçoemos a nossa máquina pessoal de criar e deglutir problemas. A máquina antropofágica. Vamos programá-la assim.
Há uns dias li um artigo sobre ética. Dele, entre outros elementos, constavam 20 ou 30 dilemas éticos com as respostas eticamente correctas. Respondi erradamente a várias. Ainda estou indignada comigo por isso. Ando a punir-me em segredo. E, no entanto, severamente.
Por muito que me envergonhe, confesso: eu aproveitaria alegremente a internet do vizinho para poder navegar de graça. Ao que parece isto é possível (desconhecia!). O vizinho na casa dele e eu na minha. Ele paga e eu não. O único inconveniente é que o homem ficaria com a ligação um nadinha mais lenta. Pelo amor de Deus! Com base no principio universal que postula "não faças aos outros o que não desejas que te façam a ti", eu reafirmo, usaria a internet do vizinho, sim senhor. No entanto, é como disse, isto é antitético . Soube-o pelo aludido artigo. Logo, ando a autoflagelar-me . Comprei até um silício para aplicar na perna direita todos os dias de manhã, durante, pelo menos, meia hora. E não tenho nenhum vizinho que me disponibilize a internet dele de graça sem saber. Nem quero imaginar o que me faria se tivesse.
Enfim, mas estas palavras singelas trouxeram apenas e só o também singelo propósito de festejar o grande acontecimento: JÁ TENHO INTERNET!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
... e sou eu que pago.