(S)LOW FAT
Tita
14.07.07
Como sabemos, as cores que estão disponíveis na vida não são apenas as neutras. Eu disse cores neutras, portanto. Um disparate, enfim. O preto e o branco, ou a própria ausência de côr, definindo cada um dos extremos das coisas. Ausência de cor está bem. A vida é colorida. Existem imensas cores. É policromática. Exactamente.
As pessoas não são apenas obesas mórbidas ou do slim type, conforme se requer na publicidade ou na moda. Também se aceita aqui o tipo musculado ou bem definido. Em geral, e com excepção do que, ao que consta, se passa nos Estados Unidos onde larga percentagem da população tem as dimensões de um tanque de guerra, o tipo da generalidade das pessoas é average. Há uns averages em forma. Outros um tanto moles de músculos. Mais uns quantos a pisarem o risco e a caírem para o lado slim. E ainda alguns com meia dúzia de quilos a mais. São todos average. Estão dentro desta categoria com meia dúzia de quilos a mais e ainda uns pózinhos aqueles que são do género leitãozinho terno sempre em movimento e com a energia do cão lá de casa. O meu o pai, desde que aos cinquenta anos deixou de fumar 4 maços de cigarros por dia, ficou sempre assim, average e tal.
Porém, sobre o ponto de referência average, e nunca sobre o slim, há gente com excesso de peso. Quero dizer há gente com mais de 10 kg a mais. Ou seja, pessoas que, sobre o average com mais uns quilitos (10 kilinhos) têm a distinta lata de se apresentarem aos outros com cerca de 15 kg sobre essa marca. Ora, se não há doença, isto parece-me inadmissível! A que propósito uma pessoa come e estaciona até aos +10+
15 = 35 kg a mais? Isto é gente insuportável. Porque anda sempre a movimentar-se pelos mínimos. Braços, perna, dedos. Até o raio do pescoço! Só se apressam para sair e ir comer qualquer coisinha rápido.
Olha-se para esta gente, e parece que estão na vida em permanente refastelanço. Os outros que se "lixem" ou se acomodem. Pois então! Deus nos livre de cair sob a dependência destas criaturas do anti. Não sei se alguém sabe o que significa estar diariamente a olhar para isto. Olhar para e ouvir uma criatura que, se puder e as circunstâncias lho permitirem (o que quase sempre sucede), limita-se a mexer os olhos. Faz actividade física? Faz, sim. Passa o dia a mexer os olhos. E também todos os músculos envolvidos na própria actividade de comer. Nada dos ombros para baixo.
Comer um pastelinho. Este pessoal adora estar sempre a comer um pastelinho. De 20 em 20 minutos, se for possível, venha um pastelinho! Vejo-os mexerem-se. Os músculos abaixo do pescoço, quero dizer. Há um estímulo, claro. Para ir o mais rápido possível e entrar no elevador. Descer um andar, comprar o pastelinho. Voltar as costas ao balcão dos pastelinhos em jeito de quem está a fazer caixinha, envolvendo emocionalmente o pastelinho. Abrir a boca e devorá-lo pela metade. Entrar no elevador para subir um andar. Abrir a porta do elevador de mão vazias, olhos semi-esbugalhados, os últimos movimentos dos maxilares. Um respirar fundo à laia de suspiro.
De volta à cadeira. Trabalho para fazer. Muita desenvoltura mental. Para arranjar desculpas pelo trabalho que não está feito porque não apetece realmente fazer. São desculpas de cima para baixo. A culpa não é nunca do paquiderme é sempre de outra coisa qualquer. Não há recursos e aqui nós somos só um. Diz o animal de grande porte. Nós somos só um? Interrogo-me eu por breves instantes. Depois vejo que é verdade. A área ocupada corresponde à que utilizariam duas pessoas slim. Está correcto. Vivem dentro do bicho dois slims sufocados. É por isso que não se conseguem mexer.
Não sei porquê, mas acho que a culpa é do elevador. Digo isto porque odeio andar de elevadores. Tenho medo que parem quando eu estou lá dentro. Ainda bem!