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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

TALENTO


Tita

21.04.08

 

 

Depois de escrever os dois últimos posts quase me sinto uma verdadeira pastora evangélica.

 

 

 

Se eu quisesse enriquecer, creio que poderia tentar fazer carreira por aí. Mas não. Mesmo tendo jeito, não tenho jeito nenhum para essas coisas. É preciso ter alma. Ou uma certa qualidade na alma. Que eu não tenho. Felizmente. Digo eu.

 

Agora, a Linda Evangelista é que tinha imenso jeito para ser top model.

 

Estava-lhe na alma. E na cara. E no corpo. Claro. Pois, de contrário, bem podia ter-se dedicado à igreja ou a outra coisa qualquer. Se fosse pastora evangélica, talvez até tivesse ganho mais dinheiro do que ganhou. E, na verdade, eu não faço a mínima ideia de quanto dinheiro ganhou ela.

 

Por falar em talento. Por vezes ponho-me a pensar sobre o assunto. Do talento. O que é. Para que serve. Todos temos? Só alguns? Estas coisas. Que eu me ponho a pensar. Em certas alturas acredito que sim. Todas as pessoas têm um talento qualquer. Algo que as faria sobressair em em determinada actividade. Disse faria porque não faz. Não faz porque não há oportunidade para todos. Malgrado o sistema democrático em que vivemos. Talvez as coisas sejam assim porque o inferno são os outros J.P . Sartre). Apertam-nos. Não nos deixam fazer nada. Isto é terrível porque sem os outros em volta de nós o talento também não serviria para muita coisa. Ou, melhor, muitos talentos pessoais isolados não serviriam para nada. Enquanto outros, embora também isolados, poderiam ser de grande utilidade. estou em crer, porém, que, eventualmente, deixariam sempre no talentoso uma sensação semelhante àquela que acontece no momento pós masturbação.

 

Mas o mais provável é que as maior parte das pessoas não tenha talento nenhum em especial. Isto porque, mesmo que tenha, se não se vê, é como não tivesse. Principalmente , se o próprio não vê. É muito natural que as pessoas não reconheçam em si os seus próprios talentos. Na verdade, todas andam concentradas em ganhar dinheiro, consumir e evidenciar. Todo o talento que não tenha utilidade para estes fins. Não é talento, é um traço do carácter incomodativo. Se não mesmo pernicioso. Na verdade, praticamente um defeito.

 

UMA VEZ IDENTIFICADA A PRINCIPAL CAUSA DA INFERIORIDADE DA MULHER...


Tita

19.04.08

 

 

Claro que tudo o que eu vou dizer indicia uma feminista a falar. Mas não sou. Como todas as mulheres, sou machista. Sou assim porque tenho culpa. Não a assumo, mas ela tomou-me o ser, e comanda-me as razões e as emoções. Tudo o resto é uma luta. No mais, não sei porque gosto de ser mulher, embora vá gostando. Esta espécie de culpa abstracta de carácter religioso é um aconchego. Tudo o que sirva para nos inferiorizar também nos desresponsabiliza. Não se pede a quem não é capaz. É assim, em regra.

 

 

Perante a vontade de Deus, há que baixar a cabeça sem solenidade, com o certo sentido da humilhação. Encostar os lábios ao chão, e comer o pó. Perante a vontade dos homens (e das mulheres, bem entendido) que nos vêm falar da vontade de Deus, o pó colar-se-á nos nossos lábios húmidos de saliva e de lágrimas de arrependimento. Porque a nossa boca está no chão, engoliremos o pó colado nos nossos lábios. Comeremos assim o pó.  No fundo, comemos o homem. Porque, é preciso recordar, o homem (não a mulher) do pó veio e ao pó voltará.

 

Com efeito. E passo a citar, sob pena de não ser acreditada por dizer incredulidades: "A seguir (Deus - logo após a condenação da mulher  ao que sabemos) disse ao homem (ao homem, homem, macho, não ao Homem no sentido de ser humano. É que este conceito inapropriado inclui, penso eu, a mulher): Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de onde foste tirado; porque tu és pó e ao pó voltarás".  

 

Portanto quem comer o pó, seja, homem ou mulher, comerá, por assim dizer, o homem. Já num sentido mais actual dos termos, quem injectar o pó por algum tempo, será um junkie mais tarde. E há quem pense que é melhor ser drogado do que paneleiro.  Pelo menos, eu já ouvi dizer isto. Quanto a ser preferível ser drogada a lébica, nunca ouvi dizer nada neste sentido. Mas isso é porque, como sabemos, as mulheres não contam. Pouco importa se injectam pó ou comem mulheres. De qualquer modo, mesmo que comam mulheres, não comem pó, comem, talvez....costelas... de homem. Uma sensaboria!

 

Já se sabe: a mulher é um produto de uma costela do homem: "O Senhor Deus disse: Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele". Aqui tenho de parar a citação. Estou com um bocado de falta de oxigénio no cérebro (Não consigo pensar, o que é natural uma vez que sou mulher). Agora segue-se um pequeno período de catatonia: UMA AUXILIAR. UMA AUXILIAR. UMA AUXILIAR. UMA AUXILIAR UMA AUXILIAR? UMA AUXILIAR?? UMA AUXILIAR?! COMO? UMA AUXILIAR! UMA AUXILIAR? O QUE É UMA AUXILIAR?

 

Pronto, já estou bem. Continuando: "Da costela que retirara do homem, o senhor Deus fez a mulher e conduziu-a até ao homem. Então o homem exclamou: Esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher".    Temos que aceitar. Porque vem na Biblia. E "é por vontade de Deus que eu vivo nesta ansiedade". E também foi "Deus que deu luz aos olhos e deu-me esta voz a mim". Á Amália, claro. 

 

Por muito que procure, não consigo encontrar na Biblia o fundamento directo do racismo. Só da xenofobia. Mas, evidentemente, devia lá estar. Penso que há, por esta razão, uma grande falha na Bíblia. O Grande Livro de todas as resposta devia dar-nos a explicação para o facto de, por exemplo, os "pretos" serem inferiores aos brancos. 

 

Porém, voltando ainda ao "Jardim do Éden", percebo agora, porque razão quis Deus retirar ao homem a faculdade (o poder, digo eu) de "gerar" e "dar à luz". Na verdade, as crianças deveriam ser concebidas nas costelas do pai e nascer-lhes por um buraco nas costas. E só assim não é porque foi preciso condenar a mulher às dores de parto. Porque a mulher se deixou enganar pela serpente e enganou o homem. Veja-se que o homem e a mulher comeram a maçã, mas a serpente não. A serpente tem mais personalidade do que ambos e a mulher, sendo mais estúpida do que a serpente, sempre é mais esperta do que o homem. É por esta razão que o único castigo da serpente consistiu em rastejar para sempre. O que não se pode dizer que seja uma má coisa, verificadas todas as vantajens conexas de que as serpentes gozam na vida.  Perante tudo isto, só não sei o que dizer da cesariana.

 

Eu acredito em Deus. Tenho muito menos fé do que aquela que preciso. Mas acredito. Porque sinto. O sentir é algo que é pensado, e faz sentido na alma de uma pessoa. Eu sinto. Por sentir, gostaria de sentir ainda mais. Há uma força que vem disto. Uma força maior do que nós. Muito maior. Que, por vezes, nos afecta. Nos faz ser melhores. De vez em quando. Tenho pena que só me afecte e não me altere. Se me alterasse eu teria verdadeiramente fé. Ter fé é o meu maior desejo. É um sonho. No dia em que eu for capaz de ser justa e limpa; no momento em que eu souber como não sentir as minhas dores; na altura em que eu compreender o que significam exactamente o perdão e a bondade; nesse dia eu serei uma pessoa com alguma fé. Logo melhor. Por isso muito mais forte. É um sonho. E todos temos o direito de sonhar.

 

Portanto, que se calem o papa e os padres. Que se acabe com os deprimentes cânticos da igreja. Que não se ouçam mais salmos e provérbio recitados. Quer dizer, isto é só uma forma de falar. Ou seja, eu é que não estou para estas coisas, quem quiser, que coma o pó. De resto, a liberdade é um bem fundamental.

 

No entanto... vale sempre a pena abrir a Bíblia para ler o "Sermão da Montanha".

 

 

 

ADÃO E EVA


Tita

17.04.08

 

 

Pouco depois do principio de tudo veio a maçã.

 

"Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer... agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido... e ele também  comeu. (...) Depois (Deus) disse à mulher: Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, entre dores darás à luz os teus filhos. Procurarás apaixonadamente o teu marido, mas ele te dominará." - Genesis - 3

 

Quanto ao homem, dispenso-me de citações. Basta dizer que ficou condenado a trabalhar imenso. Portanto, a ser dono dos bens familiares. Portanto, a ser o titular do poder. Poder material pela condenção própria. Poder emocional em virtude da condenação da mulher a procurá-lo apaixonadamente, num processo em que ele dominará - tradução: ele não amará tanto a mulher como ela a ele.

 

Como é possível acreditar nestes absurdos?

 

AS MENTIRAS QUE DIZEMOS


Tita

09.04.08

 

Há uns post atrás fartei-me de dizer coisas sobre a paixão que temos que ter. Por tudo e cada coisa. Do género para que a vida tenha sentido. E coisa e tal. Enfim, tudo treta para a motivação. Um horror! Um horror porque as coisas não são assim.

 

Na verdade, com as pessoas as coisas ou estão bem, ou vão mal ou mais ou menos. A maior parte das coisas que fazemos é chata. É muito difícil manter o sorriso e o ímpeto quando as coisas não vão às mil maravilhas. Comprar sal no supermercado é uma tarefa sem significado nenhum, para além do sentido útil que tem.

 

Eu não consigo andar bem disposta e positiva se não encontro razões para isso. Melhor, se me confronto com razões que me levam à disposição contrária.

 

A paixão que temos na vida depende das paixões que sentimos pelas coisas e pelas pessoas. E elas acontecem, ou, não. De momento, não acredito em mais nada. Nem se me apresentam inspirações espirituais positivas que me motivem a pensar de outro modo.

 

 

ARREPENDIMENTO


Tita

06.04.08

 

Toda a gente conhece a expressão "Madalena arrependida". Claro que nem todos sabem da sua origem. Eu não estou bem certa, mas penso que está relacionada com Maria Madalena, a prostituta, contemporânea de Jesus Cristo. Ao que consta, Madalena chorou de arrependimento ao pés do Senhor por, durante algum tempo da sua vida, ter andado a vender o corpo a outros senhores. Daí a também a expressão relacionada: "Chorou que nem uma Madalena".

 

Por seu lado, o padre Borga, o padre Rossi português, que toda a gente conhece do inenarrável programa da manhã do Canal 1, " Praça da Alegria", canta: ~

 

"Vidas cruzadas
Palavras ditas assim
Abraços vindos de Ti
Mãos são tocadas
Porque é urgente
O que eu senti
O que eu tenho é pouco para amar
Mas é forte a vontade de ser
Imagem de Deus
Noutra forma de viver"

(www.padreborga.com )

 

E a coisa, não sendo, soa a uma gayzice incrível. Não sei se o padre Borga chora muito. Talvez não porque tem o aspecto de ser uma pessoa cheia de alegria cristã. Mas devia chorar que nem uma Madalena. Pelo ridículo, enfim. No entanto, não se chama Madalena. Por isso não se arrepende de nada. O padre, qual  Édith Piaf , parece mais ser do estilo  rien de rien "...  je ne regrette rien " (www.paroles.net). Até porque, além do mais, Maria Madalena, ao que se sabe, não cantava e a Piaf sim.

 

Agora, a verdade é que a francesa foi muito infeliz. E não foi salva. Enquanto Madalena a prostituta foi redimida por Jesus, e, além do mais, é muitíssimo mais famosa do que a Piaf. Com efeito, toda a gente sabe que os maiores best sellers de todos os tempos foram, por esta ordem: a Bíblia e... o Código Da  Vinci.  Vale, pois, a pena o arrependimento. E vale muito mais o arrependimento público. Ou, melhor, o arrependimento publicado.  

 

 

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