PROBLEMAS COM A IMAGEM?
Cat2007
25.08.10
Em nome das pessoas criativas cuja especial característica, a criatividade, deve ser preservada. Começo a pensar que os computadores deviam ser proibidos nos locais de trabalho uma vez atingidas as 3 horas consecutivas de uso. Até ao fim do dia, as pessoas verdadeiramente criativas não estariam sequer autorizadas a olhar para o computador. O trabalho seria sempre suportado em papel. Para ler e analisar. Quanto à necessidade de escrever, todas as pessoas realmente criativas deviam ter uma secretária ou um secretário para o efeito. O efeito de escreverem no computador e olhar para o monitor com imensa atenção.
Para as pessoas mesmo criativas o computador deveria ser usado apenas em casa e sempre por motivos extra profissionais. Só para o exercício da criatividade. Isto para evitar riscos de desgaste. Nas pessoas criativas, evidentemente. Não digo que ser criativo é bom. Para o próprio ou para os outros. Não sei se é. Embora para mim seja. Mas a discussão também não é essa. Igualmente não sei se os produtos de algumas criatividades têm qualquer ponta de dignidade que valha a pena sublinhar. Apenas sei que me prejudica um bocado isto de estar sete hora por dia a admirar as coisas que correm pelo monitor do computador lá do trabalho. Prefiro este meu porque me mostra coisas que são amigas da minha criatividade própria. O pior é que ao fim de um dia de trabalho quero olhar para tais coisas e custa-me. Portanto, proponho as reformas atrás indicadas.
Como as reformas que acabei de propor não têm qualquer chance de vir a ser adoptadas, algo tem que mudar. Ou seja, eu tenho que mudar. Na verdade, adaptar-me a estar mais horas em frente aos monitores. Fazer uma síntese entre este e o de lá. Não é fingir que é o mesmo. É apenas juntar 1 + 1 = a 10 horas de monitor por dia sem prejuízo da criatividade. Tenho então de arranjar mais recursos. Muito bem.
No trabalho sou do tipo quanto menos conversa melhor. Não gosto de ter coisas para fazer e levar um corte. Antes de qualquer acto vem um pensamento. Logo em seguida mais um. E mais outro. Entretanto, um conjunto certo de pensamentos, formando um sistema integrado, consolida-se. A partir daqui, podemos agir e fazer. Não quero ninguém a cortar o processo de formação dos meus sistemas mentais. Dá um trabalhão voltar atrás no meu processo intelectual. Que é fino e pormenorizado.
Actualmente não tenho pessoas ao meu lado, à minha frente ou atrás. No gabinete. Mas quando tenho, agradeço colegas de gabinete todo o dia calados em relação a mim. Agradeço também colegas de fora do gabinete que entram lá, dão os bons dias e não querem falar comigo. Só aceito com boa cara visitas de trabalho objectivas. Por exemplo, não quero saber dos problemas com as mulheres a dias, com os colégios das crianças e muito menos me interessa o que vai ser o jantar. Eu nunca sei qual vai ser o meu jantar. Talvez até nem jante e prefira comer chocolate preto.
A propósito, no ano passado por esta altura, perdi cinco quilos numa semana. Não. Não estava doente. Só triste. Não estava com boa cara. Veja-se que a imagem é muito importante para nós. A imagem que de nós fazemos, claro. E a que os outros fazem, evidentemente. Tratam-se aqui de aspectos exteriores e interiores. Será que a Cindy Crawford tem uma boa imagem de si mesma? Em princípio, todos (o resto das criaturas do mundo que sabem ler e não desconhecem que ela existe) temos muito boa imagem dela. O problema é que não dispomos dos dados todos. Também não queremos, com certeza.
A imagem exterior, aquela que só é fomentada positivamente por causa dos impactos a causar em terceiros, pode ficar reduzida a nada se toda a gente cegar. Sim, cegar à séria. Não quero dizer nada de especial com isto. Apenas que é verdade. No outro dia ouvi dizer que, num restaurante, serviram a um senhor uma salada feita com folhas de alface recuperadas do lixo da cozinha. O senhor comeu, tendo ficado bastante satisfeito. A imagem do seu prato agradou-lhe, o que teve influência no gosto sentido dos alimentos que ingeriu.