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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

RETARDADOS PÚBLICOS


Tita

26.10.11

 

Estou convencida de que os técnicos superiores da Administração Pública portuguesa são todos uns retardados. Os seus postos de trabalho são ocupados por demérito. Nestes termos, por razões de caridade, portanto. Os matemáticos, os juristas, os biólogos, os economistas, os gestores, os informáticos, os… todos os licenciados que trabalham no e para o Estado estão lá porque foram contratados por pena.

 

Sabe-se que esta gente tem a qualidade de não ser capaz de fazer nada que preste dentro da sua área de formação. São especialistas em potência sem potencial para o trabalho especializado. No mercado de emprego, estas pessoas são facilmente detetadas pelo sector privado. Fazem-lhes entrevistas, tiram-lhes a pinta e vão deixá-las à porta do sector público. Porque, numa palavra, dão prejuízo.

 

Em troca do emprego mal pago, mas demasiado bem pago, apenas se pede à generalidade dos trabalhadores públicos que basicamente “metam areia na engrenagem” e “empurrem com a barriga”. Assim tudo fica certo e bem justificado. Tem pois toda a lógica cortar nos salários e impedir novas admissões. É que o Estado pode o que pode. E agora quase não pode. Dado o défice e o Memorando de Entendimento.

 

Com o anúncio da proposta do Orçamento do Estado para 2012 ficámos a saber que os referidos parasitas vão ficar sem subsídio de Natal e de Férias até 2013. Entretanto há uma verba no orçamento destinada a estudos para o desenvolvimento e solução dos problemas económicos e financeiros do país ou isso. Estes estudos vão ser feitos por matemáticos, juristas, biólogos, economistas, gestores, informáticos… por licenciados que não trabalham para o Estado. A verba é de 100 milhões de euros. Muito mais do que os valores que o Governo não pode pagar a título dos referidos subsídios.

 

Se os técnicos superiores do público não fossem os imbecis que são não era preciso gastar este dinheiro. Os estudos ou isso eram feitos por eles e ficavam de graça.

 

O contexto é de grave austeridade. É preciso cortar nas “gorduras do Estado”. É necessário despedir todos os técnicos superiores da Administração Pública. Este Governo diz-se sério. Espera-se esta séria medida.

 

Resta lembrar que o próprio Governo é o órgão máximo da Administração Pública. E que, assim, todos os seus membros são licenciados que tecnicamente trabalham no sector público. Logo, os titulares das pastas governativas e respetivos assessores devem ser despedidos também. Porque, recorde-se, são retardados e imbecis rejeitados pelo sector privado e que assumem funções públicas porque o Estado tem pena.

 

No mais, se o PS não votar contra este Orçamento, um dia destes António José é capaz de deixar de se sentir seguro.  

VIDA A DOIS


Tita

25.10.11

 

 

Se calhar é muito infantil. Pensar em trabalho de equipa. Digo infantil porque quando era adolescente pouco mais era do que uma criança. Que adorava desportos colectivos. Sempre fui altamente competitiva e no entanto o fascínio pelo “vamos ganhar” não me largava. Era boa a ideia do “nós”. Continuo a achar que sim. Se calhar é muito infantil.

 

Tudo pode ser feito só por uma pessoa. Tudo dentro de um campo de uma determinada área. Tudo assim pode ser feito só por um que faz o mesmo que outros no mesmo campo da mesma área, tentando ser melhor ou só parecer. E é nestes termos que é possível competir. E competir é o que mais importa. Mesmo que os resultados fiquem abaixo do esperado. Dar não significa nada. Usa-se mais a palavra “colaborar” quando é mesmo preciso fazer alguma coisa com os outros. A ausência de entrega é quase permanente quando entra o “nós”.

 

Não era de competir que queria falar. Mas de entrega. Só falei nisso porque queria falar disto. Creio que a vida como corre treina as pessoas para o individualismo estúpido. Para o ensimesmamento. Para o egoísmo. Para a solidão. Para a doença. Lembro-me de ser miúda e de assumir sozinha o trabalho todo dos trabalhos de grupo na escola. Já pensei que fui em tempos uma arrogante nesses tempos. Por afinal me estar a armar ou isso.

 

Hoje, após algumas novas experiências vividas parecidas com essas, já percebo o que se passava na altura. Ninguém queria fazer nada. Era o que se passava. Tudo se puxava como se fosse para arrancar. As pessoas queriam as coisas mas não queriam fazer as coisas.

 

As coisas têm que se fazer. Senão inexistem. As pessoas são espertas e preguiçosas. Por isso acabam sempre a demonstrar uma grande falta de respeito pelos outros. Quando o resultado afecta a todos alguém tem que ser suficientemente estúpido para o atingir. Era o que eu era. Suficientemente estúpida. Para além de uma nota a dividir por todos, eu conseguia sempre um conjunto de olhares de aprovação dos outros. Era o que tinham para me dar. E eu não queria nada deles. Só a entrega que não tinham.

 

Não lhes era muito importante deixar-me convencida que era boa e que sabia. Porque eles só não eram tão bons porque não queriam. O que importava a todos era que a nota era boa e dividia-se por todos. Via-se bem os olhares de contentamento descansado. Saborear o resultado implicava também esquecer que alguém fez um esforço. É natural. Ninguém se lembra de um esforço que não fez. E todos acham que merecem quando participaram no que foi feito. Colaboraram. Quando é para o coletivo, a ideia é dar o menos possível e tirar o maior partido.

 

Há uma altura em que uma pessoa fica cansada. E questiona se vale a pena. Não sei o que vem antes. O cansaço e depois a pergunta? Ou a pergunta é que leva ao cansaço? Não sei. Sei que a pergunta com a resposta errada me faz perder a fé num projeto. Pois. Há coisas na vida que nos impedem de escapar ao trabalho de grupo e ao inerente interesse coletivo. Uma dessas coisas é, por exemplo, a vida a dois.

 

O que vale não é o que cada um vale mas o que quer valer. O que vale é a entrega. Não quanto se dá mas como se dá. E também vale a pena dar uma satisfação.

 

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