CONVERSA DE DUAS JURISTAS
Tita
01.03.12
Hoje dizia-me R, uma colega: "você é uma jurista muito diferente de mim. Aprofunda as matérias e é extremamente rigorosa. Já eu, vejo a solução, sei que é assim e depois tenho pressa em resolver a questão. Não consigo perder o tempo que você perde". Ela falava e eu ia sorrindo por dentro. Respondi-lhe: "Sabe, o seu problema é que, partindo da solução é muito mais difícil encontrar os argumentos que a fundamentam. Porque no processo simplificado do seu raciocínio passou por eles depressa demais". Não lhe disse, mas sou essencialmente como ela.
Não lhe disse porque acredito que é melhor assim. R há-de chegar à conclusão a que eu cheguei. Entretanto, está em dor com o dossier que tem na mão. A transposição de uma diretiva comunitária. Pois. Trabalho de fundo, lá está.
A conclusão a que eu cheguei. Parar de me querer livrar de tudo muito depressa. Como quem anda a fugir e não pode parar. Sentir o confronto inexistente. O medo de não saber explicar. Tudo tem a ver com o treino sobre as emoções reprimidas. Auto-repressão. Há um dia na vida em que se deixa de pensar nos processos de sentir para não sentir. Depois há como que uma infeção generalizada a todos os aspetos da vida, uma vez que foram infetados todos os elementos do ser.
Prefiro que R me veja como alguém que a pode ajudar a reverter a situação.