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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

BANDA SONORA


Cat2007

24.06.12

 

 

 

Agora vou ver música que quero passar para a “pen” para trocar a banda sonora das minhas viagens de carro. Estou farta da que lá tenho.

 

Reparei que a mesma musica é diferente se ouvida no carro. Dei por mim a passar para a frente várias que eu juraria que adorava. Penso que é dos sinais, do trânsito, dos prédios, dos outros carros. Estes elementos acabam sempre por me lembrar assuntos sérios ou deixar a refletir sobre qualquer coisa que me importa. Depois as músicas não se adequam ao momento. Ou porque me interrompem os pensamentos, colocando lá outros, ou porque me deprimem, ou porque me animam quando quero estar triste ou porque simplesmente não têm nada a ver.

 

Não há nada melhor do que conduzir sem destino muito certo com a musica adequada. Por isso tenho mesmo que ir ver agora.

A RAIZ DO MAL


Cat2007

24.06.12

 


 

 

Sobre o bem e o mal. A referência psicológica pode ser os conceitos clássicos religiosos de Inferno e de Céu.

Quando era miúda imaginava que o inferno se integrava globalmente por um circo de labaredas gigantesca e mais nada. E que o céu eram relvados, árvores de fruto e riachos. Talvez estas fantasias tivessem origem nos desenhos gravados nas “Sentinela” que a senhoras testemunhas de Geová em atividade de missão iam apresentar lá à porta de casa de vez em quando. Os bons iam para o Céu e o maus para o Inferno. Era bom quem praticasse o bem. E mau quem fizesse mal aos outros, às flores e aos animais.

 

Um dia veio-me à ideia que, podendo existir lugares muito melhores e muito piores do que este, o Céu e o Inferno também são na terra. E portanto, o Céu e o Inferno também são no Universo. Creio que entre a Terra e o resto do Universo existe uma ligação perfeita e inatingível que justifica a morte. Assim, ninguém irá para o Céu ou para o Inferno. Quanto muito, continuará em um ou outro destes contextos ou em ambos à vez. E depois disto lá se apagaram as minhas fantasias plásticas inspiradas na “Sentinela”.

 

Não é fácil dizer o que é o bem e o que é o mal. Sei que o personagem escandalosamente centrado em si mesmo é a raiz de todo o mal.

 

PORTUGAL NO PARQUE DAS NAÇÕES


Cat2007

22.06.12

 

 

Quem me conhece sabe que não seria possível apanhar-me a jantar ontem no Parque das Nações à hora do jogo de Portugal contra a República Checa. Ora, quem me conhece sabe que eu sou muito fácil de convencer. Isto porque tenho uma grande abertura de espirito que orienta a minha curiosidade e uma enorme capacidade de sofrimento que me prepara para enfrentar qualquer eventualidade. Assim, ao intervalo do jogo já não estava lá.

 

O frio foi mesmo o grande motivo. Caso contrário, haveria de lá ficar até ao fim dos festejos. Realmente, foi a primeira e a última vez mas, como o Rock in Rio, valeu imenso a pena ter ficado com esta certezinha absoluta.

 

Tive um bocado de inveja do pessoal que tinha bandeiras enroladas ao corpo, género lençol de banho mas não turco. Ainda me estou a lembrar do frio, claro. No momento próprio todos se levantaram e cantaram o hino. Como fiquei sentada e estava distraída apanhei um susto. Depois era muito natural bater palmas às boas jogadas. Ainda fiquei a refletir no motivo, lembrando-me que aquilo ali não era o estádio. Mas esqueci. A verdade é que estava a gostar do espírito único.

 

As experiencias valem pelo espirito das pessoas que as criam e vivenciam. Se não fosse o frio, não tinha ficado com o espirito cortado ao meio.

 

Sim. Gosto muito de futebol. E acho que temos uma boa seleção, o Ronaldo é extraordinário (embora o Messi seja melhor, lamentavelmente) e, com sorte, até podemos ganhar o Euro. Viva nós, então.

 

MÃE EU JÁ VENHO


Cat2007

19.06.12

 

 

 

Morreu o Miguel Portas, o Bernardo Sassetti, o Quim. E morreu a minha mãe. Por esta ordem cronológica. Se não fosse a cronologia diria apenas: morreu a minha mãe. Se não fosse o cancro diria apenas: morreu o Bernardo Sassetti - os demais estariam vivos. E eu não estava assim.

 

Mas falo de todos por causa da morte que têm em comum e a proximidade do acontecimento entre todos. Na verdade, falo de todos para não me focar na pessoa que me importa. A presença que me desapareceu. Porque só me faz sentido falar dela. Ou ficar em silêncio a falar dela. Mesmo assim, temo as palavras que uso. Além de que não tenho muitas palavras para usar.

 

Talvez isto não seja boa ideia. A minha mãe era a minha mãe. Figura não pública cuja morte só interessa a quem a sente e a quem pouco sente mas também foi ao velório e ao funeral. Não sei se é correto escrever este texto. Também não importa, fica entre o escrito e o por escrever. É melhor assim. O Quim também era um desconhecido. Era pai. Morreu sozinho em casa. Tinha bom coração e uns olhos azuis muito bonitos. Tenho muita pena.

 

Não vou dizer muitas coisas. Não posso. Apenas sublinhava as seguintes palavras: solidão e indiferença.

 

Neste último mês (foi quando se soube da doença) habituei-me a correr pelo dia para chegar ao hospital sempre e cada vez mais cedo para sair sempre e cada vez mais tarde. Todos os dias aquém e além da hora da visita - da uma às sete. Eu e o meu irmão das onze às nove. Depois o meu pai - que só soube quando não foi possivel a ninguém esconder mais. Sei que se eu não podia estar o dia todo, corria, acelerava, angustiava. Quando chegava sentia-me feliz. A solidão própria de quem está num processo de luta física contra a morte e está a perder passava-lhe um bocadinho. Creio que então era substituída pela dor de quem sente que está a abandonar os que ama e não pode. Num dia desses de corrida aconteceu que a Sara Tavares cantou "eu sei". E eu chorei muito e compreendi o que a minha mãe queria dizer.

 

No dia 2 de junho estava morta de manhã. Cheguei para a visita. O cancro chegou, instalou-se e varreu-a num ápice. Quando foi a hora de sair junto da sua cama no hospital disse-lhe o que lhe dizia todos os dias e era verdade: “mãe eu já venho”.

 

 

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