SOBRE OS DIFERENTES TIPOS DE AMOR
Tita
03.07.12
Bom, afinal de contas a Itália levou o chamado “aviamento” da Espanha na final do Euro 2012. Dai que não sei onde estava com a cabeça quando achei que havia alguma hipótese de as coisas se poderem passar de maneira diferente.
Vi o jogo a espaços enquanto carregava a pen com música para o carro, Mas pelo pouco que vi a Espanha é mesmo uma grande, enorme, equipa. Mereceu ganhar a cena. E pronto.
Quanto a nós, ficamos à espera de Mourinho. Pelo menos eu fico. Por razões óbvias.
Ando para aqui com os pensamentos de tal modo ocupados em busca dos momentos, razões, explicações, expetativas e a localização atual da minha mãe que não dei conta de antecipar o quer seria mais natural para acontecer agora. O meu pai foi parar ao hospital, e está internado, com um princípio de AVC.
Claro que após tomar consciência do facto pareceu-me também lógico que não resistisse. É que ele amava-a. Muito para além do tempo de convivência, das conveniências de estarem juntos, do hábito e dos hábitos. Amava-a porque “sempre lhe foi fiel” e “não a trocava por nenhuma outra mulher”. Amava-a porque gostava dela no seu pior.
Percebo-o era no seu pior que a minha mãe fascinava. E o pior dela era o ótimo de muita gente. O pior de Maria era querer e ser livre. Nem que para isso tivesse que negligenciar, ignorar ou repudiar as pessoas da vida dela. E a ele especialmente. Nunca houve problema. Toda a gente se apercebeu disso a tempo. Assim, há muitos anos que ela só fazia o que queria. Mesmo só o que queria. E era amada assim. Assim como é lembrada.
Agora ia explicar que a necessidade de liberdade da minha mãe tinha só a ver com o poder de decidir. E que muitas vezes, quando era necessário, não ia e ficava. Mas não me apetece mais escrever sobre ela. E sobre ele. Sobre os dois. E nós. É demasiado privado. Vou-me ficar incompleta.
Claro que a pen está com a banda sonora do meu momento. Porém, toda a gente pode ouvir e gostar sem desconfiar do que se trata. Mesmo havendo ali musicas que parecem para disfarçar e que se referem a “hot legs”, por exemplo. Não são. Correspondem aos momentos em que tenho que me libertar deste enredo que o meu cérebro vai construindo.
Em cima está uma coisa que se chama “lost in space”. Sou eu a falar com ela.
Agora ando a perspetivar a nova temporada de futebol. É desta que o Benfica vai arrasar. Aguarda-se.