SUBSÍDIOS, AMOR E CARROS PARTIDOS
Tita
05.07.12
Hoje fui para a praia. Á saída bati num poste. Ficou com um aspeto que dá pena. Mas foi apenas sobre a roda dianteira do meu lado. Péssimo. Mas podia ser pior. Sei que há pior que péssimo só não sei qual é o termo. Veio um tipo saber o que se passava e disse: “há coisas piores”. Ao que eu respondi em tom além de convicto: “a morte é muito pior”.
Depois fui ao cabeleireiro e não havia hora. Ou a hora que havia colidia com a hora da visita do meu pai. Resolvi ir a pé para o hospital. O carro já tinha ido.
É muito importante respeitar as horas estipuladas para seja o que for no Hospital Curry Cabral. De manhã levei praticamente um “arraso” por estar ali fora da agenda. Ía lá para lhe dar um beijinho de corrida antes de ser expulsa. Apesar de ter transgredido todas as entradas, não dei com ele no quarto e assim quase não valeu a pena.
No entanto, falei com o médico. A perda de visão não tem nada a ver com o AVC mas com uma complicação com as lentes intraoculares da operação às cataratas de há mais de 10 anos. Ele já disse que se for preciso operar volta à clínica do Porto. Concordei absolutamente. De resto está bem. E doido para sair. Mas ainda faltam fazer vários testes, pelo que só para a semana. Nestes termos já não vamos juntos para Vieira.
Eu e o António estivemos a ouvir as histórias do nosso pai sobre a nossa mãe. Tudo por causa da enfermeira. Tinha-lhe sugerido que talvez fosse boa ideia substitui-la por outra mulher. Respondeu-lhe que se tratava de pessoa insubstituível e acrescentou: “Respeitei-a sempre em vida. Vou respeitá-la sempre na morte”. A enfermeira calou-se. Ás tantas eu disse: “Sabe pai, as pessoas procuram alguém que as ame assim”. Depois ele explicou que um casamento em que uma ou as duas pessoas andam ou apenas dorme com as outras “não é um casamento verdadeiro mas uma forma de estar na vida”.
Quando cheguei a casa o telejornal apresentava uma “Ultima Hora”. O Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade da lei dos subsídios por violação do princípio da igualdade. Ou seja da norma do OE que suspendeu os subsídios de férias e Natal dos pensionistas e dos funcionários públicos. Fiquei contente. É de ficar quando vinga o princípio da igualdade.
Antes de mais, trata-se aqui de uma derrota política do Governo. Claro que o TC não emitiu nenhuma decisão política. Porém o Governo sim quando, para reduzir a despesa do Estado, decidiu por esta medida e não por outra (e.g. renegociação potestativa das PPP). Assim, fez uma escolha eminentemente política. Uma decisão fácil, rápida e incompetente. O Governo era obrigado a saber que violava a Constituição. E talvez soubesse mas a arrogância cega.
Passos “Coêlho” não toma decisões em cima do “joêlho” (é assim que ele fala) diz que agora que em princípio vai arrecadar a verba com que contava em 2013 através de imposições a todos os portugueses. Ou seja, vai diluir a receita por todos. Sim. Assim respeita-se o princípio da igualdade. A questão é que isto vai ter custos políticos muito mais elevados para o Governo. Aqueles que pretendia evitar, portanto. No entanto, e então as PPP?
Seja como for, o que Coêlho diz vale o que vale, como sabemos. Aliás porque “vamos analisar cuidadosamente a fundamentação do acórdão para ver a estratégia que deveremos adotar”. Can’t wait to see.