PELO OLHO DA TEMPESTADE
Tita
14.09.12
Voltando à vaca quente, a entrevista de Passos Coelho. Pois nada. Falou, falou. Foi inquirido foi inquirido. Resultado: nada. Nada de novo. Nada a mais do que tinha dito na famigerada sexta dia 7. Nada a mais do que Gaspar disse. Daí que me distrai imenso.
Portanto, se houve alguma coisa, foi a menos. Parece que “os rendimentos mais baixos” vão escapar á subida da TSU para os trabalhadores. No entanto não foi esclarecido o que são “rendimentos baixos” para aquela cabeça. Claro que há uma suspeita. É tudo o que ficar abaixo do ordenado mínimo nacional.
Ontem tivemos, pois, o Primeiro-ministro igual a si próprio. Incompetente, não muito inteligente e, assim sendo, inconsciente e seguro do que vai fazer.
Neste quadro, dá ideia que estamos perante a teimosia de alguém que se julga uma espécie de homem do leme. Do comandante de um navio que tem o barco a derivar na circunferência de uma intempérie e insiste em rumar para o meio dela porque por ali, diz ele, é o caminho mais curto para a saída. Este personagem acredita, assim, que “o olho da tempestade" não lhe vai destruir o barco.
E nada teme. Com certeza. O barco não é dele.
Ontem os analistas, entre outras coisas, perguntavam porque razão, perante este nada, foi o Coelho dar a entrevista. A resposta é simples. E está atrás. Porque é teimoso e estúpido (um teimoso é sempre estupido. E um estupido é normalmente muito teimoso).
Passos chamou os jornalistas à residência oficial para dar a imagem do grande estadista que, em momento de grandes dificuldades, deseja sublinhar os seus pontos de vista, delineando o caminho mais certo. Para voltar a salientar os méritos que existem em seguir pelo “olho da tempestade”, repito. Conseguiu.
Conseguiu portanto provar a toda a gente que é um péssimo Primeiro-ministro, deixando bem patente que o “barco”, o destino dos “passageiros” e a vida da “tripulação”, tudo isto... tudo isto lhe é indiferente.
Passos está a viver uma ego trip dos diabos, pois.
E no entanto vai continuar “em nome da estabilidade. Porque seria económica e financeiramente devastador para o país ter uma crise política” a esta hora.
Aliás, já hoje Almeida Santos dizia “é melhor um mau Orçamento do que Orçamento nenhum, pois se o Governo caísse teríamos de viver de duodécimos. Seriamos conduzidos à bancarrota”, blá, blá, blá. E, por seu lado, António Barreto gemeu: “eu imploro” que as forças políticas cheguem a um entendimento.
Pois eu imploro que, ao menos, Cavaco seja capaz de mandar o Orçamento para o Tribunal Constitucional. Para vivermos só com um Orçamento mau.