EM NOME DA INSTABILIDADE
Tita
17.09.12
Repare-se no ar cansado.
Sabe-se hoje que a medida da TSU foi preparada e levada ao conhecimento de Paulo Portas, que em seguida foi para o Brasil em trabalho de Ministro dos Negócios Estrangeiros. Ou seja, ainda que não tenha concordado, não confrontou a medida. Não se bateu contra ela, à porta fechada e no seio do Governo, como era devido. Assim como também não o fez perante a opinião pública, como agora achou por bem fazer. Tudo isto em nome de um sentido de “patriotismo” mal encenado. Porque o que afinal fez foi primar pela ausência. Paulo Portas não esteva no país quando, bem sabia, a medida ia ser apresentada.
Talvez Portas estivesse a contar com o habitual conformismo unânime e nunca com a unânime revolta a que se assistiu, pensando assim que passaria despercebido no intervalo dos pingos da pouca chuva que cairia. Mas afinal foi uma tempestade. E afinal todos viram que ele também era “um dos grandes culpados” da mais absurda, cruel e injusta medida de austeridade que Portugal alguma vez já conheceu. Passos Coelho dixit.
Neste quadro, era fácil de prever que Portas, sem sentido de Estado, se iria demarcar do Governo e aproximar-se do eleitorado, o que fez ontem quando falou. Porque desmentiu Coelho em toda a linha e ainda aproveitou para o mandar rever a medida na concertação social. Foi engraçado ouvi-lo dizer o “Governo tem que…” como se estivesse a falar “deles”. Como se fosse um líder da oposição. E assim Paulo Portas fez estalar a crise política que “tinha de ser evitada porque os interesses de Portugal estão acima dos de qualquer partido e de qualquer pessoa”, segundo dizia.
Agora o PSD vai responder. Tudo estará esclarecido até quarta-feira. O maior partido da coligação vai reunir magnamente. E dar uma resposta pública aos seus parceiros de Governo do CDS. O que dali vai sair, dado o perfil desta gente? Nada. Apenas um mero desmentido do desmentido de Paulo Portas, cujo sensível ego contra atacará. Tudo. A coligação tem os dias contados.