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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

BECO SEM SAÍDA


Tita

09.09.13

 

 

Podia falar do filme da Sandra Bullock. Porque fartei-me de rir. Mas é só isso. Fartei-me de rir.

 

No sábado a praia estava má. Muito vento. E tarados nas dunas. Claro que tudo isto pode ter exclusivamente a ver com a praia que escolhi.  Podia falar um bocadinho dos tarados. Mas quem se importa com eles? Só aborrecem. Mais nada.

 

Podia dizer que tive que estar a esconder-me de uma pessoa conhecida no parque de estacionamento. Não era minha conhecida. Mas fui solidária. Compreendo estas coisas. Mas é só isso. Um contratempo.

 

Ia dizer qualquer coisa sobre becos sem saída. Mas aqui prefiro calar-me. Porque, tenho a certeza, as palavras não vão sair.

 

A verdade é que não estou com vontade de falar de mim.

 

O NOSSO TRABALHO


Tita

05.09.13

 

Tive uma amiga que sabia o que gostava de fazer na vida. E era boa nisso. Enquanto fez. Depois as coisas complicaram-se e ela deixou de poder trabalhar no que gostava e sabia para ir fazer uma coisa completamente diferente. Para se sustentar. Salvo as exceções conhecidas, todos temos que trabalhar para viver.

 

Desde aí começou a beber. Por causa da dor. E bebeu durante muitos anos. Até não poder clinicamente mais. Sabe-se que beber é uma das formas que existem de conviver com o denial vital. Certamente que em muitos casos bebe-se para sobreviver. Os sem-abrigo fazem isso, por exemplo. Num processo que leva à morte, bebem para não morrer imediatamente da lucidez. O organismo tem limites para a dor.

 

Mas se todos temos que trabalhar para viver porque razão a maioria de nós não bebe para esquecer o facto? Gostamos do que fazemos? Creio que sim. Que é isso. A maioria de nós não gosta em especial de nada de especial. Por isso gosta do que tem sem estar apaixonado. Somos diferentes da minha amiga.

 

A paixão pelo trabalho é de matar qualquer um de inveja. A falta de paixão no trabalho é apenas um facto comum e bem aceite. A necessidade de paixão no trabalho pode levar uma pessoa a escolher a companhia mais ou menos permanente de uma garrafa de whisky ou outra coisa que tal. Tudo depende de como nos corre a vida.

 

A CIGANA DA CASA DA MOEDA


Tita

04.09.13

 

Andava a vender utilidades às pessoas que passam no jardim ao pé da Casa da Moeda. Naquele dia à hora de almoço eu estava ali sozinha e apetecia-me conversa. Por isso paguei 30 € por uns Ray Ban evidentemente falsos e por uma pulseira feia. Acredito que devemos pagar por aquilo a que atribuímos valor. E eu precisava de conversar. Há dias assim.

 

Graças às mensagens dos meus olhos consegui retê-la para além do tempo em que demorámos a fazer a transação. Falou-me logo abertamente da infelicidade a que se resumia toda a minha vida. Era inveja. Disse coisas assustadoras. Tinha poderes para ver tudo de mim através dos meus olhos. Eu ia dando graças a Deus por isso. Já estávamos sentadinhas no banco de jardim. Era boa a sensação.

 

Claro que ela queria 1000€ para me salvar. Mas isso não me incomodava. Perguntei se por acaso ela era feliz. Encheu o peito e disse que sim a sorrir radiosa. Depois, não sei porquê, revelou-me que os seus poderes não podiam ser usados em proveito próprio. Pois claro.  Eu achei que ela devia ter um casamento infelicíssimo. Vi nos olhos dela.  

 

De qualquer forma, informei que não tinha 1000€ para lhe dar. Não acreditou. Por isso continuou a conversar comigo. Esteve aliás a falar comigo até se convencer que não dava mesmo. Nem dinheiro, nem joias. Foi quando me abandonou. Pelo meio ainda lhe perguntei se sabia ler a sina. Disse-me que não. Só os olhos. Fiquei desmoralizada.

 

Há dias em que nos sentimos mesmo mal.

 

DE REGRESSO


Tita

04.09.13

 

 

Como se repara, e alguém haverá de reparar, há muito tempo que não venho aqui. Não que não sentisse a falta ou deixasse de me lembrar disto regularmente. Mas há muito tempo que não venho aqui. Esqueci-me das razões pelas quais vinha. E quase que deixei cair de vez. Agora que estou a ver se chego começo logo por dizer coisas difíceis de explicar. Esqueci-me das razões pelas quais vinha.

 

Lembro-me que aparecia aqui para escrever o que me passava pela cabeça. Não tinha assunto. Era qualquer assunto. Eram coisas que eu pensava sobre as coisas. Escrevia e fazia-o com uma energia que esqueci. Portanto, esqueci-me das razões pelas quais vinha. Durante largo tempo. Mas agora já me ocorrer qualquer coisa. Partilhar.

 

Creio que muito do que fiz aqui foi partilhar. Não sei, claro, porque há-de alguém interessar-se pelas minhas partilhas concretizando-as. Sinceramente não sei. E é esta falta de fé, este ir deixando de saber que me foi distanciando daqui.

 

No entanto, resta-me a necessidade. De escrever. Não é isto que faço na vida. Escrever. Faço outras coisas que me obrigam a escrever. Mas coisas diferentes de escrever. Na minha vida escrevo como quem monta um puzzle. Há um desenho previamente concebido e o trabalho está todo em descobrir como se encaixam as peças. Dá trabalho e pode ser complicado. Mas há uma regra. Um comando exterior. Um elemento não criativo crucial. Um trabalho impessoal. Isto é escrever sem escrever. Não é disto que eu falo quando falo em escrever.  

 

Agora vou parar este post. Já volto para falar da cigana da Casa da Moeda.

 

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