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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

SONHOS


Tita

21.11.13

 

 

 

Ando a sonhar todos os dias. Sei disso porque acordo e lembro-me de algumas coisas. Embora nunca muito organizadas. Gostava de me lembrar dos sonhos todinhos e sequencialmente. São pequenas estórias com um princípio meio e fim que importam. Porque são vividas. De uma outra forma, mas são vividas. Já me contaram que é possível ter orgasmos a dormir. Ou melhor, a sonhar. Eu nunca tive essa sorte. Declaro.

 

Agora gostaria muito de dizer: “hoje sonhei com…” . Mas como já disse, não me lembro. E assim fica difícil continuar a escrever sobre o mundo dos sonhos. Porque eu só saberia escrever sobre o meu mundo dos sonhos. Não sei nada de interpretação dos ditos. Nem quero muito saber. Apesar de ter consciência de que a coisa não constitui uma charlatanice se for feita por terapeutas competentes. E não por astrólogos. Logicamente.

 

Tenho aqui ao lado uma mulher que quando expira enche os pulmões de todos com dióxido de carbono. Além de que, ao mesmo tempo, dá a impressão de que está irritantemente a empurrar toda a gente pelo braço. Raramente se cala. Mas quando isso acontece, mexe-se. Mexe-se alto. Mexe-se agitado. Mexe-se como quem vai dizer alguma coisa a todo o instante. E é isso que sucede. Evidentemente. Começa a falar. Fala das suas coisas. Das suas receitas. Do seu filho. Dos seus processos. Das suas angústias e ansiedades. Dela. O que importa é ela.

 

Mesmo que se sonhe um pesadelo, mesmo assim, muitas vezes é melhor estar a dormir. Ao menos quando se acorda já passou e está quentinho. Quando não se dorme, estamos acordados, a coisa não passa e está um frio de rachar para hoje.  

 

LADO NEGRO


Tita

18.11.13

 

 

Até há pouco tempo eu planeava os temas a partilhar em cada sessão de psicoterapia. “Hoje vou falar disto”. E assim fazia. Não é difícil dominar uma sessão se começarmos a falar do início das nossas experiências sexuais, do que sentíamos. Dos nossos pais quando eramos pequeninos. Quantas vezes nos deram colo, etc. Tratava-se de uma forma de tentar evitar a todo o transe de mostrar o meu lado negro. Que a aparecer, poderia acabar com aquela relação de afeto. Uma psicoterapia baseia-se numa relação de afeto entre o paciente e o médico. E o meu médico podia deixar de gostar de mim por afinal vir a descobrir que eu sou uma pessoa muito má. Andei com esta fantasia na cabeça durante todo o tempo em que estive com o meu médico, que morreu, e mais algum do que tenho vindo a empregar com a médica que o substituiu.

 

Até que percebi que o meu lado negro já se apresentou a toda a gente. E não mete medo a ninguém. Sobretudo, não me mete medo a mim. Talvez por isso tenha acabado por decidir naturalmente deixar-me de manipulações e também de perder o medo de ficar bloqueada em silêncio. Uma pessoa bloqueada em silêncio, se é voluntariosa como eu, pode facilmente ser apanhada com uma pergunta certeira que não imagino qual seja. Apanhada no lado negro. Pode sair um bocadinho do lado negro. Bom, mas como disse, acordei e já dei com o lado negro. Não mete o respeito suficiente para se excluída de coisa nenhuma.

 

Por isso agora estou noutra atitude. Vou a caminho de lá e pensando sobre as coisas que vou vendo. Rabos. Olho imenso para o rabo das pessoas. Fascinam-me rabos grandes especialmente. E dos homens em particular. Um rabo grande ocupa-me vinte minutos de pensar. Olho para rabos mas não é com desejo ou repulsa. Não ligo a rabos bonitos. E tenho curiosidade sobre os feios. Faz-me pensar no que foi preciso fazer para chegar aquele ponto, o estilo de vida da pessoa, se tem filhos, como se sentirá na praia, se não se importa minimamente, como é com os namorados. Enfim, há gostos para tudo.

 

POSSO FAZER UMA PERGUNTA?


Tita

13.11.13

 

A minha cabeça não para de se encher. São pequenos episódios do dia-a-dia ou pequeninos nadas do quotidiano que não interessam a ninguém. Mas a mim interessam. Fico a pensar nestas coisas. Talvez devesse ocupar-me com leituras técnicas ou livros de arte. Mas não me apetece assim de repente.

 

Notei que a abordagem dos vendedores de cartões de crédito que estão nos centros comerciais, dos vendedores da revista Cais, dos pedintes e pedinchões em geral é exatamente a mesma.

 

Ontem no Atrium Saldanha aproximaram-se de mim. Era um vendedor de cartões de crédito. “Boa noite”. Apressei-me a seguir o meu caminho, enquanto ia fazendo que não. Não queria um cartão de crédito. Tenho o meu. “Posso fazer uma pergunta?”. E eu. “Não posso”. Bati no relógio e andei.

 

Hoje à hora do almoço vem um vendedor da Cais. “Boa tarde.” E mostrou a revista. E eu. “Não, obrigada”. E ele. “Posso fazer uma pergunta? E eu. “Não posso”. E bati no relógio.

 

No outro dia uma romena que parecia tal e qual uma cigana queria vender-me qualquer coisa. Era uma pedinchona. E eu. “Não”. E ela, posso fazer uma pergunta. E eu. “Sim”. Pediu-me dinheiro para comer. Lixou-me.

 

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