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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

Blue is the warmest colour


Tita

30.12.13

 

 

 

Sempre imaginei que se fosse cega não seria claustrofóbica. Porque não teria noção do tamanho dos espaços fechados. Acho eu. Só que não sei muita coisa sobre cegos. Por isso é difícil para mim falar. De qualquer forma, sei que as pessoas são um bocado distraídas e acham que os cegos também são surdos. E portanto, não lhes falam quando passam por eles ou fazem as fofocas mais indecentes na sua presença.

 

Mas mudando de assunto dos cegos, quero dizer que não por acaso a claustrofobia lixa-me um bocado a vida. Só consigo enfrentar elevadores, aviões, túneis e parques de estacionamento subterrâneos se tiver tomado para aí uns três Xanax.

 

De qualquer forma, é verdade que o medo de ter medo é bem maior do que o medo que realmente sinto quando estou nesses lugares. Claro que o Xanax ajuda. Mas não é só isso. A minha claustrofobia é de segurança. Preventiva. Ou seja, quase que não é verdadeira. Ou melhor, não é verdadeira em grande medida. O medão é um medinho.

 

Isto parece uma baralhada. Não estou a escrever em direção ao assunto. O que eu quero dizer é que tenho muitos receios que se condensam todos num só. A claustrofobia. Assim é mais fácil viver. Por exemplo, é melhor ter medo de espaços fechados do que de amar.

 

Continua a baralhada. A ver se eu desato este nó. Estava a pensar que a Vida de Adéle é um ótimo filme. Mesmo que dure três horas. Como é sabido, trata-se de uma história de amor entre duas mulheres, sendo que uma delas é uma desgraçada de uma adolescente. É a Adéle.

 

Adéle é uma miúda só. Bonita. Vê-se pelo ambiente em casa dos pais em que as pessoas comem a ver televisão e não trocam palavra. Adéle é uma miúda carente. E de baixo estrato social. Um dia apaixona-se por uma rapariga de cabelos azuis com um incrível ar de lésbica. Também bonita. Envolvem-se de uma forma feroz, carnal, “indecente”. A de azul era das artes e upper class. Atropelou a Adéle que ficou anos a gostar dela de uma forma dolorosa, pungente. É assim que acaba o filme.

 

Passe o facto de ter estragado a surpresa de quem não viu e ainda quer ver, o que é que isto tem a ver comigo? Tem a ver que quando eu tinha 18 anos fui atropelada de uma forma assim parecida, sendo certo que a minha claustrofobia piorou bastante desde aí. E, na verdade, de um certo ponto de vista, fiquei a ver pior.

 

REJEIÇÃO


Tita

14.12.13


Quando era pequena o meu pai deixou de ser o meu papá. Foi assim de repente. Acabaram-se as histórias para dormir, as idas ao parque, o colo, as brincadeiras... E ao mesmo tempo apareceu um homem desligado, mau, autoritário. Foi assim de repente. Era o amor da minha vida. Morreu. Apareceu outro. Tinha os seus motivos. Que eram fortes. Mas eu desconhecia. E passei a não gostar mais dele. E sofri de abandono e medo. Tudo se tornou confuso. E perdi-me emocionalmente. Depois cresci e passou. Hoje já gosto dele outra vez.

 

Só conto isto para explicar  porque razão as rejeições que sofri mais tarde na vida foram, umas mais do que outras, demasiado dolorosas. 


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