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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

LUZ


Tita

24.01.14

 

 

Dirigia-me para o trabalho depois de almoço. Ia sozinha e as pernas pesavam-me. Vi uma rapariga que, imaginei, poderia estar desempregada. Senti inveja dela. Se ela fosse desempregada. E vivesse nesse abismo. Agora tenho inveja de pessoas que vivem no abismo. O que é quase pecado. Mas é assim.

 

São muitas horas a fazer o que não queria muito. Em tempos disseram-me que fazia bem qualquer coisa. Qualquer coisa não. Mas muita coisa sim. Parece-me. Assim, faço bem o que não queria muito. E não faço muito daquilo que gosto. Porque são muitas horas a fazer o que não queria muito. Repito. Depois falta o impulso. Porque se metem travões ao envolvimento no que dá prazer. Por causa da falta de tempo livre.

 

Tempo livre é tempo de liberdade. Não é o tempo em que não se está a trabalhar. Por causa do stress, uma pessoa não se liberta do trabalho no tempo que tem livre para não trabalhar. Por isso é que, por exemplo, fazer férias repartidas é tão violento. Violento na volta.  Ou os domingos são como são. Claro que falo por mim. Não sei se a generalidade das pessoas sente estas mesmas coisas. E como não sei, não generalizo.

 

Reli agora o que escrevi para trás e fiquei suspensa na ideia de que aquelas palavras dão ideia de que existe uma situação enrolada como a pescadinha ou tão desesperante como uma rotunda sem saídas. A verdade é que uma pescadinha de rabo na boca costuma ser logo degolada e endireita-se e não existem rotundas sem saídas se as mesmas tiverem entradas.  Ou seja, as saídas são pelas entradas. E vice-versa.

 

MUDAR


Tita

17.01.14

 

 

Mudar. Em algumas situações é impossível mudar. Por exemplo, os caracóis não mudam nada. E se mudarem de casa morrem ou já estão mortos.  

 

Para as pessoas em geral, mudar só é bom quando é óbvio que fará bem. De resto, não é grande coisa. Pelo menos em prespetiva. Com exceção da doença muito grave, acredito que todas as mudanças trazem coisas boas. Mas isso só se vê depois. Quando for feito o balanço de perdas e ganhos. Antes de mudar seja o que for ou seja para o que for que não seja obviamente bom, o que existe é desconfiança.

 

É que há todo um mundo particular cheio de coisas conhecidas. Não interessa se algumas são menos más e outras são menos boas. O que importa é que já sabe mexer com elas. Que estamos adaptados a elas. Há rotinas. Não é confortável mudar rotinas. As rotinas são trilhos que marcam um caminho orientado. As pessoas não gostam de perder o trilho. Porque se desorientam. E mesmo que não se desorientem têm medo de se desorientar.

 

A verdade é que na vida tudo se altera constantemente. Lenta ou bruscamente. De forma visível, ou não. E que não há outro remédio senão mudar. A sensibilidade, os padrões, as conversas, as ruas, os carros, a escova de dentes e o pijama.

 

A propósito de mudança ou de imutabilidade, há quem fale em traves mestras da personalidade. Como se fossem pilares indestrutíveis ou imutáveis do espirito. Na verdade são apenas aspetos sublinhados da personalidade. Que podem não mudar durante muito tempo e por isso sustentarem a nossa  maneira de ser. Mas se for mesmo preciso também eles mudam. É uma questão de sobrevivência. Porque, aliás, quem não muda, não se adapta e quem não se adapta morre, como diz o ditado. 

   

Um péssimo domingo de inverno


Tita

06.01.14

 

 

 

O que é chato nisto de ir ao cinema ver um filme chato é que uma pessoa fica preza se não optar por sair a meio. Os filmes chatos imperdíveis são aqueles para ver em casa. Pode-se falar, fumar, ir à cozinha e adormecer.  Vive-se.

 

Este fim-de-semana atravessei um filme  chato. “12 anos escravo”.  É candidato aos Óscares. Não sai do cinema. Mas talvez haja muita gente que adore o filme. Daqueles planos parados e concretos dos olhos, dos sítios, das máquinas, das feridas, da água, do chicote. No mais, o tema é interessante, por isso… não sei.

 

Ontem morreu o Eusébio. Hoje à hora de almoço estive a ver na televisão a homenagem que lhe foi prestada no Estádio da Luz. Depois, quando eu vinha a chegar à Av. da República já estavam as motas da polícia a condicionar o trânsito para ele passar. Havia imensa gente. Não fiquei para ver. Tive pena.

 

Ontem, domingo, foi um mau dia de inverno. O carro avariou, o computador avariou, o filme era chatíssimo e morreu o Eusébio. Por esta ordem de prioridades. É assim que nós somos. O mais importante é o que fica mais perto. O carro está mais perto do que o computador la de casa no sentido em que se anda mais de carro do que se usa o computador lá de casa, o filme são duas horas e meia de vida parada e o Eusébio era o Eusébio mas não era lá de casa.

 

Entretanto foi só a chave do carro que descodificou, o computador foi reativado, o filme passou. E o Eusébio morreu. É o que afinal fica de realmente significativo deste péssimo  dia de inverno.

 

 

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