ESTAVA-SE BEM ERA NA PRAIA
Tita
03.05.16
Registe-se que está calor. Estou farta de ouvir coisas. “Estava-se bem era na praia”. “Está este tempo e temos que trabalhar”. “Quem me dera estar estendida ali na relva com o meu livrinho, que estou quase a acabar”. Estas coisas. Penso que tal vez gostasse de estar na praia. Mas não tanto que me dê para fazer comentários do tipo indicado. Acho que hoje é terça e tenho que trabalhar. Não importa se está calor, ou não. O dia está bonito. É melhor trabalhar num dia bonito do que num dia feio. Se temos mesmo que trabalhar. Quando estiver de férias com bom tempo, a ideia de trabalhar há-de parecer-me uma ofensa.
Entretanto, quem queria estar com o seu livrinho estendida na relva, depois de dizer antes que queria estar na praia, revelou posteriormente que não queria ir para a praia porque está gorda. Não tenho paciência para discutir o assunto das gordas e dos gordos. Porque é que engordaram. Porque não fazem dieta. Essas coisas. Apenas me ocorre que as pessoas têm que se assumir. Não entendo porque razão se há-de juntar um estado miserável a outro. Estar gordo e deixar de ir à praia. Não consigo imaginar o estado de espírito perante este estado de coisas. Em resumo, as pessoas são como são ou estão como estão. Mas devem ir à praia. Se era isso que desejavam. Parece que cometi aqui um erro, não é? “Mas devem ir à praia. Se era isso que desejavam”. Não. Não é um erro. É mesmo assim. Porque desejavam mas não vão. Espero que me entendam.
Passei a hora de almoço a jogar Bubbles. Sim. Eu sei que é idiota. Mas distrai-me a cabeça. Digo isto. Mas não que me pareça que tem importância. Antes pelo contrário, trata-se de encher o texto. Como, de resto fiz até aqui. O meu trabalho neste blog consiste em encher os textos. A maior parte deles com coisas sem importância como este. Sei que algumas pessoas leem. E fica-me sempre a interrogação sobre o que acharão. Por vezes pergunto-me se leria um blog destes. E a resposta é positiva. Leria porque me identifico com esta forma de encher textos. Se isto não revela amor-próprio, mostra, pelo menos, alguma simpatia própria.
Estava na hora de fazer descer o Xanax. Foi por isto também que vim aqui hoje escrever. Não me apetece nada abrir isto e ser assaltada pela palavra ANSIEDADE. Parece que estou doente. Ou lá o que é. Todos os dias abro o blog. Sobretudo para ver se há novos comentários. Com efeito, este blog não tem praticamente comentários. Daí que é gravíssimo se aparecer um comentário estúpido ou desajustado. Por isso tenho de estar atenta. Mas como dizia, como tenho que vir aqui todos os dias, não me apetecia já mirar-me na palavra ANSIEDADE. Creio que se intui porquê.
Sobre os comentários, pergunto-me se gostaria de ter mais. E respondo-me que talvez não. Embora, por um lado, sim. Pelo lado que sim, gostaria só de saber que tipo de pessoas existem por aqui. Pelo lado talvez não é que assim tenho a ilusão de que estou só a desabafar.
Um dia destes escrevo qualquer coisa sobre DESABAFAR.