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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

NÃO GOSTO DE DESCAPOTÁVEIS


Tita

25.06.16

 

Hoje vou ao cinema ver a “Dory”. É um género animação comédia que faz o meu género. Vou a uma sessão cedo porque quero estar em casa à hora do Portugal-Croácia. Agora, podia falar um bocadinho da seleção. Mas não me apetece. Gosto muito de futebol. Mas detesto falar de futebol.

 

Estou a pensar ir às festas do “colete encarnado” em Vila Franca de Xira. A ideia surgiu porque há uma pessoa no Grupo Café Expresso que costuma anunciar os eventos que se passam em Vila Franca de Xira. De resto, há alguns anos já lá estive e gostei muito. Porque gosto de cavalos sobretudo.

 

Tenho o carro a arranjar. Porque os hidráulicos da capota avariaram. Seja lá o que isso for. Estou um tanto aborrecida porque agora estou sem carro. Sempre temi que a capota avariasse. Nas minhas fantasias, ela iria ceder no meio do percurso de abrir ou fechar e depois eu tinha que andar com o carro com a capota meio aberta. O que é uma vergonha. Ter um descapotável é uma vergonha. Devo dizer. Porque as pessoas não resistem a deitar uma olhadela nos sinais. E eu fico sem saber onde me meter. Para dizer a verdade, estou um bocadinho farta deste carro. Só tem dois lugares. Para além da questão da vergonha de que falei. Já por isso raramente abria a capota. O que terá provocado a avaria nos hidráulicos. Não sei se, ao dizer estas coisas, não estarei a passar uma ideia errada. Do género, a tipa está a exibir-se porque tem um descapotável. Mas juro que não. Eu raramente abria a capota, sublinho. Também tinha a fantasia de ir de capota aberta e o carro avariar por qualquer motivo. Então, pensava que é humilhante ter um carro exibicionista avariado. Enfim. Queria o carro de volta mas é porque me faz falta. E não para andar ai de cabeça ao vento. Embora, evidentemente, o vá fazer. Uma vez ou outra. Para não passar muita vergonha. Na verdade, eu gosto de descapotáveis mas é nos outros. Como se gosta dos filhos dos outros.

 

De resto, vou agora encher uma pen de música para levar para o carro quando estiver pronto. Lá está. Quando se tem um descapotável também é preciso ter cuidado com a música. A altura a que se ouve. Convém ouvir baixo. Senão parece que estamos no meio de uma banca de sardinhas nas festas da cidade de Lisboa ou do Porto.

 

Resta dizer que nunca o carro avariou com a capota aberta. E também que, desta vez que a capota se estragou, ela não chegou a abrir. Portanto, nunca se concretizaram as minhas mais negras fantasias descritas. É bom ser contrariada pelo destino. Eu que tenho sempre as piores expetativas.

 

Uma vez uma amiga minha disse-me que eu pensava da maneira que me dava mais jeito para não sofrer muito na hora das notícias. A verdade é que eu ando sempre metida em coisas de sim ou não. Por isso estou sempre a aguardar notícias.

 

MÚSICA MOZART


Tita

22.06.16

 

Gostava de escrever alguma coisa com alguma piada. Mas sei que não vai acontecer. Há pouco estava um tanto melancólica e travada de pensamentos. E fui ouvir umas sinfonias de Mozart. Fiquei mais bem-disposta. Entretanto, o disco acabou e resolvi colocar Chopin nos meus ouvidos. Neste momento estou com Chopin nos meus ouvidos. E acabou-se a boa disposição. São os Noturnos. Até estou a ficar um bocadinho angustiada. No entanto, já passou para ai uma meia hora e eu não tiro o disco. Parece que gosto de sofrer. Porém, agora que estou a dizer isto, e vejo a estupidez, decido que vou já tirar e voltar às sinfonias. Só um momento. Pronto. Já está. De facto é outra coisa. É para cima. Plena de energia. Faz lembrar o sol e passeios ao sol e a rir. Se não fosse o Mozart, eu não estaria aqui a escrever. Como se depreende do que atrás ficou dito. De qualquer forma, não tenho muito mais a dizer por agora. Pelo que vou ficar por aqui.

 

ESPERANÇA E FÉ


Tita

20.06.16

 

 

A esperança é um sentimento muito parecido com a fé. Porém, apenas aparentemente. A fé é uma crença irracional na produção de um evento de muito difícil concretização. A esperança difere da fé no ponto em que, sendo utilizados mecanismos racionais, ela como que fica manchada por laivos de pessimismo realista. Por isso, a fé pode levar a crença ao ponto de esta incidir sobre a possibilidade de produção de milagres. Enquanto a esperança exclui o milagre do seu espetro. Acresce que a esperança se baseia num não acreditar que constitui precisamente o oposto da crença que dá substancia à fé. Porque a esperança é uma expetativa sobre uma possibilidade diminuída de facto ou considerada diminuída.  

 

Em face do exposto, devo referir que no meu viver regular e contínuo sou uma pessoa de esperança. Racional e pessimista, portanto. E, no entanto, acredito em Deus.

 

HÁ POUCO FUI FUMAR UM CIGARRO


Tita

06.06.16

Há pouco fui fumar um cigarro. E dei-me conta de que o tempo está perfeito. Era bom que não houvesse nada para fazer. E poder sair para junto do mar e conversar a ouvir o barrulho das ondas sentada com os pés em cima da doutra cadeira. Queria estar a fazer sombra aos olhos com a mão por causa do sol, apesar dos óculos escuros. E fazer silêncios na conversa. Só para ficar a pensar um bocadinho no que seria dito.

 

Ainda gostava de saber como vai ser isto depois de deixar de fumar.

 

MUDAR DE ASSUNTO


Tita

03.06.16

 

Preciso de mudar de assunto. Quando estou muito tempo dedicada a uma coisa, preciso de mudar de assunto. Uma vez tive uma grande paixão. Mais do que uma vez tive uma grande paixão. Só que agora quero falar desta. Porque quero contar um episódio que tem a ver com mudar de assunto. Claro que alguém se vai chatear. Uma paixão não gosta de se lembrar que que outrora existiram outras.

 

Então, recomeçando. Uma vez tive uma grande paixão. Em que era tudo muito urgente (logo, nada era adiável) e consumidor (de consumo e consumição em regime permanente). Se eu chegava um bocadinho atrasada, chorava... Se eu chegava, havia flores e cartas de amor. Enfim, era um inferno grogue. O mundo ficava do lado de fora. E em qualquer lado era bom e apropriado. É de propósito que digo inferno e não paraíso.

 

E houve um dia que eu senti que os meus pulmões podiam rebentar pela falta de oxigénio. E os meus olhos podiam cegar de tanta penumbra e média luz. Senti a falta do mundo com a pessoa integrada nele. Senti necessidade de alongar distâncias só para a ver. Precisava de mudar de assunto.

 

Não valia a pena dizer-lhe que era melhor não nos vermos durante dois ou três dias. Porque ia chorar. Ou fazer qualquer coisa para me impedir. Simplesmente disse até amanhã e não voltei. E andei dois dias feliz. A viver a banalidade. E a sentir o convencimento de que a minha vida afinal era especial. Porque ela existia. Foram dois dias em que me ri muito. Me disponibilizei muito. Falei muito. Fiz muito. Porque ela existia.

 

Ao terceiro dia telefonei-lhe. E voltei naturalmente. Como se nunca tivesse saído dali. Mas com os pulmões cheios de ar e os olhos mais brilhantes do que nunca. Não me fez perguntas. Teve medo. Aceitou-me de volta sem fazer perguntas. E nosso mundo, que não era o mundo, voltou a rodopiar como era dantes. Até que um dia se instalou o inferno lúcido. E depois, mais tarde, foi o fim. E o fim teve o seu início quando eu precisei de mudar de assunto.

 

Tudo isto para dizer que eu preciso de mudar de assunto. Senão desfoco. Agora ando a fazer coisas. Que não tem nada a ver com amor. Ou tem tudo a ver com amor. Porque o amor está lá para me sustentar. Mas o tema das coisas que ando a fazer não é o amor. É outra coisa. Estou tão focada que já estou a desfocar. Mas não posso desaparecer por dois dias. Se o fizesse, talvez me metesse noutro inferno lúcido. Embora de dimensão diferente. No entanto, um inferno.

 

Apetece-me levar o amor para a praia.

 

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