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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

AZUL - Cap LXVI


Cat2007

18.10.16

A música envolvia o silêncio em que por momentos se recolheram. You know that I love you/ And what loving does/All my thoughts are real/For I'm so completely yours. Estavam de mãos dadas com os olhos pregados na parede em frente. Teresa tinha fechado a janela mas não toda. Havia raios de sol do fim da manhã a invadir o quarto. Foi por efeito deles que a energia se recobrou. Então Teresa rodou para cima dela. Pegou-lhe na mão que levou até à zona do ventre e pousou-a lá. Madalena desceu suavemente e abriu. Teresa empurrou-a para dentro com urgência. Ficaram paradas assim por uns instantes. Depois Teresa começou a impelir a mão dela com o corpo. Mais. Sempre mais. Até não lhe sobrarem forças para mais. We coupled, so sane and insane. O corpo de Teresa tombou inerte sobre o de Madalena. Estavam ambas ofegantes e suadas. Beijaram-se no momento próprio em que o desejo cedeu um pouco para deixar passar o amor. Estreitaram-se. A respiração foi normalizando. Madalena afastou-se um pouco dela, procurando-lhe os olhos azuis. Contemplou-os com seriedade.

Teresa: O que foi, querida?

Madalena: Esses olhos são belíssimos.

Teresa: Os teus é que são. Lindos olhos árabes. Escuros e brilhantes como as noite de festa. Mas porque me olhavas tão séria?

Madalena: Estava embasbacada a olhar-te

Teresa: Como eu a olhar para ti.

Madalena: Que horas são? Teresa olhou para o lado.

Teresa: Duas. Tens que ir a algum lado?

Inquietou-se.

Madalena: Não. Foi só para me situar. Hoje estou livre para ti. Para fazeres comigo o que quiseres. Pelo resto deste dia e pela noite que há-de chegar.

Sorriu.

Teresa: Tenho medo que, depois disso, saias por aquela porta e não voltes mais. Ia morrendo quando me disseste que o nosso destino era sermos amigas. Estás sempre a surpreender-me. Com atitudes absurdas. E depois és tu que não confias em mim. Estive um mês a recompor a minha cabeça para reconstruir a minha vida. Estive separada de ti pelo tempo estritamente necessário. E nunca me esqueci de nós. Antes pelo contrário. Mas tu resolveste que passavas a ser minha amiga.

Madalena: Eu temo-te, mulher. Eu tenho medo de acreditar em nós e depois perder-te.

A música parecia vir para ilustrar as palavras ditas. Lo mejor que conocimos,/ separó nuestros destinos/que hoy nos vuelven a reunir;/ tal vez si tú y yo queremos/ volveremos a sentir aquella vieja entrega.

Teresa: E porque haverás de me perder agora? Agora que sou uma mulher feita e, sobretudo, quando já sei o que quero?

Madalena: Há não muito tempo atrás tu ainda não sabias o que querias. Sei lá se nesse mês te reconstruiste como dizes. Ou se a tu reconstrução vai de encontro ao que eu preciso de ti. Eu não sei nada do que se passou nesse mês. A não ser que mandaste a tua filha telefonar à Joana.

Teresa: Olha, não vou estar agora a explicar-te todo o processo que vivi durante esse mês. Até porque foi um processo muito doloroso que não me apetece reviver agora. Agora estás nua na minha cama. Eu quero aproveitar-te. No mais, tu precisas de tempo para perceber todas as coisas novas que agora existem. Vou-te alimentar.

Madalena: Outra vez, querida.

Sorriu.

Teresa: Não é isso, amor. Vou buscar comida para nós à cozinha.

Teresa voltou com dois tabuleiros. E deu-lhe de comer à boca.

NOITES E NOITES NUMA SÓ NOITE


Cat2007

18.10.16

 

 

Queria postar aqui um trecho de um poema do Ary dos Santos. Um que toda a gente conhece. A Estrela da Tarde. Há dias que ando a pensar neste poema. Na força alimária dos seus versos.

 

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram/ Dos noturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram/Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram/ E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram. /Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram /Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam /Era a noite mais clara daqueles que à noite se deram /E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram.

 

E o verso que mais me impressiona é o seguinte: Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram. Significa que uma noite de amor pode ser tão intensa e abrangente que consegue ter o sentido de várias. Para isto ser verdade, exige-se uma paixão com uma força especial e uma certa qualidade na entrega. Há quem consiga.

 

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