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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

OS AMORES DO PASSADO


Cat2007

30.10.16

 

Os amores do passado. Parece que está tudo morto. Noto que não tenho uma relação de amizade com uma única pessoa com quem estive. E já vivi com algumas. Coisas tão intensas. E agora parece que não aconteceu nada. Vinha aqui falar sobre isto porque me lembrei do tema. Mas afinal acho que é uma seca. Na verdade, não me interessa nem um bocadinho a vida de todas essas pessoas. Como também acho que  todas essas pessoas não se interessam pela minha vida. É a vida

 

Com efeito, a maior parte, não foram verdadeiramente histórias de amor. Não foram. Mas foram paixões. Algumas muito fortes. Não obstante, quando acaba a paixão é tudo terra queimada. E isso parece não ter importância nenhuma. Pois lá voltamos à estória de que não é possivel comer um bolo sem ao mesmo tempo o perder. Até a recordação dele se apaga rapidamente. Queremos outro quando nos der a vontde de comer.

 

O que fica são processos ou estágios de aprendizagem e de crescimento emocional.  É o nosso património. O que fica são as experiencias de desejos satisfeitos.  E de outros que não foram. Ficam-nos as nossas boas razões aprendidas para ter terminado casos. Ficam-nos as tampas que levámos com todas as respetivas consequências sobre o nosso ego. Tudo processos vividos no momento. Tudo degraus que subimos. Ficam-nos as experiências.

 

Mas não nos ficam as pessoas. Concordo com isto. Não acho que seja mais uma maldade da vida que é indiferente. As paixões consomem-se, consumindo-nos concomitantemente. No fim não há mais nada a fazer ou a dizer. É assim.

AZUL - Cap LXXVIII


Cat2007

30.10.16

Madalena escutou Teresa atentamente. Por isso poucas vezes se intrometera no discurso dela. No fim, tudo o que Teresa dissera encaixara-se-lhe no espírito.

Madalena: Eu não podia imaginar que fosse assim. Que não pudesses ir buscar conforto a lado nenhum. Pensei que podia ter atravessado essa crise horrível contigo e…

Teresa: Não podias porque, como te disse, eu não queria ir buscar amparo a lado nenhum se a Clara não tinha nada, ninguém, em quem se apoiar. E, digo-te mais, foi por eu estar triste e muito só que ela depois se pôde reaproximar. Na verdade, também estava preocupada comigo. A minha amizade com ela também nos ajudou a sair da desordem em que ficou a nossa relação. Mas o principal foi o amor que nos une. O que seria se viesse ter comigo e me visse saudável e tranquila? Como é que a nossa cumplicidade se restabeleceria?

Madalena: Compreendo.

Teresa: Tu não foste trocada pela minha filha, Madalena. Simplesmente há coisas que temos de fazer na vida. Só nós. Este foi um caso. Se outros houverem, tudo se passará da mesma maneira. As pessoas, as relações entre as pessoas, não podem constituir uma aniquilação do eu em prol do nós. Subsistirão sempre áreas, questões, problemas individuais.

Madalena: Mas tu anteviste a possibilidade de eu te deixar e conformaste-te com isso.

Teresa: Conjeturei isso porque tu ainda estás traumatizada com o abandono de há vinte anos atrás. Se me visses desaparecer como desapareci, entrarias em pânico e a tua reação imediata seria não me quereres mais. E foi assim que aconteceu. Eu liguei-te e tu disseste o que disseste. Puseste-me a andar. E eu acreditei que afinal o teu amor mudara. Se não fosse a Clara a explicar-me que não era nada disso eu teria ficado completamente descoroçoada.

Madalena: Então porque não me procuraste?

Teresa: Porque era a ti que competia fazê-lo depois da rábula que inventaste. E fizeste. Vieste ter comigo à Alameda. Hoje, hoje não, que já passa da uma, ontem de manhã.

Teresa calou-se por fim.

Teresa: Estou muito cansada.

Madalena: De mim?

Teresa: Das tuas dúvidas e das tuas indagações. Dos teus filmes. Como é que uma mulher que é amada como eu te amo na cama pode duvidar do que eu sinto? Nós não temos simplesmente sexo. Nós fazemos um amor intenso, profundo, cheio de cumplicidades e mistérios partilhados.

Madalena: Vais começar a discursar outra vez? Pensei que estivesses muito cansada.

Teresa: Tens razão. Não vou dizer mais nada. Ou melhor, não tenho mais nada para te explicar. Não sei se me compreendeste realmente. Não sei se, mesmo compreendendo, te manténs à defesa…

Madalena: Só sei que fiquei um mês a tentar perceber como haveria de sobreviver sem ti. E que isso me encheu de terror. Espero que, da próxima vez que tenhas de fazer alguma coisa, me avises que não vais chegar tão cedo. Só isso. Quero mais vinho.

Teresa: Eu também. E um café? Não queres mais um café?

Madalena: Com certeza. Necessito de espantar este cansaço.

Teresa: Então vamos para a cozinha fazer café. Trás o teu copo de vinho. Vou abrir uma garrafa.

Tomaram o café de um trago. E decidiram levar o vinho para o quarto. Vinho e chocolates.

TOCA A REUNIR


Cat2007

30.10.16

 

As reuniões propriamente ditas, nacionais ou internacionais, enervam-me um bocado. Em primeiro lugar, parece que são espécies degeneradas de clubes privados. Quem vai à reunião e quem não vai à reunião. Isto pode dizer muito ou mesmo tudo sobre o estatuto de uma pessoa dentro de um determinado contexto profissional. Assim, e em primeiro lugar, sucede muito conceberem-se reuniões só para tal efeito.

 

Depois, e por outro lado, estar numa reunião é uma grande oportunidade de expressar opiniões pessoais sobre o que está bem, o que está mal e o que há a fazer. Um momento inestimável de apresentação, representação e projecção. Uma necessidade vital na era do anonimato, da falta de consideração e da ambição individual e individualista.

 

No fim de cada reunião marca-se outra para o mais breve possível. Só pelo tempo suficiente para concretizar pequenas coisas que servem para alavancar a próxima. Nunca para terminar um projecto rapidamente. Ainda que seja possível.

 

É a subsistência de problemas ditos mais globais ou de estrutura que justifica a continuidade das reuniões. Nestas circunstâncias, trabalhar equivale mais ou menos a um “toca a reunir” que efectivamente não deixa uma pessoa fazer nada.

 

Claramente detesto viagens tendo em vista reuniões internacionais nos casos em que é viável a videoconferência. E são muitos. Definitivamente abomino a espécie de reuniões que decorrem nos termos que descrevi. E são muitas.

 

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