A DISTÂNCIA ENTRE A E b
Tita
30.11.16
Durante o almoço fiquei a saber que b costuma ir jogar paddle com A. Ora se A está muito acima de b, apesar de b ser mais alto do que A, isto não é normal. Com efeito, não faz sentido, no paddle e em outros jogos, que um dos jogadores esteja a atirar bolas lá de muito alto para o outro tentar apanhar. O mais natural é que b perca os jogos todos. E, assim sendo, pergunta-se: qual é o interesse de A em jogar paddle com b? É que entende-se muito bem que b tenha interesse no jogo nestes termos porque está a tentar evoluir, sendo certo que, de vez em quando, também pontua. Mas, repete-se, então e A? Bem, A gosta de ganhar. Não importa em que circunstâncias. A está habituado a ganhar. E a ser felicitado por isso. E é para isto que b lá está. Para perder e felicitar A por lhe ganhar sempre. Acresce, por outro lado, que A precisa de ter companhia para jogar paddle. Porque não se pode jogar o jogo sozinho, uma vez que não é uma paciência. Nestas circunstâncias, A só joga com b quando outras letras maiúsculas do abecedário não estão disponíveis porque, por exemplo, foram todas para o scrabble.
Sem rejeitar a ideia de que possam nascer e frutificar afetos entre A e b por causa da convivência no paddle, tenho que dizer que estas coisas não servem para mim em nenhum dos papéis. Em primeiro lugar, porque não gosto nada de paddle (creio que estraga o ténis), em segundo lugar, porque vi O Sentido da Vida e, em concreto, aquele patético jogo de rugby realizado entre professores e alunos e em terceiro lugar porque nunca iria a Roma para ver o Papa, quanto mais beijar-lhe a mão.