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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CONVENCIDA


Tita

27.02.17

Foto de Catarina Cabral.

 

Eu sou uma pessoa que se convence. Por exemplo, estou convencida de que fui passada a ferro no âmbito de uma relação muito importante que tive. A primeira a sério.

 

Esta expressão (passada a ferro) foi utilizada por um colega (e amigo) da faculdade para se referir ao que se passou comigo. A propósito, este amigo designadamente muito inteligente estava sempre ao pé de mim e fazia-me rir a sério. Assim, apaixonei-me por ele. Porém, não me dei conta disso porque via tudo a preto ou a branco, bem como, naturalmente, estava com a autoestima muito bem estirada por causa do ferro de engomar. Seja como for, no meio da minha confusão, acabei por fazer aqui e ali uma e outra coisa erradas. Ao ponto de que hoje nem amigos somos. O que ainda agora lamento sinceramente.

 

Bem, mas voltando ao ferro de engomar, é, como disse, certo que uma pessoa o passou em mim, tendo feito um trabalho perfeito, pelo que nem seria necessário dizer que sofri imensamente. Porque nomeadamente o calor em excesso queima em demasia. E a pele não aguenta. Por causa do sistema nervoso (são os nervos que levam a informação ao cérebro que emite o sinal de dor).

 

Claro que, a partir desta experiência, e após uns tempos na unidade de queimados, prometi a mim mesma que só eu é que passaria a ter direito a usar o ferro de engomar. Assim, resolvi comprar um daqueles pequeninos de viagem que passei a usar na mala para qualquer situação de necessidade. Deste modo, em alguns casos, causei queimaduras de terceiro grau, sendo certo que algumas cicatrizaram mal e ainda se notam. Lamento imenso.

 

NÃO VENHO DA LOURINHÃ


Tita

27.02.17

Foto de Catarina Veiga Miranda.

 

Conheço uma pessoa que é da Lourinhã. E que me contou que, lá na Lourinhã, existem dois casais que trocaram de parceiros entre si. Explicando melhor: na Lourinhã existia um casal como tantos outros. Que, como tantos outros se divorciou. E, como na maioria dos casos, a coisa acabou porque surgiu uma pessoa para um deles. Ora, sucede que essa pessoa também era casada, tendo acabado com o seu casamento igualmente. Temos, então, que duas pessoas se divorciaram para ficarem juntas. Por causa disto, duas pessoas passaram, por sua vez, ao estado de abandonadas. Em primeiro lugar, creio que é de aceitar que os sentimentos dos que pediram o divórcio são fortes.

 

Porém, as referidas pessoas abandonadas, pasme-se, juntaram-se uma com a outra. A pessoa que conheço que é da Lourinhã explicou-me que este significativo novo laço ocorreu por despeito. Apenas por despeito. Assim, das quatro pessoas em foco, duas juntaram-se porque estão apaixonadas e as outras duas resolveram envolver-se para ver se causavam mossas emocionais e no sistema nevoso das primeiras.

 

Vamos lá a ver. Há pessoas que dão o corpo ao manifesto para atingir terceiros. É o que se conclui deste pequeno episódio brevemente narrado. Claro que, vivendo na Lourinhã, que é um meio relativamente pequeno, estas pessoas atingidas pela chamada dor de corno têm mais probabilidades de ter sucesso. Porque, enfim, toda a gente se cruza com toda a gente na Lourinhã.

 

A questão que coloca sobre o assunto é a de saber se o casal apaixonado se chateia de facto com o facto. Não tenho forma de saber. Mas quase que aposto que não. Porque, precisamente, estão apaixonados. Como é sabido, to be in love és estar completamente noutra. Não há mundo para além do mundo composto pelas duas pessoas que se sentem assim. E, se, por momentos, desviam os olhos do seu objeto, tudo o demais se apresenta colorido, energético e digno de um sorriso, no mínimo, benévolo.

 

Não obstante, e apesar de não me faltarem oportunidades, nunca dei o corpo ao manifesto, assim como fez o casal despeitado da Lourinhã. Deve ser porque eu, precisamente, não venho da Lourinhã. Nasci em Lisboa, cidade que, para os parâmetros nacionais, se pode considerar uma grande cidade. Se não andam metidas em grupos, em Lisboa as pessoas podem ficar muitos anos sem se encontrarem. O que pode ser excelente quando certas histórias do passado não têm interesse nenhum.

 

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