AS PESSOAS QUE FINGEM SER BOAS PESSOAS
Tita
28.03.17
Eu acho que as pessoas que se fazem de boas pessoas sem o serem deviam estar obrigadas a seguir as regras dos desenhos animados. Assim, deviam ser feias, antipáticas e ter cara de más. Se notarmos, relativamente aos vilões dos desenhos animados, por causa do seu aspeto e comportamento pouco sociáveis, podemos esperar sempre o pior. Creio que existe ética nisto. Porque é terrível sofrer um golpe inesperado. É que não temos tempo de nos preparar, sendo que, por isso, os danos podem ser, e serão, mais graves.
O que antecede leva-me a questionar se as pessoas que fingem ser boas pessoas são felizes. Conheço um caso em que definitivamente não. Mas é um caso. Aliás, conheço outro caso. E definitivamente também não. Mas são dois casos. Penso que não tenho amostra suficiente para concluir. Mas gostava que não fossem. Gostava que fossem como o Narciso. Estúpidas ao ponto de se afogarem no rio que reflete a sua própria imagem.
Seja como for, sempre considerei que “o inferno é aqui”. Assim, as pessoas que não são boas pessoas porque só fingem que o são, deverão pagar com juros o mal que forem infligindo aos outros no seu percurso de vida. Creio que isto é acreditar em Deus e, por consequência, na justiça Divina.
No entanto, não acredito, por outro lado, no crime e castigo direto. Assim, é muito natural que não vejamos os “maus da fita” a pagarem pelas maldades que nos vão fazendo. O crime e castigo direto pode ler-se no “Crime e Castigo” de Dostoievsky onde o criminoso tem uma consciência. E é por causa desta consciência que ele vai deixando pistas para ser apanhado. O que sucede.
É, enfim, muito chato que não aconteça nada de mal a quem nos faz mal. Os maus deviam pagar por cada maldade no momento imediatamente posterior à sua prática. Lá está, como nos desenhos animados. Porque, senão, ficamos com um sentimento de injustiça e a acreditar na impunidade. O que é desanimador.