SAI DESSA
Tita
15.05.17
Hoje um “tontinho” (era assim que a minha mãe designava as pessoas com graves problemas mentais) pediu-me um cigarro e um café. Disse-lhe que não. Porque é aquela estória de não poder andar a distribuir cigarros e cafés a toda a gente que pede. Bem, como disse, disse-lhe que não. E a novidade foi que ele não insistiu. Virou imediatamente as costas e foi-se embora. Na viragem, ainda deu para ver que não ia minimamente chateado. Fiquei a pensar que assim custa muito menos dizer que não. Porque é verdade que quem pede não faz questão nenhuma em obter aquilo que pediu.
Esta foi o mais impressivo que me sucedeu no dia de hoje. De resto, as coisas estão num movimento de repetição. Como se hoje fosse quinta-feira passada, por exemplo.
Pois é. Estou muito autocentrada. Incapaz de dar uma vista de olhos pelo exterior do ambiente por onde andam agora a deambular os meus pensamentos. Portanto, reformulando, não são as coisas que estão num movimento repetitivo. É a minha ideia que não se afasta dos fenómenos sobre os quais não paro de pensar, sendo sempre os mesmos. E é por isto que o mundo me parece tão absolutamente imóvel. Mesmo com o Benfica a ganhar o Tetra. Mesmo com o Salvador a cantar tão bem.
Só que agora, lendo-me, fiquei com vontade de dizer a mim mesma: “sai dessa!”.