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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

OS NOSSOS VELHOS


Tita

31.07.17

Foto de Catarina Cabral.

 

Por muito acompanhados que andemos ao longo de toda a nossa vida há dois momentos em que estamos completamente sós. Quando enfrentamos a vida e quando enfrentamos a morte. Nascer e morrer. São, pois, processos muitíssimo solitários. Sei que os elefantes velhos se afastam do grupo para morrer. Não estando bem certa, creio que é para não porem os demais em perigo. E os nossos velhos? Os nossos velhos não são elefantes. Então porque não podem ficar?

AS BONECAS DA ESCOLA PRIMÁRIA


Tita

29.07.17

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É um facto que em pequena detestava fazer redações. Porque as professoras pedidoras davam sempre um tema. E os temas eram sempre uma idiotice, se encarado do meu mais intimo  ponto de vista. “A minha primeira boneca ”; “Na praia com os amigos”, “Como foram as férias grandes”… Quer dizer, os temas apelavam à idiotice. As crianças limitavam-se a escrever, por exemplo que “a minha primeira boneca era muito linda. Tinha os olhos grandes azuis e cabelos loiros. O vestido dela também era muito lindo porque tinha flores de muitas coras. Eu levava-a comigo para todo o lado. Também costumava adormece-la como se faz aos bebés. E dava-lhe comida à boca. Mas o que eu gosto mais é de a vestir e despir. Agora a minha primeira boneca esta guardada dentro do meu armário de bonecas onde tenho mais mil”.

 

Eu, pela minha parte, também adorava despir os incompreensíveis vestidos das bonecas e cortar-lhes os cabelos. Depois, arrancava-lhes a cabeça e atirava ao meu irmão António, o meu melhor amigo, para ele apanhar. Também é certo que, malgrado o meu pouco jeito para as artes plásticas, sempre gostava de pintar a cara da boneca com canetas de filtro. Quanto ao corpo, era desmembrado e também servia para arremessar por partes. Portanto, divertia-me imenso a brincar com bonecas. Apenas suspeitava que não podia contar estas coisas numa redação. A minha vida não cabia em redações da escola primária. Desde pequena que sei o que é a vida. E a vida passa muito por ter que andar a fingir.

 

Não obstante, a minha aversão às redações da escola primária, desde sempre senti que é uma sensação boa esta de ter um espaço em branco. Porque dá uma vontade imediata de preencher. Com desenhos ou com letras. Eu sempre fui uma incapaz no que toca às artes incluídas na educação visual, como disse. E sempre, por outro lado, gostei de compor frases. Curiosamente foi uma professora de educação visual que me fez o maior elogio de sempre quanto à escrita. Era preciso descrever um espaço, e eu escrevi. Estávamos no 8.º ano. Ela mostrou-me, pois, o quanto estava agradavelmente surpreendida. Nunca mais me esqueci. Sobretudo por causa da ironia. Então a professora de português não me dizia nada e vinha a de desenho dizer aquelas coisas com aquele tom de admiração positiva? Que estranho! Seja como for, a partir daí, passei a andar mais segura.

 

NEGAÇÃO


Tita

28.07.17

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Entra-se em denial quando, em virtude de um determinado acontecimento, se faz uma representação desconforme com a realidade e depois se atua em conformidade com isso. De tal modo que aquilo que não era passa a ser. Esta atitude de negação das coisas é voluntária e consciente, não tendo como objetivo principal afetar terceiros, ainda que isso muitas vezes venha a suceder. É antes de mais nada um dealing da pessoa consigo própria. Tem a ver com a necessidade de alívio ou com a prevenção de situações de frustração ou stress.

 

É claro que o procedimento de contornar mentalmente a realidade como se fosse possível não bater de frente com ela tem consequências. Desde logo, o individuo não atua sobre o foco do problema, uma vez que teimará em não lhe querer atribuir autonomia. Acresce a isto que tenderá ainda a insistir na atitude contrária à que seria recomendável.

 

Os gordos sem esperanças não se verão assim tão gordos e continuarão a ingerir calorias a mais sentados numa poltrona. As pessoas deixadas porque o amor acabou exigirão explicações do outro. Um casaco de boa marca será comprado na “Loja das Meias” por quem já não tem nível de vida para isso. Em fevereiro já haverá gente na praia. Os Mercedes e os BMW continuarão a ser muito apreciados. A solidão não existe. E os velhos não pertencem ao mundo de cá.

 

UM TRIO DE MULHERES


Tita

27.07.17

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Hoje ao almoço falávamos de um trio de mulheres que resolveu ter uma relação amorosa. Não sei se isto é um assunto com interesse para mim. Portanto, ignoro se vou refletir muito sobre o caso, aprofundando-o. Mas, enfim, enquanto decido e não decido, sempre vou adiantando que a coisa se deu efetivamente e durou dois anos (mais do que muitas relações que eu conheço por aí).

 

A mentora do projeto (sim porque naturalmente havia uma líder) muitas vezes discutiu comigo sobre a bondade do mesmo. Dizia-me convictamente (quase com histeria) que “isto é o futuro!”. Pois não sei. A questão é que ela colocava a questão num ponto em que eu não a situo. O preconceito. O que ela, no fundo, queria dizer é que no futuro talvez as pessoas encarassem estas coisas com normalidade e, assim, era possível ser feliz com tal estilo de vida. Sempre estive certa de que ela nem sequer ponderava seriamente no que era necessário existir para manter uma realidade daquelas à tona. Estava demasiado focada em lutar contra o preconceito, pois.

 

Esclarecendo devo dizer que, pelo meu lado, nada tenho a opor às relações amorosas coletivas no presente. Portanto, para mim não existe a necessidade de esperar pelo futuro para ver que, na verdade, a coisa dificilmente pode resultar. Por causa da natureza humana, bem entendido.

 

Não obstante, adorava ir lá a casa jantar. Tudo muito civilizado e extremamente bem organizado. Uma pessoa sentia-se confortável ali. Havia também oito gatos persas a passear placidamente pela casa. O que compunha maravilhosamente o ambiente.

 

E pronto. Não me apetece dizer mais nada sobre este assunto. Dou por mim a ser superficial, bem sei. Mas análises mais profundas dão trabalho e eu, nestes dias, venho sentindo um pouco de sol a mais na cabeça.

 

A VIDA PARTICULAR DOS OUTROS


Tita

26.07.17

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A vida particular dos outros sempre merece a melhor atenção por parte dos demais. Toda a gente gosta de saber os detalhes da vida alheia. E quanto mais comezinhos melhor. É assim. Talvez seja para aprenderem a sociabilizar melhor.

 

Pois porque toda a gente gosta de saber é que eu não escrevo sobre nada disso, embora não esteja aqui para contrariar ninguém. Digo antes que o meu pai está doente ou que vou mudar de posto de trabalho. Mas não conto nada sobre o que jantei ontem, por exemplo. Embora possa adiantar que não jantei. É que, para mim, as refeições fazem parte de um ritual diário íntimo. Penso assim porque sempre fui habituada a jantar em família dentro de casa sem estranhos a serem convidados na esmagadora maioria das vezes.

 

Enfim, tenho critérios para revelar as coisas que revelo.

 

A BELEZA


Tita

25.07.17

 
 
 
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   Sara Sampaio

 

A beleza é uma característica humana (embora não só). Que não afecta todos os seres humanos por igual. E que é altamente conceituada em várias publicações da especialidade, bem como nos demais meios de comunicação, os quais estão também a tornar-se da especialidade.

 

É assim que a beleza está em todo o lado menos à frente dos nossos olhos. Compreende-se isto. A beleza fulgurante não surge no nosso dia-a-dia rotineiro porque não seriamos capazes de a vislumbrar. Por causa do efeito de lupa, claro.

 

MAIS DO MESMO


Tita

24.07.17

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Todos os dias fazemos as mesmas coisas. Mesmo quando já não estamos a cumprir um horário, estamos presos a uma agenda. Há sempre coisas que temos mesmo que fazer. É por isso que, a certa altura, deixamos de fazer jantar numa vã tentativa de rasgar a agenda, sendo certo que, depois, voltamos ao que é razoável e regressamos humildemente ao bico do fogão. Na verdade, temos o dia cheio. De manhã à noite. E, quando podemos parar, daqui a pouco é hora de dormir. Mesmo que se veja um filme todos os dias antes. Isto é a rotina. Que nos constrange precisamente porque não nos é possível praticar atos que se situem fora dela. Embora possamos, com esforço, fazê-lo de vez em quando.

 

Já o stress é um estado mental, como se sabe. Com consequências na disponibilidade física, mas um estado mental. Melhor, o stress, que começa por ser um estado mental, com o tempo, torna-se num estado emocional. É por isso que nos engole. Porque afeta a nossa personalidade ou a nossa maneira de ser. Estar com stress significa sobretudo estar cansado. Como é possível estarmos fisicamente cansados quando passamos os dias sentados em frente a um computador? Porque as ideias complexas nos pesam nos membros. As ideias complexas são aquelas que se constituem por elementos de irrealidade, projetando confusões. Só as ideias simples são verdadeiras. Os problemas complexos resolvem-se com ideias simples.

 

Portanto, estou a precisar de férias.

 

SÁBADO DE MANHÃ


Tita

15.07.17

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Estou há duas horas a jogar Spider. Acordei cedo e não tinha nada de melhor para fazer. Isto na minha cabeça. Porque já podia ter tomado um banho e estar na rua a fazer uma coisa qualquer. Mas é isso. É isso que não é melhor do que jogar ao Spider. Porque haveria eu de ir para a rua num sábado de manhã? Talvez para ir tomar o pequeno-almoço em qualquer sítio bonito. Assim junto ao rio. Podia ser na esplanada do Café In, por exemplo. Pois. Mas sair da cama, ir para o banho, escolher uma roupa, pegar no carro, sentar-me na esplanada, chamar o empregado e escolher, não bate a tranquilidade de estar na cama com o computador no colo a jogar Spider, que serve apenas para ocupar as ideias enquanto me deixo enrolar neste torpor delicioso do útero. 

 

Era uma vez em que tive uma relação com uma pessoa muito chata por vários motivos. Um deles era precisamente a necessidade que esta pessoa tinha de sair de casa às oito da manhã de sábado para ir tomar o pequeno-almoço na rua. No caso, nem era num sítio bonito. Era mesmo no café ao pé de casa onde, de resto, ia todas as manhãs dos dias de semana em dias de trabalho. E, registe-se, nem sequer alterava o menu para sábado. Pois a pessoa em causa considerava que eu deveria acompanhá-la nesta atividade rotineira de princípio de fim-de-semana. Inicialmente, para ser agradável, eu fui. Mas isso só foi por duas ou três vezes. Com efeito, uma pessoa acabada de acordar dos seus sonhos vividos num sono profundo como o meu é não pode ir para um café ouvir os barulhos típicos do tipo chávenas e copos a bater com estalo nas diversas superfícies e os gritos dos empregados a dizer: “sai uma meia-de-leite e duas bicas!”. Portanto, a partir daí, para aí da terceira vez, como referi, passei a ficar em casa. E foi uma lâmpada que se fundiu do lado de lá. Sim, porque do lado de cá, à primeira ida ao café, deu-se um curto-circuito tal, que se apagaram definitivamente logo uma dúzia delas. Efetivamente, é também por estas e outras que uma pessoa percebe que não está com a pessoa certa.

 

Claro que, ao fim de duas horas, fartei-me do Spider e agora estou aqui a escrever sobre esta minha experiência dos sábados de manhã. Dos presentes e de alguns passados, pois. A seguir vou dormir mais um bocadinho. Provavelmente até quando for tempo de almoçar. E só a partir daí é que vou à vida extrauterina. Dinâmicas matinais só mesmo à semana, que tenho de trabalhar para viver.

 

PENSAMENTOS MOLES E CANSADOS


Tita

14.07.17

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Estava para aqui a escrever sobre o amor que sinto pela pessoa certa que tenho. Mas apaguei tudo. É que, quando se diz isto, está tudo dito. Para quê desenvolver desenvolvimentos, passando previamente sobre os amores passados? A verdade é que o dia está cheio de calor e eu estou cheia de pensamentos moles e cansados. É por isso que não surge em mim nenhuma ideia com alguma luminosidade. Repare-se que, quando acendemos uma luz em casa numa sala onde esteja a bater muito o sol, é como se nada acontecesse. É isto.

 

MONEY


Tita

11.07.17

 

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Fui eu que escrevi o texto abaixo mas declaro que não me vejo assim. Espero não estar enganada.

 

"Ter dinheiro é muito importante. Vivemos no ocidente. No modelo capitalista. Ora. Eu defendo o capitalismo. Com certeza. Sou contra os árabes, como é natural. E nem me venham falar de contemplações do tipo oriental. Dos chineses. Não há tempo para isso. Tenho os olhos em bico, mas é para outras coisas. Preciso de um telemóvel topo de gama ligado à net e quero um LCD enorme para o quarto imediatamente. Também já desejo os novos modelos de qualquer coisa que eu sei muito bem que preciso muito. Porque são novos modelos, ora essa. Falam para aí de alienação. São vozes ao longe. Não é nada comigo. Tomo anti-depressivos, claro. Todos tomam. Mas não tem nada a ver com isso de comprar. Preciso de adquirir porque compro o que me faz falta. É só isso. Tomo os comprimidos porque não consigo controlar o stress sem eles. Note-se que trabalho imenso e tenho dívidas acumuladas. Como é natural".

 

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