O AMOR-MIRAGEM
Tita
26.08.17
A maior parte das canções trata de amor. Porém, de desencontros amorosos, amores platónicos ou de relações que acabaram. Enfim, de solidão. Nada de amores felizes. E, quando as relações dão certo, há sempre dor.
Talvez seja porque os seus autores nunca tenham atinado afetivamente com ninguém em termos tendencialmente perenes. Ou então é porque falam da vida dos públicos alvo. É verdade, que independentemente da idade, as pessoas, na sua maioria e salvo honrosas exceções, não estão amorosamente bem resolvidas, o que dá origem à situação de o amor-miragem não ter banda sonora.
Nas aldeias e nas vilas dá ideia que as pessoas se casam por falta de opção ou então em virtude de determinadas conveniências. Nas cidades há designadamente o problema das escolhas múltiplas e nomeadamente o do desligamento interpessoal. Portanto, em qualquer dos casos, não é fácil encontrar aquela pessoa. E, depois, quando as pessoas se juntam, acabam por ficar assim por hábito e interesse ou então divorciam-se.
Bem sei que, em face do que acabei de escrever, pareço uma jovem de pensamentos simples a falar. No entanto, é claro que admito que existe o amor-miragem. A questão é que nota-se na cara das pessoas que não estão felizes, pelo que dá a impressão de que não são as felizes contempladas.
O amor-miragem é aquele a que todo o ser humano aspira: o do “e viveram felizes para sempre” só um para o outro sem palitos e sempre em estado de paixão embora não de montanha-russa porque ninguém aguenta nem a vida permite. É de acrescentar que no amor-miragem as pessoas envolvidas se divertem bastante uma com a outra.
E agora que disse isto tenho que levantar a possibilidade de a Disney – Pixar ter encontrado e projetado uma música para estes casos. Ou mais de uma, dada a quantidade de filmes de príncipes e princesas. Seja como for, e ainda assim, creio que não chegam para fazer a banda sonora de uma vida a dois (ou a duas).
A propósito, pergunto-me: o Shrek tem alguma canção de amor-miragem? Não me lembro. Só sei que. no conjunto de todos os filmes, ele e Fiona vivem de facto um amor-miragem. Mas, também, o Shrek é um filme pedagógico. E se há pedagogia é certo que há algo para ensinar. E se há algo para ensinar é porque há quem tenha que aprender. O público. E veja-se a quantidade de público. Admire-se o sucesso.