SURPRESAS
Tita
03.11.17
O meu pai sempre me disse que é fundamental “ter os pés bem assentes na terra”. Só assim se pode ser nomeadamente corajoso. No princípio pensei que ele estava a falar de realismo: temos que olhar para as coisas como elas são e não como gostaríamos que fossem.
Mas não era disto que ele tratava. Antes, falava em contexto. No contexto pessoal. De ter a exata noção das regras e factos que, respetivamente, regem e determinam a nossa experiência de vida. Quer dizer, saber quem somos (no sentido de saber quais são as nossas capacidades) e ter a noção daquilo com que contamos. No fundo, poder viver sem surpresas.
E, com efeito, não gosto de surpresas que não sejam daquelas que ocorrem em datas festivas. Gosto das surpresas dos presentes de Natal e de aniversário. E é claro que também gosto daquelas surpresas que tornam as datas festivas. Por exemplo, reencontrar um amigo de abraço. De resto, não gosto de surpresas. Basicamente, não gosto de ser surpreendida. Não quero que me aconteçam coisas que eu não espero, portanto. Embora elas sucedam, ainda assim. Porque é a vida.