UMA QUESTÃO DE FEITIO
Tita
27.12.17
Em artigos sobre o amor dignos de revistas femininas de grande tiragem é normal encontrar frases típicas como “o respeito é fundamental numa relação” ou “no amor é preciso confiar no outro”. Normalmente, uma pessoa lê um artigo destes e nada acontece. Ou, melhor, acontece o esquecimento. Com efeito, ninguém recorda o que não é possível interiorizar. Porque nada é explicado devidamente.
Só me vem à cabeça o conceito de individualidade. Sempre acreditei que o amor era um plus na vida de uma pessoa. Deste modo, a individualidade jamais se poderia esbater. Aliás, não pode efetivamente, sob pena de a pessoa a quem uma coisa dessas suceda deixar de ser amada.
Porém, a questão essencial tem a ver com a harmonização da individualidade com a cedência. Pois como seria dito num daqueles artigos que acima referi “ no amor é preciso saber ceder”.
Mas ceder o quê e até que ponto? Por exemplo, as questões de feitio. Uma pessoa deve ceder, aceitando tudo o que é típico do feitio da outra? Acredito que no feitio, nos feitios, é que podem ser feitas todas as cedências. Porque é fácil alterar aspetos do mesmo. Só não o sendo para quem não está de boa vontade. Veja-se como é fácil alterar o feitio de um blazer, por exemplo. E, no entanto, é certo que ele não perde a cor, nem as mangas, nem aquela parte que envolve o tronco e eu não sei dizer o nome.
No entanto, a maior parte das pessoas confunde feitio com personalidade e, por causa disso, não quer alterar nada. Porque ninguém quer deixar de ser quem julga que é.