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Uma pessoa que é muito exigente consigo própria é alguém que, a dada altura, acabará por perder a confiança em si?
Este foi o meu tema de conversa de ontem. Do outro lado diziam-me, entre outas coisas, o seguinte: “não é falta de confiança. É o seu nível de exigência que é muito alto”. Assim, ao que parece, uma coisa não terá a ver com a outra. Ou seja, é possível ser muito exigente no contexto em que estou a falar, e ao mesmo tempo muito confiante. Aliás, provavelmente uma coisa condiciona a outra se uma pessoa não é uma lunática. Ou seja, é preciso ser confiante para se pedir mais do que a conta. Sobre a conta ou que conta é esta, falarei mais à frente.
Creio que o individuo é muito exigente porque designadamente é também muito competitivo - ainda que, na maior parte das vezes, o possa ser apenas consigo mesmo. A questão é que nem sempre dá. Nem sempre se chega lá. Ao patamar escolhido e decidido. E, assim, sendo fica por resolver o problema do individuo competitivo/exigente nas suas relações internas – nas suas relações consigo próprio, quero dizer.
Li em qualquer lado que não é mau colocar a fasquia mais para cima porque uma exigência elevada conduz a melhores resultados. É que, mesmo que não se consiga ultrapassá-la, sempre é possível dar saltos mais altos do que os que seriam dados se as exigências fossem de um outro nível.
Quer isto dizer, em suma, que o referido problema das relações internas não terá, então, tanto a ver com as metas que se estabelecem mas mais com a crença de que tais metas podem ser atingidas. No fundo, está aqui em causa saber se cada objetivo proposto é ou não irrealista. De facto, uma coisa é pedir muito outra coisa é pedir de mais.
E uma pessoa pede demais quando, em face das circunstâncias concretas e das suas especiais aptidões, sabe que não vai dar porque há uma espécie sistema métrico das capacidades humanas que nunca falha. Dito isto, afirmo também que é crença minha que as pessoas muito exigentes apenas pedem muito e não demais, sendo certo que pedir muito implica quase sempre o recurso às reservas físicas, mentais ou emocionais ou, dependendo do caso, a todas.
Mas voltando um pouco atrás, e relativamente àquela questão do pedir muito mas a coisa não se dá, dúvidas não subsistem quanto à frustração que daí advém. Do falhanço. Penso que é necessário ter cuidado. É preciso estar em forma para responder ao que se pede. De outro modo, é melhor não pedir. É, com efeito, neste ponto que bate o problema da confiança. Uma pessoa pode começar a deixar de confiar em si própria se pede, investe e não consegue. Uma, duas, três vezes. Na verdade não importa as capacidades que temos. É mais relevante o momento. Quer dizer, do momento em que estamos depende a nossa capacidade para cumprir os objetivos a que nos propomos. E nem sempre se está em forma. As pessoas que têm o hábito de exigir nem sempre fazem uma boa avaliação destas condições ou pressupostos. Por isso falham e não se perdoam. O que, malgrado as explicações do processo dadas, não faz sentido. Não faz sentido não perdoar.
Certa vez ouvi alguém muito inteligente e muito capaz dizer o seguinte: ”eu fiz asneiras naquele momento. Muitas. Falhei em toda a linha. E andei anos sem me perdoar pelos erros cometidos. No entanto, hoje entendo que não fiz melhor porque naquela altura não era capaz. Independentemente daquilo que eu sou capaz”.
Resta-me informar que, neste momento, me sinto em plena forma.