LUCIDEZ E CALMA
Tita
01.03.18
Hoje tinha que ir de manhã a Algés. E fui. Apanhei ali a A5 a seguir às Amoreiras. Já depois de me ter livrado das curvas por baixo do Aqueduto, apanhei uma outra mais à frente e despistei-me. A traseira do carro saiu da rota e fiz meio peão para a esquerda, virei o volante e fiz meio peão para a direita. Porém, a certa altura, o carro lá parou. Não bati em ninguém e em lado nenhum. Liguei imediatamente o carro e segui. Chegada ao destino, fiz (bem) o que tinha a fazer. Pelas onze já estava a regressar. E cheguei bem.
Perante o descrito, estou apreensiva. O descrito é que não tive medo. Não é normal. Não tive medo nem estou com medo de pegar no carro daqui a um bocado. Apesar do chão ainda estar molhado. Não é normal para mim. Para a pessoa que eu ainda penso que sou.
A pessoa que eu ainda penso que sou teria ficado a tremer no momento imediatamente seguinte ao facto. Depois, conduziria muito nervosa. E, finalmente, era capaz de acalentar dentro de mim receios para o futuro relativamente a situações em que tivesse que conduzir à chuva.
A verdade é que não sei exatamente o que se anda a passar comigo. Mas sei que estou feita uma pessoa que consegue ver e sentir as coisas como elas são. Subitamente (ou não), é como se já não cometesse a falta de por sal ou picante a mais na comida (ou a menos). É como se, de repente, começasse a cozinhar bem. Sem excessos e sem carências quanto aos temperos. Isto sem embargo de continuar a gostar muito de comida bem apurada.