RESISTÊNCIA
Tita
15.06.18
Estava a pensar que é capaz de ser verdade que, à medida que vamos adquirindo alguma maturidade, nos vamos tornando mais fortes. Mas, por acaso, ia a dizer indiferentes. Então, estou na dúvida. De resto, não sei se uma coisa e outra são verdadeiras.
À medida que a vida anda e as experiências se acumulam, o desconhecido é cada vez menos desconhecido. Disse que nos tornamos mais fortes. Sucede que, em relação ao desconhecido, o que é costume sentir-se é a desconfiança e o medo. Porém, o antónimo de forte é fraco. E não medroso. Perante o medo, se se trata de o enfrentar, o que temos é coragem. E a coragem nada tem a ver com a maturidade.
Mas a resistência sim. Uma pessoa vivenciada é mais resistente. É como os miligramas de cicuta ingeridas diariamente para tornar o organismo imune. A dor. Numa vida que vai andando, encontramo-nos com vários processos de dor. Miligramas de cicuta. Assim, havemos de ficar praticamente imunes relativamente a situações dolorosas análogas que sucedam no presente.
Portanto, não nos tornamos mais fortes. Apenas mais resistentes, repito. O que não exclui a dor. E se há dor, a indiferença também está excluída.