O MODELO
Tita
08.11.18
Como, naturalmente, não vi problemas em casa dos outros, é claro que, em pequena, pensava que todas as relações dos pais dos meus amigos e conhecidos eram perfeitas. Só a dos meus pais é que não era. E, portanto, jurei a mim mesma que quando fosse grande tudo haveria de ser diferente. Haveria de ser muito feliz.
Evidentemente, não sabia o que agora, até por experiência, já sei. Que as discussões dos pais, causadoras de grandes transtornos aos filhos, chateiam pouco os primeiros. Pois embora sejam desgastantes, têm um impacto muito relativo na estrita vida do casal. Sobretudo se as pessoas se amam profundamente, como era o caso dos meus pais.
É assim que, pelas razões aduzidas e mais algumas, na vida adulta, no âmbito das nossas relações, reproduzimos o modelo. O modelo de comportamento dos nossos pais. Deste modo, quando estamos a chatear o parceiro, não somos nós a falar ou a fazer, pelo que a culpa não é completamente nossa. Pelo menos, até ganharmos consciência da situação. O que, para todos os devidos efeitos, acaba de me suceder.