JOKER
Cat2007
21.10.19
Um tipo foi despedido de ser palhaço, que era o seu trabalho, e, profundamente deprimido, ainda com a roupa de palhaço, foi apanhar o metro. Assim, na altura em que abateu a tiro três outros tipos lá dentro, estava malvestido de palhaço. Antes, estes tipos, que andavam bem vestidos de gente normal para melhor que a maioria, agrediram-no brutalmente a soco e a pontapé porque estava com um comportamento estranho, incomum: ria-se. E apesar de ser evidente que ele não se ria deles, eles bateram-lhe muitíssimo. E foi então que ele disparou e desatou a matar estes agressores gratuitos. Tenho de confessar que esta cena do filme fez operar em mim uma espécie de catarse, tendo sentido, por isso, alegria, malgrado sinta vergonha por isso.
O Arthur é um doente mental. Mas, com todo o respeito por quem não concorda, não me parece que seja esse o ponto do filme. O ponto do filme pode ser descoberto em dois discursos que ele faz. Um sobre a solidão e a infelicidade e outro sobre a indiferença, a frieza e a maldade. E nenhum destes discursos está turvado por ele ser doente mental. São, antes pelo contrário, expressões enfáticas de crua lucidez que dão alívio.
Valeu muito a pena ver este filme “deprimente, violento e, em termos gerais, pesado”, bem como ouvir o Sinatra. That’s life.