Em terra de cegos quem tem olho é morto.

Os bons atores sentem como os seus personagens.  E, com isto, “apagam” generosamente a sua individualidade aos nossos olhos. Representar é, pois, sobretudo sentir. É verdade que coloco sempre um dos pés um bocadinho atrás do que fica à frente quando estaco. Porque me indigno com a corriqueiríssima falta de autenticidade que se vive fora dos palcos. Nestas circunstâncias, em que se observa gente a representar muito mal, posso dar de mim, mas não me entrego,  o que me contraria, constrange e desilude.

Os egocêntricos imaginam que grande parte dos pequenos factos da vida lhes diz respeito. Assim, a realidade apresenta-se-lhes como um remoinho. E é por isso que, não raras vezes, se sentem engolidos, como náufragos que não chegam a afogar-se. Nestes termos, percebe-se a angústia dos egocêntricos.

As coisas que sucedem e são objetivamente más podem não ser tanto ou ser pior e as coisas que sucedem e são objetivamente boas podem não ser tanto ou ser melhores. É tudo uma questão de atitude - a postura psicológica perante os eventos externos -, a qual  determina o que iremos sentir e fazer em consequência dos mesmos. Porém, a atitude não se confunde com a estrutura emocional - o modo padronizado de sentir -, mas depende sempre dela. Portanto, a atitude do individuo representa exatamente aquilo que na essência ele é.  

A ambição humana é muito legítima, e nunca desmedida, quando, estando o individuo situado em determinada posição relativa, pretende passar para outra que lhe é mais favorável, sendo que tal pretensão se encontra sustentada pelo mérito pessoal. E, além disso, além do merecimento e da capacidade, é preciso que, ao percorrer o caminho para o tal destino que deseja, aquele individuo não faça vítimas, pelo que a  lealdade, que integra a ética, também é absolutamente fundamental.