AUTOESTIMA
Cat2007
11.08.08
Recordo os terrores da juventude de Bertrand Russell. Ser adulto apenas não é mais terrível do que podia ser porque já nos falta menos tempo de vida do que outrora faltou (quer dizer, quando tinhamos 10 anos). Com certeza que não vou fazer seguidamente uma declaração suicida. Nem revelar uma depressão funda e incontornável. Vou só afirmar candidamente que viver é uma violência que impõe grande capacidade de adaptação a toda a gente. Embora, talvez, valha a pena. Com efeito, não me consigo imaginar morta. Portanto, isto não passa de uma reclamação. Estou como que a escrever numa espécie de "Livro de Reclamações" inexistente. O que me faz todo o sentido.
Estou para aqui a divagar, dizendo coisas vagas. Estou, portanto, a vaguear. Daí o título deste post. Sempre gostei de vaguear. O que é quase o mesmo que vadiar. Desde que me lembro de mim com ideias, sei que nunca desejei nada definitivamente. A minha praia é sempre a outra praia. Preciso das chamadas rotinas de sustentação, e no demais quero tudo sempre a mudar. Gosto de chegar, ficar por um tempo para conhecer a fundo, guardar o essencial e, depois, partir. Isto não é muito diferente daquilo que fazem os empresários modernos. Chegar, criar, especializar, desenvolver e inovar para crescer. Este é mais ou menos o percurso de vida das grandes transnacionais. Eu quero ser uma transnacional porque tenho espírito para isso. Trata-se de acumular património.
A auto-estima não pode ser uma realidade estanque. Ninguém está sempre cheio dela. Há quem tenha sempre muito pouca, por outro lado. Eu já fui mais ou menos assim. Já tive pouca auto-estima. Agora penso que isso já não é bem verdade. No fundo, gosto mesmo de mim e acho que toda a gente devia gostar. Because i'm good.