O CIÚME
Tita
30.12.08
Existe, creio eu, uma certa tendência geral para confundir uma monumental cena de ciúmes com uma poderosa demonstração de amor. A mim, as cenas de ciúmes provocam-me poderosas dores de cabeça e monumentais ataques histéricos.
O ciúme não tem nada a ver com o amor. Desiludam-se os ditos optimistas, os egocêntricos, os chamados crédulos, e todos os demais que, por uma razão ou por outra, gostariam que assim fosse. Só para darem um tiro no próprio pé.
O ciúme é uma manifestação de um traço particular da personalidade de uma pessoa: do caprichoso. O caprichoso quer o que quer porque quer. E se não lhe dão o que quer, até é capaz de chorar. O caprichoso decide secretamente sobre os actos que as outras pessoas hão-de ter. Espera, não apenas que se actue em conformidade com os seus desejos, mas inclusivamente, que se adivinhe que desejos são esses. O caprichoso apaixonado é pior do que uma abelha confundida. Mete o ferrão em todo o lado porque acha sempre que são tudo flores. Quem gosta disto devia usar pólen em vez de creme hidratante!
O caprichoso apaixonado não está apaixonado porque é caprichoso. Está apaixonado, mas é caprichoso. O que é muito diferente. O apaixonado não tem de ser um caprichoso. E se não for, não é um ciumento. O azar mesmo é estar apaixonado por um caprichoso apaixonado. Porque o que se gasta em anti-histamínicos não tem conta. Por contraponto, o azar do caprichoso apaixonado é mesmo a crise económica actual, que obriga a uma contenção nas despesas.