MEDIOCRIDADE E OUTRAS SALOIADAS
Tita
14.01.09
Irrita-me que não gostem de mim. Logo eu que sou tão boa pessoa! Tenho de dizer que há sempre alguém que não gosta de mim. Para onde quer que vá. Onde quer que esteja. Depois, também há quem goste muito de mim. O que parece não existir aqui é um meio termo.
Exponho as minhas fragilidades com naturalidade. Logo exponho-me. Não sei. Não quero viver de outra maneira. A exposição solar é perigosa. Toda a gente sabe. Mas viver é, em termos gerais, perigoso, e ninguém se vai suicidar agora por isso.
Acho que era a Maria Filomena Mónica quem se horrorizava imenso com a mediocridade. Nisto estou com ela. Até porque, em geral, os medíocres de coração não gostam em geral de mim. Porque, em geral, eu não sou medíocre. Mesmo que tenha outras coisas de que me deva envergonhar.
As pessoas saloias também não gostam de mim. É este meu ar desempoeirado. É este meu estar à vontade em pleno Palácio de Belém. Nas tintas para os protocolos. Em geral, os presidentes adoram-me! Os guardiães dos protocolos são, na generalidade, intimamente uns grandes saloios. Os protocolos são para respeitar, mas com um sorriso de divertimento disfarçado. Nem os donos das hierarquias acreditam verdadeiramente que detém o poder hierárquico. De resto, um homem ou uma mulher num cargo de poder pode não ter poder nenhum. Aquele que vive nestas circunstâncias é um refinado saloio.