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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CORAÇÃO PARTIDO


Tita

14.08.09

 

 

I'm a fucking heartbreaker. É o que me ocorre no momento dizer. Num momento em que me partiram o coração. É curioso notar que certas afirmações, como esta, que parecem não ter qualquer sentido, têm uma lógica imanente purissima.

 

Como sou especialista em destruir corações, sei tudo o que há a fazer para nunca me deixar ferir com seriedade. Ao admitir que sou uma heartbreaker, tenho que aceitar que, para mim, uma paixão é uma guerra. Deliciosa, mas uma guerra muito séria. É claro que uma pessoa como eu não sabe o que é o amor. Infelizmente, talvez. Sou generosissima de afectos não românticos. Eventualmente para compensar. Provavelmente para descansar a minha consciência.

 

Percebo porque me distrai no momento actual. Eu que só fui apanhada desprevenida quando tinha 18 anos! Julgava que estava melhorzinha das minhas emoções frágeis. Considerei que o momento era bom para retirar o armamento de campo. Fiz como os ingleses. Mesmo em tempo de guerra não dispensei a pausa para o chá das 5. Não concebi que nem toda a gente toma o chá às 5. Ou que nem sequer toma chá de todo. Eu não sei o que é o amor. Não posso, portanto, ir tomar chá à hora tradicional para não ser apanhada distraída. Eu sei muito bem que o chá das 5 é para tomar quando for madrugada, quando toda a gente já dorme. É a hora segura. A madrugada sempre foi a minha hora segura. O tempo de arrumar os pensamentos. Preparar o dia seguinte no meio do silêncio. Para que não hajam interferências.

 

Quando se vive a proteger o coração, não se pode baixar a guarda. O nosso é mais frágil que o dos outros. Nós sabemos isso. Temos que ser muito mais cuidadosos. Não sei porque me pareceu que estava na altura de mudar de vida. Talvez porque recebi provas de amor que me pareceram tão absolutamente irrefutáveis, que acreditei em... mim. Errei. Fora do jogo fiquei sem poder jogar. Não jogando, não soube o que mais fazer. Confundi-me nos actos. As emoções começaram a brotar de lugares que eu já nem recordava. Fora do jogo fiz apostas em nada porque jogava sem estar em jogo. Ficou tudo numa verdadeira desrrumação. A partir daí era a sorte ou o destino e algum talento para estas situações. E o meu coração partiu-se. De novo. Como aos 18 anos.

 

Foi a sorte ou o destino? Não. Foi a lógica. Uma vez descoberto o segredo de quem não pode dar muito e que quer infinitamente mais do que alguma vez será capaz de dar, acontecerá uma consquência. O outro quer partir. E parte, partindo o coração de quem, para estas coisas, até não tem coração nenhum.

 

No entanto, quem se mete com um heartbreaker nunca lhe parte nada sem partir o próprio coração. Um heartbreaker é um heartbreaker. Mesmo quando se deixa ferir, parte sempre o coração do outro. Dá-me alguma satisfação dizer isto. E compreendo como é deprimente. Saber que quem me faz sofrer sofre. Ter a consciência que deixei uma marca profunda. Que enganei os planos do outro quando julgava que já não me amava. Fazê-lo compreender que, afinal, amava. E, no meu entender, não amava, nem ama. Nunca amou. Porque não é possível amar um heartbreaker. Mas deixei-lhe uma  dor funda. Que me dá um certo alívio. Uma marca indelével da minha presença, que me prova como sou importante. Isto mete nojo. Sentir isto, quero dizer.

 

É preciso parar de ser uma fraca! Resolver o problema da carência, da solidão afectiva de outra maneira. Não tenho ilusões. Jamais deixarei de ser uma heartbreaker. Mas, por uma questão de honestidade e mais qualquer coisa, tenho de parar de actuar como tal. Parar de me envolver com as pessoas. Dividir as necessidades por planos diversificados. É verdade. Estou a chegar a conclusões. A retirar ensinamentos.

 

Nem sempre fui uma heartbreaker. Mas tinha tudo para ser. Bastou-me a primeira desilusão grave. Aos 18 anos, como disse. Foi horrível. A dor, quero dizer. Uma dor tão avassaladora que me alterou para sempre. Ali não marquei. Só fui marcada. Hoje ninguém sai daqui sem marcas sérias. É a diferença.

 

Hoje, como na altura, tenho o coração desfeito. De qualquer forma, percebo que era necessário passar por isto de novo. Era urgente voltar a sofrer. Para ver o quanto estava errada. Hoje. Aqui. Agora. Precisava de mudar dentro de mim. Como mudei naquele passado. Tornei-me uma mulher muito mais bonita, mais profunda, mais interessante. Com o desgosto actual estou bonita como já não me via há algum tempo. Também, sinto o eu a dar uma volta na direcção da minha força que descansava. Os pensamentos estão a ordenar-se em direcção a mim. Agora começo a realizar que sempre vou fazer e ser  aquilo que sempre quis. A minha felicidade existe e vai sair das minhas mãos. Porque a minha realização não está em ninguém, mas  naquilo que eu posso dar de especial e unico a ninguém em especial.

2 comentários

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    Tita 08.06.2010

    Obriagada, Mariana,

    Desde a data deste port até hoje algo mudou: já não estou a sofrer por ninguém :)

    Beijinho
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