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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

EU NÃO QUERO... UMA RELAÇÃO AMOROSA


Tita

08.10.09

http://baixaki.ig.com.br/papel-de-parede/11073-amor.htm

 

EU NÃO. Esta tem sido a minha frase guia. Eu não quero. Eu não sou assim. Eu não vou por aí. Eu não. Eu não estou muito bem. Eu não estou com a esperança toda. Eu não gosto da minha vida agora. Eu não quero ir à praia . Eu não quero namorar. Eu não quero ir ao cinema. Eu não quero escrever. Se eu quisesse tudo o que eu não quero agora, queria escrever.

 

Eu não quero o que sei que não quero. Eu sou uma macaca de imitação. Um dia ouvi, ou li (não recordo) que, para se chegar a saber o que se quer, tem primeiro que descobrir-se o que não se quer. Segui por este rumo. Pois então! Pareceu-me boa a ideia. Assim fiz. Hoje tenho uma pasta bem organizada por temas e respectivos assuntos. Chama-se pasta "Eu não quero".  É de boa qualidade e tem bom aspecto. É enorme e está cheia. A pasta enche na mesma proporção em que eu me esvazio. Das pessoas e das coisas. E me encho de solidão. Porque cada elemento da vida que eu não quero, rejeito para sempre. Sem volta. Sem redenção. E sofro mais do que queria.

 

Para mim. Cada experiência é um teste. Cada teste é uma experiência de vida. Para saber o que não quero, eu testo. Eu testo-me também. Por isso tudo acaba por ter um ar tão dolorosamente passageiro. Em qualquer coisa sempre haverá algo que eu não quero. Porque nada é perfeito. E se é a perfeição que eu quero, então eu não tenho nada a desejar da vida. Porque a vida não é perfeita. E eu também não. E se o digo é porque o desejava ser. Perfeita. Verifico a patologia. Só um louco deseja o impossível.

 

A verdade, porém, não é essa. É pior ainda. Eu não desejo ser perfeita. Desejo um mundo perfeito cheio de pessoas perfeitas à minha volta disposta a me aturarem. A isto não se chama sonhar. A isto chama-se sofrer. Não é por acaso que se chega a um dado momento da vida e se está a sentir assim. Sonhar é ver algo quase impossível de alcançar e querer chegar lá. Porque existe uma possibilidade. O meu sonho é conseguir parar de sofrer. É um objectivo muito respeitável, enquanto sonho.

 

Tenho medo de cada coisa nova na vida. Tenho  medo. Sempre que isso acontece, vou à minha pasta do não quero fazer consultas. Encontro sempre alguma resposta que se adapta . E quando (raramente) não encontro, entro em pânico.

 

Não vou tentar dizer o que é sexo da mesma maneira que o fiz antes. Vou explicar o que eu sinto que é fazer sexo. É despir a roupa e o medo. Fechar os olhos colar o corpo e sentir que há um bom bocado de verdade naquilo tudo. Eu não quero fazer sexo que não seja assim. E não faço. Nunca.

 

Não vou tentar dizer o que é uma relação amorosa. Vou, antes, tentar explicar o que eu gostaria que fosse. Seria dar as mãos e sorrir. E nunca as soltar, mesmo quando não é possível não chorar. As pessoas soltam sempre a mão. Há um momento em que é assim. E eu não quero viver uma relação amorosa com quem, pelo menos, tenha pensado em afrouxar os dedos.

 

Não vou tentar dizer para que serve uma relação amorosa. Vou contar o meu sonho: serve para criar no mundo algo de inteiramente novo, perfeitamente exclusivo e que não é uma obra puramente individual. Eu não quero uma relação como todas as outras. Portanto, eu não quero.

 

Eu não quero. Eu não quero. Eu não quero. Assim já não sei o que posso querer da vida porque o que eu quero NÃO HÁ.

 

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