AUTOESTIMA, AMÁLIA, CASAMENTO HOMOSSEXUAL, PROFISSÃO
Tita
03.01.10
O que pode suceder quando uma pessoas se engana? Na profissão, quero dizer. Em princípio uma formação depois do secundários define um caminho e representa uma possibilidade de escolha prévia. Em principio, vamos para o curso de que gostamos. Em principio, isto não é verdade na maior parte dos casos. Mas, também em principio, não constitui grande tragédia porque, igualmente, na maior parte dos casos, as pessoas vão levando as coisas tranquilamente. O importante é ter emprego. E é mesmo.
Mas... e quando odiamos o curso que escolhemos? Em princípio, vamos odiar a profissão que tivermos, se estiver relacionada com ele. Não importa se executamos bem as tarefas profissionais. Importa se não executamos bem as tarefas profissionais. Porque não gostamos mesmo nada delas. É muito dificil fazer por muito tempo o que não se gosta. Há um momento em que o cansaço nos bate. E já não nos importa muito. O resultado do trabalho. O mau resultado. Mas as consequências importam. Vêm juntar-se ao monte. Há um monte constituido pela frustração que depois se acumula com a baixa autoestima.
A autoestima é algo que se tem ou não se tem. Creio que se adquire em determinado momento crucial da vida. Lá muito para trás. Se não foi aí, tudo vai depender do que vier depois. Claro que as grandes realizações pessoais nunca vão encher ninguem de autoestima. Vão só conferir algum contentamento pessoal.
A Amália aguentou o que pôde porque era um fenómeno mundialmente reconhecido. Mas a autosestima que não tinha lixou-a muitissimo. Podia ter sido muito pior para o ser humano que ela era se Deus não lhe tem dado aquela voz.
Também os gays que um dia se viram entre aquele grupo de seres humanos cheios de sorte (aqueles que experienciaram as vivencias certas para andarem na vida cheios de autoestima), também estes gays, dizia, perderam alguma parte desse amor prórprio. Só por serem gays. É verdade, a Amália ganhou alguma autoestima por ser quem era sem o querer ser mas porque Deus quis. E os gays cheios de amor próprio, só por serem gays, em cumprimento da vontade divina, perderam alguma da sua autoestima por serem o que são. Por nascerem com uma característica. Bem sei que não se trata exactamente de um talento. Mas a comparação faz sentido.
O pior ainda são os gays sem autoestima de base. Depois ainda por cima vêm a compreender que são gays. Sem mais, há que afirmar que aqui a vida terá de ser por demais dificil. A menos que sejam gays famosos e bem sucedidos como a Amália foi famosa e bem sucedida. Mas como a Amália não houve outro português. Tão bem aceite no mundo, quero dizer. Mas o António Variações era gay, ao que consta. E tinha Amalia na voz. Como todos nós. Só que uma pessoa sem autoestima que é gay é que está lixada.
Mas ainda mais trágico é ser mulher, negra, gay, prostituta nas horas livres e profissional de alguma coisa que detesta nas horas de trabalho. E pior do que isto é nascer num cenário de guerra e não ter água potável, comida, medicamentos e um rancho de filhos famintos. Pior é morrer de dor de câncro sem morfina pra aliviar. Ir morrendo devagarinho, que é para que nada se perca. Da aprendizagem da dor.
Havemos de ir para o outro mundo cheios de sabedoria. É por isso que aqui estamos, O mundo é um inferno incontronável visto como o globo que inconstestavelmente é. Não importam as Caraíbas e quaisquer pequenos paraisos onde nos recolhemos de quando em vez. Mesmo que as Caraíbas sejam na nossa casa. O mundo como um globo stinks. Não existe, pois, a felicidade global. Só a nano felicidade. A minha, a tua, a dele, a dela, a nossa, a vossa e a deles. Poucos somos. E somos à vez. A maioria dos seres do globo não está bem. Porém, tudo isto corresponde a um plano. Quando morrermos vamos para o Céu. Desde que sejamos bonzinhos aqui na Terra. Este é o planeta do sofrimento. Da expiação dos pecados. Um lugar de transição. Um ponto de escolha dos eleitos. Tudo por culpa de uma cobra, uma mulher e uma maçã. Haja poder! A serprente é venenosa, a mulher é insidiosa e a maçã é boa para manter a linha feminina. Como se vê, e porque estes elementos se mantêm no globo, o globo está na desgraça que está.
Ser bonzinho é fazer bem aos e para os outros. E também tem que saber perdoar. Por isso a mulher e a serprente já há muito que foram perdoadas e as maçãs vendem-se muito. Quem for contra o casamento gay não é bom e não vai, por isso, para o Céu. Os gays são pessoas que também podem não ter autoestima, que se agrava por serem gays, a qual não se repõe porque podem não vir a ser famosos ou bem sucedidos e pode mesmo tornar-se numa tragédia porque podem detestar a profissão que têm. As lésbicas também devem poder casar porque são mulheres e, como disse, já estão perdoadas.
Detestar o trabalho que se faz é algo ruinoso do ponto de vista espiritual. Sobretudo quando se sabe que existem coisas para fazer que poderiam dar grande prazer e, por consequência, um grande contributo para o bem comum. Cada contribuição é uma parte do todo sem a qual o todo não está completo e perfeito, como se sabe. Dai que todos perdemos com tantas pessoas desaproveitadas que por ai há. Não é so o frustrado que se lixa, pois então. Embora se lixe infinitamente mais do que os outros e o mundo vai girando porque as pessoas não falam entre si. Não se confessam. De contrário, 90% da população mundial acordava para uma realidade inaceitável.
Eu sou contra concordar ou discordar com o casamento gay/lésbico. Eu não tenho nada a ver com isso. Ninguém tem. Na verdade, ninguem tem nada que ver com o casamento de ninguém, à parte dos directamente interessados. É por isso que o casamento homossexual tem de ser legal. Temos de lembrar que o casamento heteressexual é legal. Por outro lado, ninguém vai dizer às pessoas não homossexuais para ser casarem ou deixarem de o fazer. É problema delas. Assunto privado.
Os heterossexuais não têm que se arrepiar com os casamentos dos homossexuais. Porque não são obrigados a ir à boda. E também não vão ser pedidos em casamento. Parece-me que os heterossexuais são contra o casamento dos homossexuais porque é o principio da igualdade que está em causa. Ora, os heterossexuais têm medo de vir a ser iguais aos homossexuais.
Em conclusão, os gays são pessoas comos as outras que detestam o trabalho que fazem, têm problemas nas suas vidas amorosas, doenças e azares de toda a espécie. Coisas do mais heterossexual que há. Ora, tantos empurrões no amor proprio das pessoas pode atirá-las para as drogas, para o crime ou para a depressão. Especialmente se forem gays porque são grupo de risco no que toca à possibilidade de contrairem problemas de autoestima.