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CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

CAFÉ EXPRESSO

"A minha frase favorita é a minha quando me sai bem"

FODER OS ESTADOS


Tita

28.07.10

 

 

 

Com excepção dos excertos do "Azul" (que, como informei, não voltarei a publicar) e de uma ou outra estória, venho aqui conversar essencialmente sobre temas em que ando a pensar no momento. E, no momento, ando a pensar em vários temas ao mesmo tempo. Dever de gratidão. Lealdade. Lucidez. Ansiedade. Incerteza. Tudo "estados" meus. Penso neles. Nestes meus "estados". Penso também em algumas pessoas que conheço que são ou se comportam nos antípodas destes "estados". Estão no "estados" opostos, portanto. São precisamente elas que me fazem pensar. Ando então a pensar em falta de gratidão, deslealdade, confusão mental, calma e certeza. Vejo isto e vejo a injustiça. Não é justo que me obriguem a gerir e a aplicar os meus diferentes "estados" num confronto de um contra vários. 

 

A propósito, declarei recentemente ao meu terapeuta que estou como um Estado em reconstrução depois da guerra da independência. Recuperação do património cultural, reconstrução dos edifícios económicos e sociais, reorganização das forças armadas, estabilização das fronteiras, e tudo o mais que é suposto fazer em semelhantes circunstâncias. Estou cheia de um um sentido patriotico de mim mesma que me foca num determinado rumo que é um desígnio universal do meu próprio espírito. Já institui a necessidade de visto de entrada. E, em quaisquer circunstâncias, não são concedidos vistos indefinidos. Há um tempo de permanência. Um tempo que pode ser prolongado, de acordo com a minha decisão unilateral tomada casuisticamente. Hoje, estou um pouco como a Sérvia. Em breve estarei como a Alemanha. Quando chegar ao momento "em breve", irei rever as minhas posições quanto aos limites temporais para a estadia de "estrangeiros" e poderei considerar alianças estratégicas com os "parceiros internacionais" que me pareçam interessantes do ponto de vista do mérito.

 

Não culpo ninguém de ser o que é. De andar a correr atrás dos seus próprios interesses. Mesmo quando é claro para a minha lucidez que tais interesses são desinteressantes para os que correm interessados. Não me culpo de não fazer a vontade aos interesseiros do meu património emocional, ainda que façam beicinho. Sempre achei que era interessante reflectir sobre o que me interessa e pensar pouco em termos do meu interesse. Há uma espécie de "mão invisível" no mercado daquilo que importa na vida, mas que funciona com o estimulo oposto ao da teoria de Adam Smith. Ou seja, se cada individuo não procurar satisfazer exclusivamente o seu interesse e partilhar com os demais aquilo que valoriza, pensando no bem comum, aumentará a produção do valor humano que lhe é essencial para viver melhor.

 

Sigo agora os conselhos de alguém para não ser tão cifrada a escrever. É melhor meter por aqui dentro experiências pessoais. Senão ninguém se identifica com isto. Faz-me sentido. A identificação de quem lê é necessária se me importa a partilha. Defendo a partilha. Tenho de partilhar então. 

 

Há um conjunto de pessoas que me querem orientar para fazer o que eu não quero. Se eu não soubesse o que quero, não poderia dizer isto. Diria apenas que há um conjunto de pessoas que querem de mim. Basicamente ir para a cama comigo. Penso que não estarei a ser demasiado simplista ao expressar-me nestes termos. Não tem mal nenhum querer ir para a cama com. Até porque a raiz do desejo é sempre emocional. E só por isso tem mérito. Os desejos de cada um são muito meritórios. Mas não têm mais mérito do que o meu "não desejo". É neste confronto que as pessoas deviam tentar chegar a um acordo comigo. Dentro do meu "não desejo" também existe desejo, em alguns casos, e, noutros, o desejo de fazer coisas diferentes de sexo. O princípio é que não desejo ir para a cama com aquele conjunto de pessoas que actualmente desejam ir para a cama comigo. Não importa se sinto desejo sexual, ou não. Importa que não desejo ter sexo com elas. Para cada uma existe uma razão específica. Muito válida. Não estou confusa nem equivocada. Sei o que não quero e porque não quero em cada caso, dado que sei o que quero para a generalidade dos casos ora em consideração.

 

Parei um instante o raciocínio para reflectir. Reflectir é a forma mais profunda de raciocinar. Por isso são incompatíveis. O raciocínio e a reflexão. Mas porque é que anda tanta gente a querer foder-me? A querer foder-me é bem dito porque se a coisa não vai pelo lado carnal, vai pelo outro. O da facada nas costas. Que sempre mete carne e deita sangue. Mesmo que não meta e não deite. Há tantas miúdas giras por aí. Mas  afinal eu sou aqui alguma criatura "maravilhosa boazona não sei das quantas"? E quem garante que sei fazer bem sexo oral, por exemplo?

 

Tenho afecto verdadeiro e profundo por três das pessoas de quem falo. Na verdade, nem queria falar delas. Mas dedico-lhes este parágrafo. Queria verdadeiramente estas pessoas na minha vida dentro de uma plataforma de consenso sobre os desejos. Penso que por amor no sentido mais puro do termo. Quase infantil. E este meu afecto afecta o desejo sexual, pulverizando-o nos casos em que estou a falar. Sei que uma dessas pessoas não vai ler isto. As outras duas talvez sim. Espero que me compreendam. A agressividade deste texto não lhes é dirigida. São pessoas que estão na minha vida. Desejo ardentemente que continuem. No entanto, aqui já não tenho direito a tomar decisões unilaterais casuisticamente. Aqui vou respeitar quem eu sei que me quer bem. Pondero e considero sentimentos.

 

Voltando aos destinatários desta minha agressão publica embutida em texto, escrevo mais um parágrafo dirigido. Em primeiro lugar, peço o favor de não me foderem mais a cabeça, já que nem em sonhos tiveram a possibilidade de foder mais nada. Não que tenham muita capacidade de me penetrarem o cérebro com os seus instrumentos freudianos de trazer por casa. Mas há sempre um desgaste. E nem um pequeno desgate está fácil de gerir com este calor absurdo que se faz sentir em Lisboa. Isto porque, além do mais, tenho muito que fazer. Estou lotada de coisas desgastantes. Não cabe mais ninguém nesta espécie de "saloon" com que actualmente a minha vida profissional e familiar anda a ficar parecida. Sem desejar ser literalmente entendida, mas em termos mais metafóricos, sempre acrescento que é "proibida a entrada a cães e a chineses", como se sabe dos livros do Lucky Luke.

 

E por fim, não tenho nada contra uma boa foda, mas prefiro uma foda boa.

 

Muito obrigada pela atenção dispensada.

 

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